Benjamim é um homem marcado pelo seu passado doloroso, algo que ele guarda para si, dentro da grande geleira que cobre seu coração.
Júlia, a moça doce e sonhadora, sente-se atraída em desvendar o segredo por detrás da frieza do irmão do seu...
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Um bolo de chocolate com granulados coloridos, essa é a minha forma de esquecer a raiva que se instalou dentro de mim depois de ouvir tantas baboseiras.
Quem ele pensa que é?
Ah, eu sei! Sei exatamente quem ele pensa que é; o rei da verdade. Uma piada, só se for!
— Júlia, não acha que já chega? — Sam retira o fio da batedeira que estava na tomada. — O que é essa calda branca? — questiona, com o cenho franzido, apontando para o líquido na tigela.
— Esse era o meu chantilly!! — choramingando, eu o respondo. — Ele não parece mais um chantilly! — Tombo a cabeça para o lado enquanto pego uma porção com a colher.
— Onde pretendia colocá-lo?
— Ah, eu fiz bolinhos!!
— Fez bolinhos? Então por que o bolo grande de chocolate?
— Porque eu quis!!
— Entendi! — Quando pensei que Sam fugiria, ele me surpreendeu arrancando a tigela e a colher das minhas mãos para colocá-las do outro lado. — Beleza! Quem foi?
Sam cruza os braços e recosta na pia, esperando minha resposta enquanto fico confusa com a pergunta.
— Quem foi? — repito confusa.
— É, Júlia! Quem foi a pessoa que te aborreceu?
— Ninguém. — respondo, desviando meus olhos dos seus. Não consigo esconder coisas quando ele fica me encarando desse jeito, como se fosse meu pai.
— Espera que eu acredite? — Balanço os ombros em resposta, como uma criancinha supostamente faria. — Foi alguém da empresa, não foi? É o único lugar que você frequenta ultimamente. Não vou sair daqui até que me diga!!
— Bobagem... quer bolinho sem cobertura? Fica bem gostoso também!! — Afasto-me dois passos, sorrindo da melhor maneira que consigo.
— Tudo bem, se você prefere assim, não vou pressionar, mas se eu descobrir que alguém te tratou mal — Ele aponta o indicador na direção do meu rosto enquanto me olha sério. —vou me meter! Fui claro?
— Viu que o bolo tem granulados coloridos?
— Júlia!! — Sam insiste.
— Tá bom... você foi bem claro, como a água que sai da torneira!!
— Ok! Corte um pedaço grande pra mim, estou cheio de fome!!
Ele se aproxima e puxa a cadeira, sentando-se ali, esperando que eu o obedeça — uma tremenda palhaçada.
Fico com as sobrancelhas erguidas e espátula na mão, esperando Sam se dar conta de que não vou fazer as vontades dele.
— Por favor! — retratou-se, sorrindo. Um típico sorriso convincente que evidencia suas covinhas encantadoras.
