Benjamim é um homem marcado pelo seu passado doloroso, algo que ele guarda para si, dentro da grande geleira que cobre seu coração.
Júlia, a moça doce e sonhadora, sente-se atraída em desvendar o segredo por detrás da frieza do irmão do seu...
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Estou definitivamente de volta, isso seria motivo de felicidade se eu estivesse outra vez naquela época em que a vida me sorria.
Tenho uma família que me espera, apenas por este motivo estou aqui. Não sei como dizer a eles que não pretendo ficar para sempre, irei magoá-los, mas não posso respirar este ar, encarar todas essas pessoas, passar pelos mesmos lugares, é tudo um grande tormento e ele nunca terá fim.
Posso notar a decepção correr pelos olhos de cada um, avisei que não queria comemorações, não posso ser julgado como o vilão dessa história. Apenas não retribuo sorrisos, nem tenho emoções para transmitir, parece que meus pais ainda esperam que eu volte a ser aquele homem de dez anos atrás, cansei de dizer a eles que isso nunca vai acontecer
Minha mãe caminha até mim e, ainda que desapontada, esboça um sorriso amoroso enquanto abre os braços para me receber.
— Filho, sentimos tanto a sua falta!! — Sua voz embargada não passa despercebida.
— Também senti falta de vocês, mãe.
Ela se afasta lentamente e enxuga as lágrimas que escorregam de seus olhos. Meu pai se aproxima e me abraça também, havia esquecido de como era bom sentir o carinho e amor que meus pais têm por mim. O ambiente fica silencioso, estraguei qualquer clima ao chegar, porém, ignorando a vontade de ir para o meu quarto, permaneço aqui, recebendo cumprimentos, abraços e perguntas a respeito do tempo que fiquei fora. Samuel não veio até mim, se está aqui é porque provavelmente nossos pais insistiram, nós nos afastamos totalmente desde a minha partida, nunca recebi ligações, mensagens ou visitas, é como se algo estivesse o impedindo de se aproximar.
— Então, como vai, priminho? — Gael caminha de braços esticados até chegar perto de mim. — Você está um sucesso!! — Seus braços me rodeiam antes que eu possa afastá-lo. — Tão lindo quanto o Samuel!! — completou quando finalmente decidiu se distanciar.
Prendo a respiração por um instante, só para sufocar o desejo de ser rude na frente de todas essas pessoas que nem considero importantes.
— Como foi passar todo esse tempo na Itália? — Ele coloca uma mão em torno dos lábios e sussurra: — Já ouvi falar que têm muitos homens bonitos por lá, isso é verdade?
Fico aterrorizado com sua pergunta, não esperava por algo assim, se bem que; tratando-se dele, posso esperar tudo.
— A Itália é ótima, Gael, e sobre homens bonitos, sugiro que vá até lá descobrir! Se me der licença, preciso falar com meus pais. — Gael mantém o sorriso entusiasmado, já tive a impressão de que nada atrapalha seu humor esquisito.
Os minutos demoram a passar, fico o tempo todo checando meu relógio de pulso, como se eu tivesse algum compromisso importante; coisa que infelizmente não tenho. Prefiro me ocupar com trabalho ou qualquer coisa que seja, só para não ficar mais tempo no meio de tantas pessoas.
