Voltando, de madrugada como sempre, para um capítulo especial em comemoração ao nosso título, e para informar que também te playlist de Talismã SIM, minhas queridas! Ta cheinha de pagode gostoso e na bio esperando para vocês escutarem e seguirem. Beijo, também morro de saudade dessa fic.
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Acho que nunca vivi um período tão difícil quanto esse que passou. Difícil e intenso.
Sempre soube que a maternidade era loucura, o primeiro ano em especial, mas primeiro ano sendo mãe e em época de pandemia, meus amigos, foi uma montanha russa muito louca.
Primeiro que as coisas mudaram muito rápido. Gael nasceu em Novembro, Dezembro fomos felizes, final de ano, viajamos com o bombom que na época ainda era um pacotinho. Janeiro Carioca voltou, Gabriel ficava um pouco menos em casa e ali me vi frente a frente como mãe e senti de fato essa solidão materna que tanto dizem. Surto de um lado, porém, muito gostoso de outro. Me conheci e conheci os quereres dele bem mais. Fomos pegando nossas manias, ficamos grudados, foi uma delicia, apesar de doido.
Fevereiro foi a primeira vez que saímos sem Gael, viajamos, perdemos a vida no carnaval, consegui lembrar que além de mãe, eu ainda era a Izabela.
Porém, a felicidade durou só até o dia 26. Após isso, tudo fechou, máscaras pra todo lado e medo literalmente de sair no portão. Demorou pra ficha cair, pra aceitar, pra entender esse novo normal.
Porra, até ano retrasado estava pulando de desfile em desfile, de estádio lotado em estádio lotado, abraçando desconhecido a cada gol nos bares, sendo feliz naquela final de Liberta, e agora...
Além dessa loucura toda que estava rolando lá fora, aqui dentro de casa estava tão louco quanto. Casamento não era fácil, ser pais de primeira viagem, muito menos, tudo isso em meio a uma pandemia, onde não podemos nem sair de casa pra dar uma respirada, era pior ainda.
Não da pra contar quantas vezes nos desentendemos, como casal, como pais. Duas pessoas com uma criação totalmente diferente, tentando criar um serzinho, era muita doideira.
Nos dois primeiros meses, parecíamos dois estranhos. Não nos entendíamos de forma alguma, mal aguentávamos nos olhar. Isso me estressava, estressava o Gabriel e principalmente o Gael. Mas o amor falava mais alto antes de tudo e quando baixamos a guarda, foram inúmeras conversas para tentar melhorar nossa convivência.
Rolou e rolou muito. Ainda nos desentendíamos, mas a regra era resolver pelo menos antes de dormir. Dormir de cara virada um para o outro, jamais.
Aprendi que mesmo sendo a mãe, nem sempre estava certa, enquanto ele se tornou cada dia mais responsável, assim como eu também.
Como homem e mulher, ainda sentíamos desejo um pelo outro mesmo putos da vida. Esse garoto tinha um poder absurdo sobre mim, mesmo cega de raiva, ainda o achava a coisa mais linda e ele me levava facinho facinho, assim como eu também. Mas confesso que depois que voltamos a nos entender, nem se comparava. Sabia que nossa convivência não seria fácil no começo, mas a intimidade e afeto que pegamos um com o outro, que pra mim já era muito grande, foi absurda. Nos cuidavamos como nunca e era gostoso demais construir um futuro e uma família ao lado de quem a gente ama. Se já não me via sem ele antes disso tudo, agora, era difícil até de imaginar.
- Vai filhão, de qual cor o papai pinta o cabelo? - Gabriel perguntou, mostrando as duas caixinhas para o Gael, que pegou a rosa. - Rosa, meu moleque? Tem certeza? Tua mãe não foi a favor não, ein.
- De nenhum dos dois, para deixar claro. - Ri, enquanto Gael balançava a caixa.
- Boa, moleque. Vai ser rosa então, a feia da tua mãe que lute. - Gargalhei, enquanto iamos lá pra fora. Colocamos o Gael em cima de um tapetinho em cima da grama do quintal e eu comecei a fazer a mistura com pó descolorante.
- Vai fazer charme no seu também, é? - Perguntou, sentando na cadeira.
- É para o seu, bonitinho. Ta bobo?
- Filha, é pra pintar de rosa, não é pra descolorir mais não.
- Que rosa que vai pegar nesse negócio cinza?
- Vai fazer merda, né? To até vendo. - Gargalhei, puxando o pouquinho de cabelo dele, enquanto ele ria e tentava me dar um tapa na perna. Comecei a passar a mistura com o pincel. - Mas mesmo se tentasse, pai não fica feio, né? Cê sabe.
- Menos quando ta de dread. Quase dei um beijo no Gugu quando ele veio aqui cortar.
- Que beijo o que, te dar é um bandão, isso sim. - Gargalhamos. - Mas com trança fiquei charmoso, admite.
- Ficou, de trança eu gostei. - Como o cabelo dele estava curtinho, passei bem rápido e enquanto lavava os potes ali no tanque, ele foi na cozinha e voltou com duas cervejas.
- Valeu, papai. - Ele piscou e sentou na minha frente, enquanto olhávamos para o Gael e conversávamos. O celular dele tocou e nós olhamos ao mesmo tempo, vendo mensagem da Dhio, o fazendo suspirar.
- Ela ainda ta mal? - Ele assentiu, desbloqueando o celular e lendo a mensagem.
- Luan foi cuzão demais, se esforçou pra fazer merda.
- Pô, sei que nessa época está geral entrando em crise. Mas trair é uma das maiores covardias.
- Nem me fala. E pra ela, era esse feio na terra e Deus no céu, né? Ta chateada pra caramba, ainda mais agora, sem poder sair, se distrair.
- Esse feio. - Rimos. - Vou lá com sua criança essa semana, distrair um pouco a bichinha. Mas o que mata é que ele também não deixa ela quieta, né? Pra esquecer assim fica complicado.
- Isso que me da ódio. Não traiu? Não fez merda? Mete o pé agora, ué. Se fosse confusão, que nem aquela nossa vez, pô, até ajudava. Mas ele mesmo admitiu, agora é tchau e bença.
- Aquela nossa vez foi perturbação, né? - Rimos.
- Porra, nem me fale. Você foi muito cabeça dura, cara. Quis me fazer sofrer real, mulher ruim do caramba. - Rimos.
- Tu vive falando isso, queria ver se fosse ao contrário.
- Ia quebrar a casa toda e o cara, filha. Ia nem querer saber. - Rimos.
- Você é péssimo.
- Na época, nunca ia imaginar que estaríamos aqui agora.
- Eu muito menos. Assim como não parece que nessa mesma época ano passado, estávamos quebrando o pau.
- Ih, verdade., né? - Riu. - Aquela época foi foda né, minha preta?
- Provação purinha, meu bem. Destino querendo ver se nosso amor aguentava mesmo.
- Passamos pelo fogo tranquilos. - Rimos e fizemos um toque. - Porra, ta queimando já. - Levantou rapidamente, enquanto eu ria e olhava. Ele foi até o chuveiro ali perto da piscina, tirando o produto do cabelo, enquanto eu preparava a tinta, deixando bem escura. Olhei para o Gael, que brincava entretido e deu um sorrisinho. O bichinho era bonito demais.
Ele voltou a sentar na cadeira e eu fui passando a tinta, deixamos uns trinta minutos e ele tirou, indo para o banheiro ver como ficou.
Sentei ali com meu bombom e deu um cheirinho nele, que se aproximou e começou a brincar comigo.
- Eaí, amor? - Disse, passando a mão no cabelo, que tinha ficado em um tom bem clarinho.
- Que isso ein. Gostoso demais. - Ele riu e assim que Gael virou pra ele, deu um gritinho, animado.
- Gostou, meu moleque? - Agachou perto dele, que deu outro gritinho e abriu os braços, levantando com dificuldade. Nos olhamos com os olhos arregalados e eu o soltei, mas sem distanciar as mãos, caso ele caísse. - Quer vir com o papai, amor? Vem, neguinho. - Gael gargalhou e começou a caminhar, todo desajeitado.
Voltamos a nos olhar com espanto, mas sorrindo ao mesmo tempo. Gabriel o abraçou, assim que ele chegou até seus braços, levantando e o jogando pra cima.
- Que isso, meu moleque. Agora ninguém te segura. - O jogou de novo, que gargalhava alto. Levantei, com os olhos rasos e caminhei até eles. - Ala, como tua mãe é chorona. - Me olhou sorrindo, com os olhos da mesma forma. Ri e os abracei.
- Ele ta crescendo, cara. Ta muito rápido isso, filho, vamos parar.
- É, minha preta. Daqui a pouco é só baile com o papai, fala tu, molequinho. - Gael riu, nos fazendo acompanha-lo.
- Nem pensar, garotinho.
- Mas eu estou em choque também. Já estava na hora, mas quando rola da um negócio diferente, né?
- Pra caralho, eu não esperava nem ferrando. Nosso bombom é esperto demais. - Beijei sua mãozinha.
- Nossa família é foda, né? Puta que pariu. Vocês me fazem muito feliz. - Beijou minha testa, levantei meu rosto e nossos lábios se encontraram, ouvindo outro gritinho do mais novo andarilho.
- Nós somos, não da pra negar. - Ele sorriu e selou nossos lábios de forma mais demorada dessa vez.
Passamos a tarde na piscina, e por isso, Gael ficou cheio de sono, a ponto de estarmos dando mingau pra ele, e o bichinho apagando com a boca aberta diversas vezes. Nós jantamos e enquanto lavava a louça, ele dava banho nele..
Terminei, subi, fui em direção ao banheiro, mas ao passar pelo quarto, ouvi a voz do Gabriel. Voltei, encostei na porta e vi ele ninando nosso bombom, que babava em seu ombro. Assim que ele tentou coloca-lo no berço, recebeu um chorinho manhoso, rindo e voltando a abraça-lo.
- Ama ficar grudado no papai, né? - Riu, acariciando suas costas. - Quando você era mais novo, eu saia pra trabalhar, ficava uns dias fora, quando voltava, tu nem queria saber de mim. Era fechadão com sua mãe, vinha no meu colo na marra, eu morria de ciúme, acredita? Ficava chateadão achando que tu não gostava de mim. Mas da pra entender também, né? Sua mãe é foda, até eu fico colado, no fundo te entendia, meu parceirinho. Você ta lúcido agora, vê seus pais brincalhões por aí e isso sempre fomos mesmo, ela é minha melhor amiga, mas bem no seu comecinho, brigávamos pra caramba. Mas nunca pensei em deixar vocês, viu? Amo ela demais, não me imagino sem vocês não, ia morrer, tua mãe já viu como fico. - Riu, beijou sem ombro de novo e eu dei um sorrisinho.
Assim que ele foi conferir se Gael já tinha pegado no sono, aproveitei para sair de fininho, indo para o nosso quarto. Deitei de bruços e comecei a mexer no celular, disfarçando. Entrei no grupo das meninas e fiquei me atualizando do que elas estavam falando, já que não pegava nele desde manhã.
- Cheia de risadinha pra esse negócio aí, né? - Ouvi a voz dele e o olhei, rindo.
- To falando com um pretinho aqui do Instagram, peraí, amor. - Ele mordeu os lábios, se apoiou na cama e deu um tapa forte na minha bunda, seguido de um apertão.
- Brinca, continua brincando. - Deu mais um apertão, me fazendo rir.
- Gabriel, Gabriel... A gente vai cair na porrada já já. - Peguei o travesseiro do meu lado e joguei na direção dele, que riu e foi em direção ao banheiro, começando a se despir.
Levantei, tirei o shorts e o biquíni e entrei com ele, o abraçando por trás. Ele virou e acariciou meu rosto, selando nossos lábios.
- Eu tenho muita sorte de ter você. - Disse.
- Ih, teu pretinho do Instagram te dispensou? - Gargalhei, apertando sua cintura e vendo ele rir. - Mentira. Eu que tenho, pretinha. Minha melhor escolha, que me deu meu melhor presente. - Sorri e puxei seu lábio, enquanto ele iniciava um beijo calminho, sem segundas intenções. - Estava trocando ideia com ele, inclusive.
- Sobre o que?
- Particular meu e do meu moleque. - Gargalhei, me afastando.
- Tu se liga, ein? - Ele riu. - Dormiu de boa.
- Num ombro desses, quem não dorme, né? - Me puxou de volta, me abraçando de novo.
- Te amo, jogador.
- Ô, Izabela, o que você ta querendo arranjar hoje? - Gargalhamos.
- E eu não falo isso todo dia não, safado?
- Fala, mozão, fala. Eu também amo você, minha preta. - Encheu meu rosto de beijos, me fazendo rir.
- Esse campeonato já é nosso, você sabe.
- Meu talismã vai estar lá, mesmo com nosso azar com o São Paulo todo jogo, sei que dessa vez, meu talismã vai me trazer sorte. - Sorri e o beijei, de forma calma de novo.
Tomamos banho juntinhos, ele saiu um pouco antes que eu, que me enxaguava, e assim que abri o box, o vi na frente do espelho, admirando o cabelo, com a toalha na cintura.
- Pai ficou bonito demais, cê é louco. - Ri, enrolando a toalha no corpo.
- Amor, você vai viajar, é? - Perguntei, fazendo um coque e parando atrás dele, beijando seu ombro.
- Não doida, por que?
- Que malona é essa aqui então? - Passei a mão devagar em seu membro, o fazendo gargalhar alto.
- Pra onde eu vou não importa muito, só quero saber quando vou poder botar minha mala dentro desse avião aqui. - Nos olhamos pelo espelho por poucos segundos e gargalhamos, nos policiando segundos depois pra não acordar Gael, mas ainda rindo baixinho.
- Que moleque do caralho. Me respeita que sou a mãe do teu filho ein, fica falando baixaria pra mãe de família. - Ele riu, mas me abraçou por trás em seguida, me fazendo sentir seu membro um pouco ereto. Me empinei um pouco e ele riu baixinho, fazendo uma trilha de beijos do meu ombro para o meu pescoço.
Conforme sua mão passeava pelo meu corpo, sentia ele ficando cada vez mais excitado, enquanto eu não estava diferente.
Ele passou a mão na parte interna da minha coxa, subindo até a minha intimidade, e eu fechei os olhos ao sentir seu toque.
Como sempre, ele sabia todos os pontos certos para me deixar louca, e bom... Pelo tanto que minhas pernas estavam tremendo agora, funcionava, muit. Virei de frente e rapidamente fui colocada sentada da pia, vendo sua toalha cair e mordendo os lábios. Ele me olhou com a expressão semelhante e abriu minha toalha, a jogando no chão do banheiro.
- Tudo isso e ainda é minha mulher, porra... - Me mediu e eu sorri maliciosa, segundos antes de sua boca tocarem meu seios.
(...)
Era muito louco ver aquele estádio enorme, vazio. Ano retrasado, estávamos começando os campeonatos. Estádios lotados, geral revoltado com o Flamengo, indo em bares, se juntando nas casas pra encher a cara e xingar o time e o Abel.
No momento, estava sim, sentada no sofá, com diversos petiscos e cerveja na mão.
Mas sozinha.
É meus amigos, era feliz e total noção.
Mesmo assim, acho que estava sendo um dos jogos mais angustiantes desde o ano passado. São Paulo, pra variar, estava em vantagem. Mesmo os caras estando extremamente ruim desde o final do ano passado, contra o Flamengo, nada mudava. O que era uma merda, pois nos fazia ficar com um olho em campo, outro no celular para acompanhar o jogo do Inter contra o Corinthians, que estava tão intenso que estava quase arrancando os cabelos.
Musa da FlaTT
Puta merda...
Gol
Gabizão
Anulado
VAR minha porrra
Anula essa merda logo
Uruguaia Furacão
Eu vou passar mal, ein?
Já estou avisando
Izabela
PORRA
gol do São Paulo
PUTA MERDAAAAAAA
Musa da FlaTT
é isso amigas
boa noite nessa porra
sou mãe de dois filhos, entendeu? não posso passar esse tipo de nervoso
Izabela
ANULOU
VAR nunca critiquei porraaa
Gabizão
BOA MEU ÁRBITRO
Uruguaia Furacão
O medo desses caras meterem outro...
Porque estão na sede
Gabizão
Ao contrário da gente, né?
Porra...
Izabela
Cirúrgica
Musa da FlaTT
Altamente perspicaz
Voltei a prestar atenção assim que Rogério substituiu o Gab pelo Pedro, vendo ele sair com a mão na coxa. Fizeram uma amarração com gelo e ele sentou ao lado do Diego, começando a acompanhar o jogo do Inter também.
Entrava nego, saia nego, mas nada mudava no jogo, enquanto o do Inter continuava pegando fogo. O juíz apitou e aí sim me deu aquele nervoso, meus amigos, eu vou morrer hoje, cair durinha aqui na minha sala.
Estavam todos nervosos, inquietos. Alguns, com sorrisinho no rosto, outros, grudados no celular, enquanto Ceni estava sentado, nervoso, só esperando o resultado.
Faltavam poucos minutos para acabar, a probabilidade de termos ganhado era enorme, mas futebol era imprevisível e aprendemos isso na última liberta. Dito e feito. Faltando três minutos para o fim da prorrogação, Peglow mandou por cima do gol, passando raspando.
Por pouco não me deu teto preto, mas aí meus amigos, já era.
É NOSSA!
NOVAMENTE É NOSSA NESSA PORRA!
- CARALHO!! - Gritei, tampando a boca em seguida ao lembrar do Gael dormindo lá em cima. O telefone vibrava, provavelmente com as meninas mandando mensagens.
Foda-se, vou pegar outra cerveja sim! Meu time acabou de ser Octacampeão, porraa!!
Peguei a babá eletrônica e fui lá pra fora, escutando a cidade vir abaixo. Sentei ali perto da piscina, pegando o celular.
Izabela
Gael vai ganhar um irmãozinho nessa porra ein
É CAMPEÃO CARALHOOOO
Gabizão
Irmão e sobrinho, querida
OCTAAAAAAA
Musa da FlaTT
Boa noite só pra quem é OITO patamar tá????
Porra, só queria estar muito louca com vocês agora
Uruguaia Furacão
PORRA, SIM
Izabela
Em meio a insalubridade desse Rio de Janeiro
Beber sozinha é muito triste, que ódio
Um ano nessa merda
NÃO DA NEM PRA DISPIROCAR POR CAUSA DO TÍTULO DO MEU TIME (pela segunda vez seguida, sempre bom lembrar)
Assim que terminei de enviar, ouvi o chorinho do Gael. O que, levando em conta do quanto essa cidade estava na loucura, até demorou
Levantei, deixei a cerveja ali na pia e fui até o quartinho dele.
- Eaí, meu campeão. - Peguei ele no colo, que me abraçou, todo assustadinho. - Vem cá com a mamãe. - Fui o ninando, entrei no quarto e fui para a varanda. Assim que chegamos ali, ele parou de chorar, olhando em volta, mas ainda com carinha de assustado, provavelmente pelo barulho. A maioria das pessoas do condomínio estavam nos quintais e na rua, enquanto se ouvia fogos de longe.
- Ta vendo essa festa toda? Esse barulho todo? É porque nós fomos campeões de novo, meu pretinho. - O balancei, que agora, olhava tudo atento. - Seu papai e nosso Flamengo foram campeões, meu amor. Quando você for maiorzinho e isso tudo passar, o que espero que seja logo, vou te levar muito nos jogos do nosso Mengão, independente do papai estar lá ou não. - Ele me olhou. - É, nosso Mengão sim, meu neguinho. Não vai ter direito de escolha. - Soltou uma risadinha, como se estivesse entendendo, o que me fez rir. Ficamos ali fora por alguns minutos e assim que percebi que ele estava voltando a sentir sono, entrei. Escovei os dentes e deitei na cama com meu bombom, que logo se aninhou no meu peito, todo sonolento.
Essa fase dele, meio independente, se descobrindo, fazendo algumas coisas sozinho, era gostoso demais. E dificilmente dormíamos longe um do outro quando Gabriel não estava.
Cheirei a cabecinha dele e fiquei fazendo carinho em suas costas, mas ainda estava eufórica. Peguei o celular, entrando no twitter e vendo o nome do Gabriel em primeiro lugar nos assuntos do momento. Cliquei e vi um vídeo, aparentemente um ao vivo. Lá vem...
"Ô, seu Galhardo. Seu moleque... Cê tem que respeitar, ô garoto. Aqui pra você ó, cheira aqui, garoto. Seu moleque! Não foi campeão e não foi artilheiro. Beijo!"
Respirei fundo, tentando segurar a risada alta que queria dar.
- Seu pai é terrível, garotinho. Espero que tu não puxe, viu? Não quero ter trabalho. - Falei com Gael, mesmo ele já dormindo. Ri baixinho ainda do vídeo e desliguei o celular, me aninhando com meu pretinho e pegando no sono logo em seguida.
(...)
- Ih, meu amor. Olha lá quem chegou! - Disse, segurando as mãozinhas do Gael e o ajudando a caminhar até o pai.
- Eaí, meu campeão!! - Gabriel sorriu, o pegando no colo e o girando, enquanto ele dava aquela gargalhada gostosa. - Pai tava morrendo de saudade. - Beijou seu rosto. - Tua mãe te trajou direitinho, ein? - Disse, passando a mão na camisa dele do Flamengo.
- Já falei que ele não tem escolha. Flamenguista sim senhor!
- Fla-Santista, amor. - Gargalhei.
- Não escuta teu pai não tá, meu pretinho? - Acariciei seu rosto e Gabriel riu, me dando um selinho.
- Eaí, minha preta. - Selou nossos lábios novamente, colocando a mão na minha cintura. - Queria ter chegado de manhãzinha, pra pegar vocês na cama ainda, mas só saiu depois do almoço. Tava morrendo de saudade. - Acariciou meu rosto, enquanto eu sorria.
- Nós também sentimos. Parabéns, meu amor! - O abracei forte.
- Bom demais acordar octacampeão, falar pra você. - Gargalhei. - To feliz com o resultado? Não. Vencer, perdendo, sempre deixa com um gostinho. Principalmente quando se depende de outro time pra levar, quase me caguei. - Gargalhei.
- Eu percebi, TV tava te filmando assistindo o jogo. - Ele riu.
- Mas foi, levantamos a taça pela segunda vez. E nas duas você comigo, ein neguinha? Meu talismã, eu falo. - Gargalhei, selando nossos lábios.
- Que venha terceira e mais diversos títulos, meu amor.
- Que assim seja, minha preta. No próximo quero meu garotão entrando comigo, ein? Vai ver que loucura que é esse time, filhão. - Fez uma dancinha com Gael, me fazendo rir. - Mas te falar, assim como o primeiro foi por nós, essa foi por nós de novo, porém, com o garotão aqui nos completando e deixando nossa família ainda mais bonita. O amor de vocês é o que me faz levantar da cama todo dia e o que me da o dobro de gás pra correr atrás dos meus sonhos, e quando realizo, é tudo por vocês. - Beijou o ombro do Gael, entrelaçando nossas mãos e a beijando também.
- Eu amo você, garoto! Amo nossa família. Obrigada pelo o que faz por nós. Gael tirou a sorte grande de te ter como pai, e eu igualmente, de te ter como melhor amigo e marido.
- Eu amo você, minha preta. Pra sempre será nos três. Quatro daqui a pouco, falaí, Gaelzinho. - Gargalhei, o beliscando.
- Começa não, ein? - Ele riu e beijou meu pescoço, enchendo Gael de beijos em seguida.
Minha família era foda demais.
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Talismã || Gabriel Barbosa.
FanfictionQuando a intimidade chega, ir embora é uma opção. Permanecer, também. Escolher ficar é para quem entendeu que a verdadeira magia não está no destino, aliás, não há destino; só existe eu e você.O resto é poesia para o nosso amor. Pra nossa dor. Pra n...