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Fazem apenas 4 dias que não vejo Gabriel e estava praticamente entrando em abstinência. Quando falavam que amor era uma droga, fazia todo o sentido. A raiva já tinha até passado, queria ele e só.

Cheguei em casa quase no horário do jogo e com mil trabalhos que trouxe pra casa, já que não estava dando conta de fazer lá. Estava num bloqueio criativo bizarro, minha mente parecia que não funcionava, pesquisava referencias, rabiscava mil coisas e nada me agradava, nada saia. Tomei banho, fiz minha janta e mandei mensagem pra ele.

Iza

Amor... Bom jogo, ok? Eu amo muito você. Estou com saudade...

Essa semana pra ele estava sendo bem ruim. Mídia estava caindo em cima dele por causa da postura em campo, falando que não bastava só fazer gol, tinha que saber agir e se portar perante o adversário e mesmo debochando, sabia que se importava.

Liguei o som, coloquei uma playlist mais calminha, arrumei minha mesa, espalhei meus lápis por ela e ficou ali, só eu, meus papéis, minhas cores e meu processo criativo e só então, começou a fluir.

Já tinha passado da meia noite e comecei a arrumar as coisas, até porque amanhã ainda era dia, porém, tinha gostado dos resultados. Ouvi a campainha tocar e estranhei, pelo horário, indo atender.

- Ué, homem. - Disse, assim que vi o Gabriel. Seu rosto estava vermelho e seu nariz e seus olhos meio inchados. - Entra aqui - segurei sua mão e ele entrou em casa, assim que fechei a porta, me abraçou forte. Retribui, acariciando suas costas e ouvindo ele fungar. 
- Amor... pode chorar, eu estou aqui. - foi só eu falar isso, que senti as lágrimas dele caindo perto do meu pescoço. Ficamos um bom tempinho assim, eu não queria sair dali e aparentemente ele também, que porra de efeito é esse que esse moleque tem sobre mim.

- Eu preciso de você, Izabela. Sério. Falei que ia respeitar seu espaço, mas não aguento mais não, eu preciso de você comigo - Disse, um pouco mais calmo, passando a mão no rosto. - Eu sei que fui moleque, sai feito um bobão de 16 anos nem aí pra nada, mas preciso de você comigo hoje, por favor.

- Me espera no quarto? - Ele assentiu, indo pra lá. Fui até a cozinha, peguei um copo de água, remédio pra dor de cabeça e segui pra lá também, vendo ele sentado, sem tênis, com as mãos no rosto. Sentei ao lado dele e acariciei suas costas, entregando a água.

- Valeu. Estava precisando mesmo. - Se referiu ao remédio, beijando meu ombro e tomando. - Desculpa aparecer do nada, ainda mais nesse estado. Não queria que me visse assim.

- Não precisa se desculpar. - Encostei na cabeceira, ele entendeu o recado e deitou no meio das minhas pernas, me abraçando o encostando a cabeça no meu peito. Comecei a fazer carinho no seu rosto, ele fechou os olhos, retribuindo o carinho na minha coxa.  Ficamos assim por um bom tempo, e cada minuto que passava, mais molhada minha camiseta ficava. Beijei o topo da sua cabeça e comecei a cantar baixinho, vendo ele dar um sorrisinho.

- Assim que o dia amanheceu, lá no mar alto da paixão, dava pra ver o tempo ruir. Cadê você? Que solidão. Esquecera de mim? Enfim, de tudo o que há na Terra. Não há nada em lugar nenhum que vá crescer sem você chegar. Longe de ti tudo parou, ninguém sabe o que eu sofri. Amar é um deserto e seus temores, vida que vai na sela dessas dores. Não sabe voltar, me dá teu calor. - cantava, baixinho.

- Vem me fazer feliz porque eu te amo, você deságua em mim e eu oceano - Cantou, fanho e desafinado, me fazendo rir.

- Eu to aqui com você, sempre vou estar. Não vou embora, a não ser que você queira - Disse, ainda fazendo carinho nele. - Eu amo você, vou estar sempre do seu lado, independente de qualquer coisa. - Ele sorriu, ainda com os olhos fechados.

Talismã || Gabriel Barbosa.Onde histórias criam vida. Descubra agora