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Acordei toda torta na cama da Gabi, quase uma da tarde. O que é justificável, sendo que dormi às onze da manhã. Passei a noite em claro, assistindo filmes e mais filmes, descendo pra beber água, chá, e nada me fazia pregar o olho. Parecia que tinha fumado uma tora enorme de maconha, de tão inchado que meus olhos estavam, e o peso condizia, mal conseguia abri-los. 

Pelo menos tinha acordado me sentindo um pouco melhor, até porque, estava oficialmente desidratada, chorar de novo só depois de muita água. Gabi passou a noite me aconselhando, tentando me fazer melhorar. Até melhorou, mas ainda estava doendo demais aqui dentro. 

A ajudei a fazer almoço, comemos juntas e depois fui embora, em direção ao apartamento. Por sorte, ainda não tinha dado tempo de alugar o meu, então tinha pra onde voltar. Até porque, ficar na Gabi que não dava, a bichinha formando família e eu lá? Daria um jeito, nem que fosse ficar hospedada em hotel. Cheguei em casa às preças, sabia que o jogo já estava terminando e a meta era sair antes que ele chegasse. Não por ser covarde, mas ainda estava cagada demais pra levar uma conversa madura. Porém, o plano da gata falhou assim carreguei as malas até a sala.

 - Iza? - Disse, quando abriu a porta. Rapidamente correu pra me abraçar. Eu fechei os olhos e inalei seu cheiro, mas não retribui.  - Onde você tava? Eu fiquei preocupado a noite e o dia todo, com medo de ter acontecido alguma coisa.

- Estava na Gabi. - Só então ele reparou nas malas, me olhando.

- Ta brincando, né?

- Ué... Não achou que eu ficaria aqui depois do que vi, né?

- Izabela, pelo amor de Deus, não faz isso com a gente.

- Quem fez foi você, Gabriel. Isso é a consequência só.

- Iza, senta aqui, vamos conversar direito.

- Não tem o que conversar. Eu vi as mensagens que trocou com o Wagner. Saber que você ao menos pensou em trocar nós dois por um contrato me doeu. Mas saber que você trocou nós dois por ela, na nossa casa, na nossa cama, foi o fim da merda. - Ele me olhava, estático.

- Puta que pariu... Eu tinha esquecido dessa porra. Amor, você entendeu tudo errado. As duas situações.

- Uma eu li, a outra eu vi. O que exatamente entendi errado?

- O Wagner realmente me propôs o contrato, mas eu nunca aceitaria, só falei pra ele parar de me encher de mensagem. Ontem foi nosso dia, não queria pensar naquilo. Exatamente por não ter aceitado, que Rafaella veio aqui. Entrou em casa, se jogou na cama, quis fazer e acontecer, mas eu novamente não quis. Exatamente por nós, por você. Izabela, eu te amo. Jamais te trocaria por nada, quem dirá por isso. Vai contra tudo o que eu acredito, e contra o respeito que tenho por você. Preta... Tá dificil acreditar, parece história de louco, mas estou falando a verdade. - Ri fraco.

- Eu te peço desde o primeiro dia do nosso relacionamento pra ser sincero comigo, você prometeu que seria, sempre. Pra isso? Essa era sua sinceridade? Me meter gaia no nosso quarto? Na nossa casa? Logo com ela? Ia me fazer pagar de chifruda pra porra do Brasil todo? Eu entendo que sua carreira está em primeiro lugar, e você está certíssimo quanto a isso, tanto que nunca nem foi motivo de discussão. Mas a ponto disso? - As lágrimas começaram a escorrer de novo.

- Amor, amor por favor. Não chora. -Disse, se aproximando de mim, segurando meu rosto e limpando minhas lágrimas.

- Sai, cara - Virei o rosto, me afastando. - Gabriel, eu estou com a cabeça quente, não vai ser legal conversamos agora. Espera a bola abaixar pros dois, depois sentamos e conversamos com calma. Isso não quer dizer que vou voltar atrás na minha decisão, mas somos adultos e vamos terminar como adultos, porque se continuarmos no mesmo ambiente agora, vai terminar em gritaria, e não quero isso. - Me aproximei da porta, mas ele segurou minha mão.

Talismã || Gabriel Barbosa.Onde histórias criam vida. Descubra agora