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Aqui no hotel tinham dois restaurantes, um no subsolo e outro no terraço, que era onde estavamos. Assim que chegamos reconheci que era o Dinner, um restaurante que eu ia direto quando estudava lá em Londres. Era lindo, com uma puta vista. Sentamos ali bem na pontinha, a noite estava meio fria e aqui em cima, mais ainda, tanto que Gabriel sentou até do meu lado.

- Não tenho noção do que eu peço - disse, olhando o cardápio.

- Tu ta com muita fome ou pouca?

- Muita, to até mais claro - eu ri.

- Pede esse Kobe Beef aqui então, é gostoso. - ele olhou.

- Vem o que?

- É contra-filé com molho de Wasabi.

- Molho de Wasabi, garota, quer me matar por acaso? - eu ri.

- Amor, é bom, eu juro. Vem com umas batatinhas, um outro negócio lá mó gostoso, enche pra caramba, confia.

- Você vai pedir o que?

- Filé de costela e fatia de salmão curado - ele me olhou estranho - O que? Já que tem comida japonesa vou pegar né, vai saber quando vou comer aqui de novo - ele riu.

- Ta, vou confiar em você ein - eu ri, o garçom apareceu, o Gabriel pediu o dele e assim que fiz o meu, ele me olhou com a mesma cara que Gabriel tinha me olhado alguns minutos atrás.

- A mulher com o gosto peculiar não tem paz, meu Deus - eu disse e Gabriel gargalhou.

- É que amor, é muito diferente um do outro.

- Mas eu to com vontade. - disse baixinho e ele riu.

- Passou amor, passou, passou, ninguém vai te julgar mais - acariciou meu cabelo e eu ri - Mas vem cá, como que tu sabe que é bom? Já comeu aqui foi?

- Já. Não aqui, literalmente, mas tem um restaurante desse lá em Londres, comia quase toda semana.

- Hmmm, as vezes esqueço que minha mulher é chique e viajada. - eu ri.

- Quem dera amor, eu ia com as minhas chefes, eu era uma ótima profissional, ai elas gostavam de mim e me levavam pra cima e pra baixo.

- Sempre foi, né? - beijou minha mão. - Achei que tivesse ido em algum encontro, sei lá. - eu ri.

- Tu jura que eu passava o rodo em Londres e mais um pouco, né?

- Lógico, nunca me conformo, bonita desse jeito, mano? Eu no seu lugar ia pegar todo mundo, foda-se. - eu ri. - Vai dizer que não encontrou seu namoradinho lá? Tal de Lucas, Rodolfo, sei lá.

- Rafael.

- Esse aí. - o olhei e ri. - O que?

- Você fica bonitinho com ciúme, as vezes. - ele riu.

- Não to com ciúme... só to perguntando, ué.

- Não, garoto, não encontrei com o Rafael lá em Londres... Ele foi um tempo depois que eu voltei.

- Hm...

- E você cismou com ele agora por que?

- Ah, sei lá. Você comentou que ele tava lá, agora falou que tava de date em restaurante chique, liguei os fatos.

- E eu fui ligando os fatos até perceber, fique à vontade pra me esquecer - cantei.

- Vou te confessar perdi meu chão agora, dificil acreditar que você foi embora - continuou e eu ri.

- To com você agora, isso que importa.

- Uma escolha sábia - disse, se fazendo de sério, eu não aguentei e ri. Antes que eu pudesse responder, nossos pratos chegaram, e olha, sem condições esses restaurantes. Veio exatas quatro fatias de salmão, quatro, quatro!

Talismã || Gabriel Barbosa.Onde histórias criam vida. Descubra agora