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- Posso? - disse, me referindo ao lugar vago ao seu lado.

- Deve - disse, meio rouco, indo um pouco mais pra lá, sentei e fiquei encarando o laguinho também.

- Ta aqui solitário por que?

- Pensando na vida só...

- Entendi... Posso ficar aqui com você?

- Pode, pretinha... - ficamos em silêncio, um ao lado do outro. - Cê vai ficar aqui até eu falar, né?

- Você sabe que sim - rimos, nos olhamos, vi que os olhos dele estavam marejados, assim que ele percebeu, disfarçou e voltou a olhar pro lago, e vamos de mais minutos em silêncio. Acho que passamos uns bons 10 minutos, só olhando pro nada, um sem coragem de olhar pro outro, sem coragem de falar o que estava sentindo pro outro. Até que ele suspirou e me começou a falar.

- É que eu não consigo conviver com você, te tratando como amiga, Iza. Já dizia Ferrugem, "como ser o seu amigo, se eu ainda te amoo?" - cantou todo desafinadinho e nós rimos - Não consigo ficar do seu lado sem te tratar como minha mulher, sem te amar, sem te tocar... - disse e eu o olhei.

- Então não fica... - ele olhou nos meus olhos com uma expressão que eu não sabia decifrar, dei um sorrisinho de canto, que foi retribuído. Ele acariciou meu rosto e ficou me analisando por alguns segundos e eu fechei os olhos, sentindo seu toque. Sua mão foi pra minha nuca e me puxou pra um beijo, mais calmo impossível. Parecia que queriamos sentir o gosto um do outro sem pressa, saboreando cada segundo. Meu coração batia forte, rápido. Ficava indignada com o efeito que ele tinha sobre mim, minhas armaduras caíram ali mesmo, que saudade que eu estava daquele beijo, meu Deus. Encerramos o beijo e encostamos nossas testas, dessa vez eu que não aguentei e deixei algumas lágrimas escaparem, ele as secou e selou nossos lábios de novo, eu fiz questão de aprofundar o beijo, ele colocou a mão na minha coxa, a acariciando dando uma apertadinha, me fazendo arrepiar. Minhas mãos acariciavam sua nuca, e nós dávamos umas risadinhas durante o beijo ,tal qual dois adolescentes bestas. Novamente a falta de ar deu sinal e nós nos separamos, mas novamente não afastamos nossos rostos.

- Eu estava com tanta saudade... Puta que pariu - Gabriel disse e eu ri.

- Eu também, meu preto - selei nosso lábios e ele me abraçou, eu coloquei o rosto no meio do seu pescoço e inalei seu cheiro, depositando um beijo por ali, sentindo ele se arrepiar. - Desculpa, tá? - disse, e ele se afastou um pouco, me olhando - Por não ter acreditado em você, por ter feito você ficar mal.

- Você ficou tão mal quanto eu, pretinha. Eu que te devo desculpa, não vacilei, mas dei mole. Certeza que tudo o que você sentiu vendo aquela cena, foi bem pior do que o que senti nesse tempo todo. - disse beijando minha mão. Eu encostei a cabeça em seu ombro e acariciou meu cabelo. - Eu amo você. Muito. Não faria nada pra te magoar, nem pra acabar com a gente.

- Gab... - segurei sua mão - Eu acredito em você. - ele sorriu - Você tava certo quarta, no fundo eu já acreditava, a real é que eu tinha medo de estar acreditando só por não querer enxergar a verdade. - ele ficou me olhando - Você nem lembra que falou isso, né?

- ... Não muito - eu gargalhei.

- Cretino - dei um soquinho no ombro dele - Mas tu falou e é real. É que você sabe como eu sou quanto a isso de confiança, o medo de ser enganada me impedia até de querer te escutar.

- Eu sei, por isso tinha tanto medo de te perder. Sei que tua confiança era algo que se eu quebrasse, não ia conquistar novamente tão cedo, e querendo ou não, na tua visão, era isso que eu tinha feito. Fiquei desesperado, mandando flor, mandando flor e você nem tchum, falei "Pronto, fudeu" - eu ri.

Talismã || Gabriel Barbosa.Onde histórias criam vida. Descubra agora