1 ano depois.
- Pretinha, relaxa, nós vamos ficar bem... Aceita.
- Mas amor... é muito tempo.
- Zabela, é um final de semana só, mulher - riu - Um final de semana que eu não vou ter jogo ainda, ta tudo a favor. É uma ótima oportunidade amor, vai.
- Eu sei, ma
- Sem mais - ele me interrompeu, rindo - Ou você ta com medo de eu ficar sozinho com o Gael??
- Nãão, amor, nunca, confio em você. - aquele silêncio se instaurou por alguns minutos enquanto um encarava o outro.
- Falsa. - levantou da cama e eu ri. - Não acredito que você não confia em mim pra cuidar do meu próprio filho.
- Amor, lógico que confio! Eu só tenho medo de você não dar conta, ué. - ele parou no meio do quarto com a mão na cintura.
- Óbvio que eu dou conta, Izabela. Eu sei que não fico em casa todo dia, as vezes chego tarde ou vou viajar, mas... meu Deus, eu sou um péssimo pai. - eu segurei a risada.
- Amor, você é um pai e um marido maravilhoso.
- Eu sou um pai ausente, amor. Agora você ta aí, achando que não posso cuidar do meu próprio filho pois não paro em casa. Daqui 10 anos ele vai ser um pré adolescente revoltado porque não teve um pai presente na infância, e você já vai ter me largado por um cara normal. - eu não aguentei e ri.
- Homem, para com isso - disse, levantando e segurando o rosto dele - Você é incrível. É um pai presente e Gael te ama, não é atoa que faz festa toda vez que tu chega em casa. E eu te amo pra caralho e não vou te largar por cara nenhum. É só coisa de mãe, a gente tem essa necessidade de ficar sempre perto, protegendo, parece que só a gente sabe cuidar. Nunca passei tanto tempo assim longe do meu bichinho, tenho medo, sabe? É um negócio eu e eu, não tem nada a ver com você, tu é incrível. E eu vou vai, vou. Você tem razão, é uma ótimo oportunidade e sei que nosso moleque vai estar em ótimas mãos, vai nem sentir minha falta, na real - ele riu.
- Agora sim.
- Fez de propósito, né? Ridículo - dei um tapinha no ombro dele, que riu.
- Sim e não. As vezes penso essas coisas real, principalmente quando tem jogo fora, mas é passageiro. E sim, tive que apelar porque sei que é uma puta oportunidade pra sua carreira e não é justo você deixar ela passar. Nós vamos ficar bem, pretinha, e cê vai ver que vai passar voando. - me abraçou.
- Ta... ta bom - disse abraçando ele de volta. - Vou arrumar minhas malas então e falar com o Luan.
- Isso, minha garota. Vou te ajudar - disse, pegando a mala e colocando na cama, deitando em seguida.
- Obrigada, amor, ótima ajuda - ele gargalhou. Fui arrumando as coisas e conversando com ele. Já tinha se passado um ano e porra, que ano louco. Nossas primeiras semanas com o Gael foram bem... intensas. Era tudo muito novo, pouco sono, período de puerpério, com aquela queda de hormônios absurda. Acho que foi a fase mais difícil que passamos em todo o nosso relacionamento, eu estava sem filtro nenhum, Gabriel estava cansado e vira e mexe explodiamos um com o outro, porém, não da pra negar que Gabriel foi um puta companheiro. Mesmo exausto, entendia o porque de eu estar aquela pilha de nervos e por sua vez, tentava me poupar de qualquer estresse. Me deu suporte em todas as minhas crises de choro e me colocava lá pra cima em todos os meus momentos de insegurança. É, acho que não tem outra palavra que defina melhor esse primeiro mês do que intensidade. A partir do segundo mês, começamos a nos adaptar. Nos dias que Gabriel passava o dia fora, assim que chegava, cuidava do Gael pra eu poder descansar um pouco, e nas madrugadas, fazíamos rodízio de tarefas. Ele dava banho, eu de mamar e juntos o colocávamos pra dormir de novo, e assim começamos a pegar jeito. Maternidade ta longe de ser um mar de rosas, a dificuldade de entender que tudo é aprendizado, da lugar pro medo de estar sendo uma mãe ruim, é cansativo, é pesado,da uma puta frustração quando não conseguimos fazer as coisas, enfim, transforma tudo, mas, um negócio que eu posso falar com plena certeza depois desse 1 ano, é que somos pais do caralho. Nós somos completamente apaixonados pelo Gael e realmente mudamos de uma forma absurda depois que ele chegou. Ficamos mais maduros, mais centrados, mais responsáveis, Gabriel fala que nem lembra mais como ele era antes. Consequentemente mudamos bastante como casal, sempre tivemos uma parceria muito boa, mas agora ta absurdo. A chegada do bombom nos aproximou mais ainda. Minha admiração pelo Gab, que já era grande, aumentou, e acho que até o amor. Não me vejo mais sem ele, sem nossa família. Porém, continuamos os mesmo palhaços, zuando um ao outro quase 24 horas por dia, brincando toda hora, falando besteira, Gael que lute pois os pais dele são dois idiotas. Falando nele, não é por nada não, mas meu filho é simplesmente perfeitoh, em todos os sentidos. Ele é super risonho, vai no colo de todo mundo, quietinho. Claro que tem suas horas de birra e choro, principalmente nas fases de desenvolvimento, ou quando estavam nascendo os dentinhos, mas tirando isso, ele é a coisinha mais tranquila do mundo, até estranhava, porque eu tacava o terror, e segundo a Tia Linda, Gabriel chorava mais que um cabrito. Mas enfim, em meio de de muitas crises, choros, sorrisos, alegrias e MUITO aprendizado, estavamos batendo 1 ano. Iamos bater sabado que vem, na real. E em um ano, essa ia ser a primeira vez que ia passar um final de semana longe da minha trufinha. Assim que voltei da minha licença maternidade, tomei coragem e saí da Farm. De início fiquei meio insegura, tinha acabado de ter Gael e não sabia se ia conseguir conciliar tudo, se iam surgir boas oportunidades, e não só surgiram, como surgiram tantas que agora, tinha Luan como meu parceiro pra conseguir administrar tudo. Além de fazer diversas roupas para as rainhas de bateria aqui do Rio, tinha virado estilista oficial da Gloria Groove, o que me fez ganhar um pouco de visibilidade nesse meio, e à algumas semanas, tinha fechado um trabalho com a Ludmilla pra um clipe também, e esse final de semana seria a gravação, onde me chamaram pra acompanhar. Ia ser em São Paulo, eu ia hoje a noite e voltaria domingo à tarde só. Sabia que minha presença era quase fundamental lá, mas fiquei pensando por um bom tempo em pedir só pro Luan ir e ficar aqui, mas não, vou. Além de mãe, eu tenho uma vida fora, tenho responsabilidades e tenho que ser profissional.
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Talismã || Gabriel Barbosa.
FanfictionQuando a intimidade chega, ir embora é uma opção. Permanecer, também. Escolher ficar é para quem entendeu que a verdadeira magia não está no destino, aliás, não há destino; só existe eu e você.O resto é poesia para o nosso amor. Pra nossa dor. Pra n...