14.

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- Ta brava, querida? - Perguntei pra Gabi, assim que sentei no sofá, vendo ela de cara fechada pós almoço, o que era um milagre. 

- Aaah agora você quer falar comigo? Gabigol ta ocupado? - Soltou, segurando o riso, pelo fato de eu pegar o celular de dez em dez minutos pra responder o bonito enquanto comiamos.

- Ta com ciume é gata?

- Eu? Jamais, gata. 

- Pra sua informação, ele tava falando que seu amadinho deu trabalho pra ele ontem.

- Que amado? Jorge Amado morreu faz tempo, flor. Mas realmente, foi do livro dele que veio meu nome. - Piscou e eu ri.

- Você se faz muito de pão, espero que saiba.

- Pois é a imunda falando da suja. - Gargalhei.

- Fica quieta. Na verdade, fica não, me conta o que eu perdi? Que ontem foi chuva de troca de olhar.

- Pior que nada demais, sabia? Ele tentou chegar em mim só. 

- Eai?

- Dei o fora, né? Mesmo ele sendo uma tentaçãozinha. Mas, a gente conversou bastante, gente boa.

- Hmmm, é assim que começa - Ela riu.

- Tu perdeu isso, mas estava ganhando coisa bem melhor, né? - Gargalhei.

- Ai, nem me fala desse erro.

- Erro que você ta doidinha pra repetir.

- Pois estou.

- Aaaah, admitiu, finalmente - eu ri - Cara, o que impede?

- Não é nem muita coisa, mas é que não to afim de sentir tudo aquilo de novo. Esse menino me jogou feitiço, não é possível. Coisa besta de dois meses, que rolou há três anos atrás e até hoje eu não esqueci.

- Aparentemente, ele também não.

- Amiga, ele deve estar querendo um remember só, sexo e tchau, até parece que não conhece.

- Conheço e por isso que digo, ele também não esqueceu. Nunca te falei isso porque achei que vocês não fossem mais se encontrar então não valia a pena tocar no assunto, mas o bichinho ficou na foça quando tu foi embora, viu? Eu voltei pro Rio com você, mas fiquei um tempinho com o Lucas ainda, então ia pra lá direto. E aí ele me contava que Gabriel fingia que tava de boa, mas tava bem na focinha. Saia, ficava com os outros por ficar, bebia o dobro. - Pausou pra ver minha cara, gargalhando.

- Continua, cara. - Ri.

- Enfim, exatamente por conhecer a peça, não acreditava. Mas aí rolou o aniversário do Luiz, eu fui pra Santos, no final de role, todo mundo bêbado na sala, começou a tocar Jorge e Mateus, pra que? Ele começou a desabafar comigo, falou que sentia sua falta, que tinha se apaixonado por você, que não conseguia te esquecer e que tava torcendo pra algum time de Londres contratar ele pra poder te procurar, chorou e tudo.

- Mentira? 

- Juro. Depois nunca mais comentamos sobre, na real, acho que ele nem lembra que isso rolou, mas aconteceu. Ou seja, ele não te esqueceu, se ficou com você é porque ainda sente alguma coisa também, e agora repito minha pergunta, o que impede?

- Ai Gabi... Naquela época eram outros quinhentos, agora ele ta no Flamengo, tem noção disso? A probabilidade dele virar herói aqui é muito grande, e aí já sabe, chuva de mulher, exposição pra caralho e não quero isso pra mim não. Além do fato de que ele namorou, simplesmente, a fucking irmã do Neymar. E eles se falam ainda viu? A filha da mãe ainda é gata pra caralho, convenhamos.

Talismã || Gabriel Barbosa.Onde histórias criam vida. Descubra agora