Capítulo 48 - O Desespero

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Esbarrocar: 1. tombar ou cair, formando barroca ou monte de terra; desmoronar(-se), despenhar(-se).

                                🐰
Kugi:on
Depois que tudo tremeu, eu não dei muito a mínima, as vezes terremotos acontecem aqui, como foi um de baixa magnitude, não deveria me preocupar. Fechei a caixinha e bebi um pouco da água, algumas pessoas chegaram em suas mesas, um pouco afastado da minha área, onde era quase uma área VIP.
Mas um bom tempo se passou e nada dela aparecer, olhei no relógio, já era 22:00 horas, eu fiquei surpreso pelo tempo a que se passou e eu aqui. Então ouvi um casal entrando no restaurante e conversando alto o suficiente para eu ouvir.
- então o terremoto foi mais forte no lado leste da cidade? - eu fiquei atento a conversa, de certa forma, aquilo me chamava atenção, parecia uma coisa importante - o que houve? - o homem perguntou e a mulher respondeu.
- um prédio antigo na rua, desabou, era antigo demais, não tinha as preparações necessárias para um possível terremoto! - eu senti meu corpo gelar e o desespero tomar conta de mim, não pode ser, não....
Eu não pensei e nem vi quando, quando voltei a mim, eu estava na frente do casal e eles me olharam espantados.
- com licença? Poderia me dizer o que houve? - eu estava tremendo e torcendo como nunca, para que seja apenas coisa da minha cabeça.
- um terremoto de escala 3, atingiu o leste da cidade, os prédios são preparados para esse tipo, menos um, que desabou, parece que era um lugar importante... - eu não sabia o que sentir, eu queria me agarrar a qualquer fio de esperança que aparecesse e quando o meu celular tocar, eu levei a mão até o celular e atendi, sem nem olhar quem era, torcendo para ouvir sua voz e dizendo que estava a caminho, que o trânsito atrasou e que ela irá me recompensar depois, mas tudo se vai pelo ralo, quando ouço uma voz grossa alcançar os meus ouvidos.
- senhor Jeon? - eu apertei o celular, como se pudesse diminuir o impacto que a minha mente insistia que viria.
- sim, sou eu... - eu disse em um fio de voz, o casal já tinha saído da minha frente e eu continuei parado, em pé olhando para um ponto fixo no chão.
- senhor Jeon, eu sou o oficial Kim, peço que se aclame, mas houve um acidente e de acordo com a lista de convidados, a sua esposa estava presente, peço.... - eu não ouvia mais nada do que era falado, eu peguei a caixinha da mesa e saí do restaurante atordoado, esbarrava nas pessoas na minha frente, em algum lugar eu escutava a voz do oficial perguntando se eu estava bem e me chamando, eu quero ver, ver com os meus próprios olhos, eu preciso...
Entrei no meu carro e comecei a dirigir, dirigir até o lugar que eu mais odeio no mundo, eu preciso odiar algo, ou eu vou ficar louco!
Assim que eu cheguei no local, não se podia ver nada, várias viaturas e carros de bombeiros, além de ambulâncias, eu desliguei o carro e meus braços desabaram ao lado do meu corpo, eu não tenho força para mais nada. Tomando o resto de coragem que me restou e abri a porta do carro e comecei a andar em direção as faixas, usadas para afastar as pessoas curiosas sobre o assunto.
Levantei a faixa e entrei no local, vários policiais vieram até a mim, segurando em meu peito, tentando me mantendo longe, assim que eu vi parte do prédio completamente esbarrocado no chão e a outra não muito longe disso, senti as minhas pernas cederem.
Os policiais ainda falavam, mas não ouvia eles, até um homem se aproximar de mim e pedir que os outros se afastassem.
- senhor Jeon? Eu sou o oficial Kim, que te ligou - ele segurou em meu braço e me levou até uma ambulância e me ajudou a sentar - o senhor precisa.... - antes dele falar alguma coisa eu interrompi ele.
- cadê ela? - ele segurou o meu ombro.
- tem que se acalmar e....
- onde ela está? Onde está a minha esposa? - ele tentou segurar o meu ombro e eu empurrei sua mão - eu não quero ficar calmo, quero ela! - ele olhou para mim com pesar.
- ainda não achamos ela, mas o carro dela está no estacionamento! - eu senti o choque me acertar de vez, não é uma suposição, ela realmente está aqui, nesse lugar horrível e sozinha, eu a deixei sozinha, meus olhos se inundaram e as primeiras lágrimas desceram pelo meu rosto.
Peguei o meu celular e pressionei o número um, inciando uma chamada para a s/n, o celular ia direto para a casa postal, eu ligava e ligava sem parar, esperando que ela atendesse, por favor, atenda, eu preciso! Eu nunca disse que a amo, que eu preciso dela, que eu quero que ela seja minha para sempre, eu me arrependo, por que eu não disse antes? Por que?
Gritos foram ouvidos, eu levantei a minha cabeça, alguma pessoa foi achada, todos forma em direção a maca, sendo carregada pelos bombeiros, era um homem de meia idade, eu voltei a sentar, meus olhos ardiam pelas muitas lágrimas derramadas.
Passaram se horas, já era de madrugada, várias pessoas foram achadas, umas estavam vivas, outras não tiveram essa sorte, ainda tinha uma lista extensa de pessoas para serem encontradas, inclusive a minha esposa. Estava olhando para um canto fixo, rastros de lágrimas cobrindo as minhas bochechas, eu nem me lembrei de avisar os nossos pais até agora.
- achamos mais um! - o bombeiro gritou, como as outras vezes, eu me levantei e fui até eles rapidamente, os paramédicos vieram e começaram a entubar a mulher, que eu logo reconheci como a senhora Mun.
Diferente da maioria, ela estava acordada, então eu me aproximei dela, algumas pessoas me seguraram, pendindo para afastar e me acalmar, eles só sabem pedir para me acalmar, não sabem da dor que eu estou sentindo, não sabem de nada, só eu sei!
- a s/n, cadê a s/n? - eu gritei, sendo arrastado por dois homens, ela virou o rosto para mim e uma lágrima desceu de seu olho entrando em seus cabelos, acima de sua orelha. Ela tentou falar e um dos paramédicos tirou a máscara de oxigênio.
- ela...cof cof...ela estava...no meu escritório...cof cof - ela falava com dificuldade e tossindo.
- onde fica? - eu disse desesperado, mais uma vez sentindo a dor de saber que ela está mesmo lá dentro, eu não vou aguentar, sem ela, eu não vou aguentar, então por favor, me deixe ficar no lugar dela!
- nos.... fundos...cof cof cof - ela começou a tossir desesperadamente e foi entubada novamente, eu aproveitei da distração, para correr até onde ela falou, na parte dos fundos do prédio, tirando pedra por pedra, as lágrimas voltaram e não acho que vou parar de chorar tão cedo, eu quero vê-la, abraçar ela e dizer que a amo e quero passar o resto da minha vida com ela, eu quero ela.....



Continua...........




Depois da calmaria, sempre vem a tempestade, para que possa voltar tudo ao seu devido lugar de pura paz e felicidades 💕

Eu amo esse Gif 💕 amo esse homem 🤤❣️

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