Capítul0 23 - Rosmarinus, a flor da coragem

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Já havia anoitecido e todos os bruxos se preparavam para dormir quando Sagar ordenou que Daniel Mark enterrasse quatro corpos. Ele chamou algumas pessoas para auxilia-lo na tarefa, estas foram Atheneu Walker, que já o esperava, e Mancha Cinzenta, que prometera ajuda-lo depois de terminar outra tarefa dada por Altanna e Tom.

Sagar mandou que enterrasse na parte de trás do castelo os três corpos de bruxos que apareceram mortos no corredor e o corpo do feiticeiro capturado.

Antes de jogar Isac na cova, Daniel verificou os bolsos e achou um cartão que já tinha visto nos pertences de sua irmã mais velha Elizabeth. Era o cartão de comunicação com uma faixa azul, da Liga Nacional. Quando o reconheceu sentiu-se apreensivo.

− Achou algo de valor? – Perguntou Atheneu ao se aproximar, ele também vasculhava os corpos em busca de itens valiosos ou que o atraíssem, afinal o que um morto iria querer com bem material, não é mesmo?

Rapidamente, Daniel guardou o cartão no bolso e balançou a cabeça em um gesto de negação.

− Não achei nada.

Por sorte, Atheneu era fácil de enganar e Mancha estava muito ocupada jogando o restante de terra dentro da cova de um dos bruxos para prestar atenção na conversa deles. Daniel enfiou sua mão no bolso e apertou aquele cartão com força enquanto tentava se manter calmo.

Havia oficiais da Liga Nacional no Congresso e ele precisava saber quem era e pensar no que fazer caso os encontrasse. Se lembrou de quando viu Isac Kui preso no calabouço, e refletindo sobre aquele momento concluiu que Isac não o identificara, concluiu na base do otimismo, queria acreditar que, ao menos, sua identidade permanecia desconhecida.

Pensou nas inúmeras situações que poderiam vir em um futuro bem próximo e todas pareciam deixa-lo em total desvantagem. Naquele momento, apenas implorava ao universo, ao destino que não o colocasse cara a cara com a irmã. Implorava para não ser alguém que conhecesse.

O som de uma pá sendo jogada no chão foi o que o trouxe de volta a realidade. Atheneu reclamava por ter de trabalhar em algo sendo que não era sacerdote, ele queria sair pelas ruas de Pequim e não ficar cavando cova.

− Queria entender o porquê de eu estar aqui, nem mesmo sou um sacerdote!

− Porque disse que queria ficar comigo, logo vai me ajudar. – Respondeu Daniel, tentando afastar o medo de sua cabeça. Atheneu resmungou, estava completamente irritado com a situação.

− Só estou aqui, pois não tive escolha!

− Não importa! Ande logo e me ajude!

O humor de Atheneu mudou radicalmente quando terminaram, o bruxo adotou rapidamente uma expressão feliz e pura como uma criança. Ele bateu palmas comemorando e disse:

− Ei Dan... Já que acabamos com essa tarefa, que tal sairmos? Mancha venha também!

Rapidamente, Daniel negou a oferta.

− Não vai rolar, meu turno de vigia começará logo. – disse.

− Eu não posso, pois minha vigília também será em breve. – Mancha respondeu.

Atheneu lamentou bastante, mas compreendeu, até porque nada havia a ser feito. Compreendia que eles não eram apenas seus amigos, eram sacerdotes que deveriam se esforçar para proteger aquele castelo, dando suas vidas se necessário. Porém seu coração ainda gostaria de sair acompanhado de Daniel Mark pelas ruas de Pequim...

Daniel tinha outras preocupações para lidar, as questões referentes ao espião davam voltas em sua mente, aquele cartão era um sinal de que deveria achar o próximo antes de qualquer outro bruxo ali e se preparar para eventos futuros. Ficou ansioso.

Avenida dos Feitiços: O Conto do Horror. (LIVRO 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora