Avenida dos Feitiços: O Conto do Horror. (LIVRO 01)

Capítulo 10- O lugar onde residem os segredos

Depois de ter uma conversa inútil com Kevin Taylor, de irritar Luigi com sua insensibilidade e de beber pela madrugada inteira, Hatter ficou com ressaca, mas não teve tempo para se recuperar, pois seis horas da manhã o Líder da Patrulha Urbana Kaien Liccar estaria em sua casa para busca-lo e leva-lo até a reunião. Ele e o soldado Kevin Stuart.

− Olhar para a sua cara logo de manhã realmente não me deixa tão feliz. – Hatter disse assim que encontrou com Kaien na entrada de sua casa.

− Digo-lhe o mesmo chefe, está pronto para partirmos?

− Fazer o que, não é mesmo?! – Respondeu ele, e seguiu em silencio em direção ao carro.

− Bom dia chefe! Tome uma rosquinha! – Stuart disse para Hatter. Ele deu uma para Kaien também.

− Obrigado Stuart! – Hatter agradeceu. – Então Kaien alguma novidade de Gordan?

− O relatório dele chegou, está na sua mesa para você ler.

− E quanto às tarefas que você e Draco executaram ontem? Posso ficar feliz?

Kaien balançou a cabeça num gesto negativo. Hatter se encolheu no banco, frustrado, tinha que apresentar algo na reunião com os anciões que aconteceria hoje. Odiava aquelas reuniões, especialmente quando tinha de enfrentar sozinho os velhos rabugentos. Geralmente Edward o acompanhava, mas ele e Elizabeth não tinham retornado de Ruty.

Aquela era a primeira reunião com os anciões desde o sequestro do investigador Peke. E seu mal humor era evidente. O medo e a raiva nos olhares de cada um dos noves anciões também era. E Hatter enfrentaria sozinho a fúria dos velhos ignorantes. Kaien deixou ele na porta do hexágono e antes de ir embora disse:

− Hatter, nós dois sabemos quem eles vão atacar. Portanto, não deixe.

Hatter ficou em silencio, ele entendeu perfeitamente o que Liccar queria dizer, cada palavra e seu significado.

− Eu sei disso.

Na reunião,  o Líder Geral atentou-se a suas unhas, limpava elas enquanto os anciões gritavam nervosos.

− Se a mídia souber que perdemos um dos nossos em uma operação dessas será devastador! Seremos criticados, críticas de todos os lados! – Um dos anciões gritou.

Ele bocejou enquanto via os velhos surtarem.

− Culpem o líder da operação! – Gritou Jerônimo, o mesmo maldito que o irritou no escritório logo após a operação da Rua Cliver.

− Quem foi que autorizou?! A culpa com certeza é de Kaien!

Hatter olhou para seu outro fiel companheiro, seu guarda-chuva cuja haste tinha uma cabeça de águia desenhada, estava absorto em seus pensamentos, porém sua distração acabou quando ele ouviu alguém lhe designar como culpado.

− Isso é tudo culpa sua Hatter.

Imediatamente ele arqueou as sobrancelhas e olhou diretamente para o falante.

− Kairkar? – Ele disse tranquilo, aquelas ofensas não lhe machucavam. − Estava estranhando seu silencio, mas finalmente abriu a boca para falar merda.

Kairkar era um dos anciões mais influentes daquela mesa, nas reuniões as decisões se dividiam entre pessoas que apoiavam a sua opinião e pessoas que apoiavam o Líder Geral, este último sempre em minoria. O ancião era de uma das famílias mais tradicionalistas do país, os Ksar. Por isso todos os temiam e respeitavam-no. Menos Hatter.

− Ora essa, me respeite seu ordinário! Se você está aí como líder deve a nós e mais ninguém! – Kairkar gritou. − Advertimos-te que Elizabeth Mark não é um soldado digno da importância que exerce, diminua a patente dela como punição por sua falha na missão!