Capítulo 27 - O Grande e a honra

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Quando abriu os olhos, Daniel sentiu que estava em seu subconsciente, pois vira novamente os portões de sua antiga escola na Terra Simples, o céu e o chão todos embranquecidos. Ele caminhou até a quadra, cuja energia emanada estava ainda mais vibrante e potente. Lá dentro o ar era incrivelmente pesado, uma neblina a preenchia. A porta da quadra estava ligeiramente aberta. Foi a primeira vez que acessou aquela parte de si.

Lá dentro, havia outro lugar que continuava sem acesso, esse era o deposito onde ficam guardados os equipamentos esportivos. Na sua época de escola o deposito sempre ficava aberto, mas ali dentro de sua mente ele estava fechado com o auxílio de correntes, e ainda tinha um letreiro com a palavra FECHADO escrito em linguagem mágica. Era dali que saía toda aquela neblina intensa.

Curiosidade é algo que atiça qualquer um e Daniel era um mero mortal que atendeu as tentações, ele se aproximou da porta do deposito para ver o que tinha dentro e assim que a tocou sentiu uma energia poderosa, gigantesca, sombria e capaz de engoli-lo. Gemidos altos ressoaram de dentro, parecia que seus tímpanos iam explodir. Tentou abrir, mas não conseguiu, pois uma poderosa força mágica o puxou para longe da quadra, e foi esse o momento que ele acordou no mundo real.

Quando recobrou a consciência no mundo real, estranhou, aquele não era seu quarto, nem o quarto do Congresso e certamente não era da Cidade Hospitalar, mas pelo menos acordou em um local bastante confortável com um teto que parecia ser feito de tecido do tipo seda e da cor laranja que revestia também as outras paredes. Depois voltou a atenção para seu corpo, estava sentido fortes náuseas, muita dor de cabeça e uma certa dificuldade para respirar.

Sua dificuldade tinha cheiro doce como perfume e mãos pequenas e delicadas, era uma menina que dormia em cima de seu peito. Ela parecia ter menos de dez anos e o cabelos pretos, cacheados e brilhantes. Daniel tentou se mexer e isso acabou por acordá-la, quando seus olhos encontraram os dele, ela assustou, se levantou e gritou:

− Irmão!

Antes que Daniel pudesse pergunta-la qualquer coisa, a garotinha saiu correndo, cruzou a entrada do quarto e desaparecera. Já um pouco melhor, ele conseguiu se levantar, porém suas pernas estavam dolorosas demais a tal ponto que andar parecia ser uma tortura. Sentado, contentou-se em examinar o quarto.

A cama não era muito grande, tinha uma pequena escrivaninha no lado esquerdo e do lado dela tinha um armário, havia uma mochila em cima da cadeira que ficava em frente a escrivaninha, a cadeira era preta e com estofamento vermelho, havia quatro livros grossos em cima da mesa e uma pena de escrita largada sobre eles. O quarto não era tão grande quanto parecera enquanto estava deitado, o que mais lhe chamou a atenção foi um retrato que repousava sobre a mesa, era uma foto dele com Shiro e Maya.

A foto fora o gatilho para que as lembranças começassem a florescer em sua mente, seu confronto com um estranho monstro fedido no calabouço onde Shiro estava sendo mantido, a invasão que o congresso sofrera, os bruxos tentando fugir, Sheilla indo atrás de Hyunna, e finalmente o seu desmaio depois de jogar o monstro de uma altura de dezessete metros. Pensava no que teria acontecido depois de ter desmaiado, será que as duas estariam vivas? E Atheneu? Como estariam os bruxos?

Só uma pessoa ali poderia lhe responder, e ele veio correndo acompanhado da menina que estava dormindo sob o tórax de Daniel. Shiro veio rápido ao seu encontro, estava visivelmente cansado, não usava camisa e seu corpo estava cheio de hematomas e curativos. Quando ele viu Daniel o encarando, levantou os braços e exclamou:

− Está vivo! Eu fiquei apavorado pois você não acordava de jeito nenhum! Mas ainda estou bravo com você, Daniel Mark! Que história é essa de ser bruxo?!

Avenida dos Feitiços: O Conto do Horror. (LIVRO 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora