Capítulo 45 - Venite ad me

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A imagem de uma garotinha lhe entregando água, seus fios prateados o encarando e dizendo coisas que não conseguia ouvir. A voz dela tinha sumido e a dele também. Repentinamente a garotinha se calou e olhou para fora da caverna, depois se virou para ele e disse mais coisas e se despediu, foi correndo para o mato. Deixou Daniel sozinho com uma perna cheia de curativos ao lado de uma fogueira que ela fez para que ele se aquecesse durante a noite.

E mesmo com medo, Daniel adormeceu sobre o calor daquela chama preta aconchegante. Este era mais um sonho estranho que acabou no momento em que ele dormiu sob o calor do fogo.

Quando acordou, ouviu vozes conhecidas.

− Kio, você vai acorda-lo se bocejar tão alto desse jeito! – falou Peke, o fantasma.

− Mas é que estou com sono...

Eles estavam discutindo quando o escolhido abriu os olhos e percebeu que, ainda, estava internado. Já tinha se passado uma semana e ele continuava ali preso aquele quarto torturante.

Os dois perceberam seu olhar e um deles se aproximou, Daniel atentou-se ao cabelo prateado de Kio, ele voava junto da brisa que levantava as cortinas brancas. Foi a primeira vez que prestou atenção no cabelo dela, achou -o lindo.

− Oh! Ele acordou! – Disse Peke. Kio permanecia mais distante, sentada na janela com as pernas cruzadas, observando-o. − Como você está? – Peke perguntou.

− Estou melhor. Mas por que vocês estão aqui?

− Peke queria te ver – Kio revelou − Ele estava preocupado.

Daniel estranhou o fato de que um fantasma podia ficar com vergonha.

− Não é que eu estivesse preocupado! Vim ver se ainda sobrara alguma parte do braço dele que você mordeu!

− Melhor uma mordida do que ele morto!

− Está certo... Parem de brigar. – Daniel pediu, os gritos deles pioravam suas dores de cabeça. Kio bufou, irritada com Peke e disse:

− Bom, ele já está bem, então vou nessa. Tenho que encontrar o Etherion.

Ela se jogou da janela antes que Peke pudesse impedi-la.

− Aquela idiota. – Reclamou o fantasma.

− Ela conseguir soltar dessa altura... – Daniel falou, surpreso. Era uma altura de 30 metros.

− Isso para ela parece centímetros... – Disse Peke. Em seguida ele se aproximou de Daniel e o fitou. – Enfim, cadê a mordida? Deixa-me ver.

Sua pele estava um degrade de cores, as marcas dos dentes de Kio permaneciam num tom roxo escuro, e as regiões vizinhas a ela estavam avermelhadas. Se Peke não tivesse agido na hora em que Kio o mordeu, certamente Daniel teria morrido, pois sua saliva era como um veneno que comeria o recruta rapidamente. Ela jamais teria mordido ele se o fantasma não estivesse lá para prestar-lhe auxílio. O veneno de suas presas era uma arma letal que Kio Korozowa gostava de usar apenas para ferir seus oponentes e presas.

Mas naquela situação, não tinha outra alternativa, seus braços estavam ocupados carregando dois humanos pesados, enquanto suas asas pretas eram ocultadas pelas chamas de mesma cor, se o colocasse nas costas com certeza atrapalharia seu voo. Kio agiu certo, mas o preço foi alto. Porém ela tinha razão, melhor uma mordida do que ele morto.

Peke tinha duas coisas para confirmar com Daniel, a primeira era o estado da mordida, fez questão de checar minuciosamente cada detalhe do ferimento.

− Teve sorte viu? – Disse depois que se deitou na cama. – Se eu não estivesse lá para te tratar na hora, não teria chegado aqui com vida. Você vai sentir dor por um tempo, mas vai melhorar no decorrer dos dias, porém pegue leve nas atividades que for fazer.

Avenida dos Feitiços: O Conto do Horror. (LIVRO 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora