Capítulo 24 - Perpetuo dolore

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Seus instintos berraram, a batalha estava a caminho.

− Merda! Se levantem! Lutem! – Ordenou aos seus soldados. Mas foram poucos que conseguiram corresponder suas ordens, a maioria estava caída por causa do veneno. Os inimigos eram os cidadãos, os agentes do governo, o prefeito e sua esposa, todos erguidos atrás de Mancha Cinzenta e aguardando sua ordem para o ataque.

Foi uma batalha árdua para a Liga Nacional. Kiev entrou em desespero ao ver seus oponentes matando seus companheiros, viu Elizabeth lutando toda desengonçada, tentando ao máximo manter-se de pé. Não tinha dúvidas de que tudo foi uma armadilha, a própria denúncia foi uma armadilha.

Elizabeth derrotou o representante da Liga Branca. No momento em que ele veio golpeá-la, ela abaixou para esquivar e então o acertou com a espada em um movimento ágil partindo de baixo para cima, cortando seu abdômen e indo até seu rosto. Sangue saiu da testa dele, porém tinha uma cor diferente era como um preto metálico. Depois de derrota-lo, ela observou os arredores, os inimigos vinham com força e os soldados mostravam seu valor resistindo a investida com o máximo de poder que suas condições físicas lhe permitiam ter. Todos lutando em um combate brutal exceto Mancha Cinzenta que continuava parada, assistindo a batalha.

Elizabeth tentou pensar em um plano e somente uma alternativa veio a sua cabeça. Sua famosa "carta na manga", sabia que era uma atitude arriscada, principalmente para ela, mas não tinha outra ideia... E mesmo que implicasse em um grande risco de morrer, Elizabeth faria, sabia que precisava fazer algo.

Antes de usá-la, ela respirou profundamente, os sons das lutas ecoaram pelos seus ouvidos, mas não afetaram sua plenitude, estava para fazer um movimento arriscado e o inimigo assistia tudo, não só ele como Kiev que olhava para ela várias vezes enquanto tentava vencer suas próprias lutas. Elizabeth ajeitou sua postura, colocou uma mão por cima da outra e as aproximou de sua cintura e rapidamente seu anel mágico, cuja joia era azulada com leves tons alaranjados, começou a brilhar. Quando o brilho estava bem forte, ela fez sua conjuração:

− Você que é impetuosa destruidora de corpos, protetora dos valentes, serva fiel do Grande, abraça-te minha sina e proteja-me, pois sou valente e sigo o Grande e seus preceitos, seja minha serva, membro dos meus membros...

Pela sua postura, Kiev deduziu seu plano e gritou:

− Não faça isso, Elizabeth!

Mas ela já não podia ouvi-lo mais, estava completamente envolvida em seu feitiço:

− Venha até mim e lute ao meu lado, serva dos servos, Heera!

Elizabeth foi coberta por uma luz dourada e em suas mãos uma enorme lança apareceu. A arma era toda decorada, sua haste era roxa contornada diagonalmente por um fio preto metálico e a lança era de diamante brilhante e transparente. A energia mágica parecia rugir e isso ocultava todos os sons próximos, as vibrações sobre o metal de sua lança se tornaram mais altas. Entrando em sincronia com as batidas aceleradas de Elizabeth. Ou ao menos tentando, Heera era absurdamente poderosa para um mortal manipular. Um precioso presente que ela protegeria até o fim de seus dias.

Nada atravessava seu campo de visão, nada chamava-lhe atenção, tudo o que Elizabeth via era seu oponente. Ela correu em sua direção, ia destruindo cada um dos seus inimigos com apenas o balançar de sua lança, mas isso não parecia assustar Mancha Cinzenta.

Quando se aproximou do alvo direcionou dezenas de ataques rápidos, mas Mancha conseguiu desviar da maioria. Só mais três minutos, contou Elizabeth mentalmente. Seu tempo limite suportando a energia estrondosa de Heera era apenas 5 minutos. À medida que o tempo passava, as dores voltavam, a tontura piorava.

Avenida dos Feitiços: O Conto do Horror. (LIVRO 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora