Avenida dos Feitiços: O Conto do Horror. (LIVRO 01)

Capítulo 42 - Em Kobe

Algo neste caso não cheirava nada bem e Kio refletia sobre isso enquanto estava sentada junto de Kaien Liccar no bar da tia Petúnia que ficava próximo a casa dele. Eles estavam desfrutando de uma boa bebida após um fim de mais um dia de trabalho.

A ausência de pistas era intrigante e perturbadora. No dia posterior ao ataque ao trem de Kiihydra, Kio farejou o local onde o trem foi abatido e não encontrara nada, os rastros deixados pelo cheiro de Shiro se misturaram ao odor de combustível e se perderam quando atingiram a estrada de terra na floresta de Aomora a 124 Km de Sidartutina (destino dos soldados de Kiihydra no dia). A partir de Aomora, Kio não conseguiu identificar mais nada e isso era surpreendente. Lhe impressionava que seu olfato, 100% sensível a qualquer odor, estava sendo detido... sendo que, usualmente, até um pequeno rastro de cheiro ela conseguiria identificar sem problemas, mas naquele dia nada.

− Kio? – Kaien a chamou, ela estava distraída enquanto eles conversavam no bar. Ele lhe contava sobre como estava estressado, principalmente com o início das preparações para o festival de fim de ano.

− Desculpa, não tenho interesse em festivais. – Confessou, sincera como sempre era. Kaien não esperava algo diferente. Então ela pegou a garrafa da bebida do duende (é uma famosa bebida que dizem ser capaz de congelar o cérebro caso seja tomada em um gole) e se serviu.

− Está pensando sobre o caso, né? – Perguntou ele. Kaien a conhecia muito bem, ao ponto de saber o que ela pensava, mas não todos os seus segredos, estes somente Draco Roy, Peke e Naoki Tsugumi conheciam.

Em resposta, Kio cruzou as pernas e demonstrou sua insatisfação. A falta que Peke lhe fazia a deixava irritada, o fantasma carregava uma parte dela consigo, uma parte importante e não o ter junto dela fazia com que o buraco em seu peito só crescesse e lhe deixasse fraca.

Estava se sentindo bem fraca esses dias, mesmo que pessoas avulsas não fossem perceber, e ela sabia que era por causa do sumiço de Peke, não só ela como Naoki e Draco estavam aflitos por causa disso.

− É estranho... – Sussurrou, Kaien se atentou a ouvi-la. Ela começou a enumerar com os dedos todas as coisas que ia dizendo: − Esse grupo capturou Peke, roubou bastante dinheiro para poder comprar máquinas de transporte e alterar o mecanismo delas, tem tido apoio de pessoas que já estiveram no governo ou trabalhando para ele, além de ter manipulado a Liga para destruir um dos maiores Congressos bruxos que já existiu; O seu objetivo é invocar um demônio impossível de ser invocado, ela vem nos atacando e mostrando para os bruxos o que ela faz, como se quisesse incitá-los a aderir a causa. Se, algum dia Mancha anunciar a primeira caçada aos feiticeiros, não vou ficar surpresa. Mas esse caos todo contra nós poderia ter algo a ver com a invocação do Horror? Peke é um ser espiritual cheio de energia mágica que pode ajuda-la, mas de longe é o suficiente para o ritual de invocação... Quais seriam os outros ingredientes que ela possui? Estariam os soldados de Kiihydra mortos? O que mais Dogeto fez por ela?

− Se os soldados de Kiihydra estiverem vivos, eles podem ser mortos como um símbolo para começar a primeira caça aos feiticeiros, não acha?

Kio balançou a cabeça, discordando.

− Se fosse algo tão simples assim, Mancha já teria feito, ela está expondo seus feitos contra os feiticeiros para gerar indignação entre os bruxos, para fazer com que eles queiram lutar. Sheilla Metias fez um excelente trabalho criando um Congresso tão popular, serviu como esperança para eles por um tempo. Me falta informações para poder chegar e dizer o que penso sobre os motivos dela ter destruído o trabalho árduo da própria irmã e da avó. – Kio agitava o copo, olhava para a azeitona que mergulhava dentro de sua bebida enquanto contava sua opinião – Eu não acho que o Congresso tenha sido parte do seu plano para trazer o Horror de volta.