Capítulo 12- Bruxos entre nós

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Sheilla parecia ter previsto que ele viria, pois não demonstrou reação. Seu curto cabelo castanho estava penteado e preso por presilhas que tinha o formato de folhas prateadas, usava luvas de couro preta e uma saia comprida, ela tinha um olhar sereno e misterioso que fez com que Daniel se questionasse se podia confiar nela ou não. Sheilla Metias soltou uma curta risada, e subiu a escada em direção a entrada da biblioteca sem falar nada com ele, mas quando estava para entrar na biblioteca disse:

− Venha. Eu vou te ajudar.

Eles desceram até a ala secreta, passaram na frente da secção da Liga Nacional. Não havia ninguém lá ainda, eram os primeiros a iniciar o turno de trabalho. Sheilla balançava as mãos enquanto caminhava, um movimento que fazia as luzes do local se acenderem sozinhas. Ela o guiou para andares ainda mais inferiores, mais distantes do que Mark já tinha conhecido no dia anterior. Quando chegou em um quarto, estalou os dedos para que a porta se abrisse e o local se iluminasse. Então disse:

− Primeiro você precisa estudar a magia, compreendê-la e só depois disso que vai descobrir-se um jovem bruxo, que não pode ter posse do que não é seu. − Graças à iluminação, Daniel pode observar o lugar onde estava, era mais uma sala cheia de caixas abertas e com cheiro intenso de poeira. Ele tampou o nariz para não o respirar o forte odor. − Dan, bem-vindo ao almoxarifado, guardamos muitos de nossos pertences aqui dentro. − Disse a bibliotecária.

− E conseguem achar algo? Porque está uma bagunça...

− O caos é onde nasce a magia, a ordem que é engano, não gera as coisas, ela as estagna. Bom, aqui vai a sua primeira lição.

Sheilla estalou os dedos novamente e uma esfera transparente apareceu em sua mão.

− Essa esfera tem a capacidade de armazenar energia, ela é feita de minério mágico. Se você concentrar sua magia enquanto estiver segurando-a, a sua energia passará para ela. Observe.

Ela o ensinou como fazê-lo. Quando Daniel o fez, a esfera transparente refletia um brilho violeta claro cujas ondas de luzas rodopiavam tal como orbitas em torno de um núcleo branco.

− Force mais, coloque mais magia aí dentro. – Ordenou a bruxa.

Daniel rangeu os dentes até que o brilho foi tão poderoso que ofuscou o brilho das luzes da sala. Satisfeita, Metias sorriu e falou:

− Isso aí. – Ela movimentou o braço sentido esquerda para a direita e a esfera desapareceu. Daniel ficou ainda mais confuso após ouvir o comando dela. Ele tinha de procurar pela esfera.

− Espera como assim procurar? Onde?

− Não sei, mas a esfera está em algum lugar em Sede City, procure-a e traga para mim. Tem até o final do prazo do almoço.

− Espera, mas como que vou encontrar uma coisa dessas? Sem pistas nenhuma?!

− A energia mágica que está na esfera é a sua única pista, procure-a e você vai acha-la. Agora vá.

Mark não entendeu nada, ficou se perguntando se tinha sido uma boa ideia se revelar tanto a uma mulher estranha. Mas não lhe restava outras alternativas que não fosse confiar nela. Seu pesadelo da noite anterior o traumatizou tanto que sentiu que surtaria a qualquer instante. Além dos medos rotineiros que o deixava neurótico. O medo de sofrer retaliação, de ser morto pelos próprios parentes, medo de ter que abandonar sua vida.

Mas mesmo que fosse pequeno, Daniel ainda tinha um otimismo dentro de si, afinal se Sheilla conseguiu se adaptar no mundo dos feiticeiros, então por que ele não conseguiria?

Este era um fio de esperança tênue que o jovem escolhido desejava com toda as suas forças que se tornasse crescente e que o preenchesse. Ele pensou que à medida que fosse tendo a ajuda de Sheilla, este sentimento de esperança e de coragem fosse absorve-lo ao ponto de ser tudo o que sentia, assim sua auto- confiança cresceria também. Por isso não fugiu, mesmo que sua mente paranoica criasse diversas teorias com resultados catastróficos, ele ainda segurou seu pequeno fio de esperança e aceitou as tarefas impostas por Sheilla.

Avenida dos Feitiços: O Conto do Horror. (LIVRO 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora