A chuva caía sobre um enorme castelo abandonado no meio de uma floresta. A construção esquecida pelo restante do mundo funcionava como uma prisão para o fantasma Peke, que estava dentro de um cubo preto que funcionava como uma espécie de vácuo. Essa foi uma das formas como Mancha conseguiu mantê-lo preso.
Primeiro tinha sido a gaiola mágica sugadora de energia, que mais parecia uma gaiola onde se prendia, covardemente, pequenas aves. Se ficou preso nela 2 semanas foi muito, Peke forçara sua quebra enviando tanto poder que a prisão não pode contê-la; depois Mancha selara o quarto inteiro, mas o fantasma ainda assim não foi contido; e agora o cubo dimensional que absorvia sua energia mágica. Mancha disse isso a ele, mas Peke não acreditou e debochou, chegaram a apostar que ele ficaria preso ali. Peke disse que conseguiria fugir em uma semana e mesmo perdendo a aposta, ele não deixou de debochar, debochou várias vezes, afinal, debochar é de sua natureza.
Mas mesmo assim, Peke não parecia assustado diante de seus inimigos, pelo contrário, fazia diversos comentários ácidos e provocativos, se divertia muito irritando as marionetes amaldiçoadas e debochando de Mancha Cinzenta. Podia ter uma faca contra seu pescoço que ele ainda ridicularizaria a situação e tiraria boas piadas dela.
Mancha jamais tirou a máscara diante dele e também parecia se divertir com a petulância do sequestrado. Ele a subestimava e ela não se importava quanto a isso, ela tinha uma confiança gigantesca que mantinha a sensação de onipotência erguida em seu semblante independente de qualquer provocação.
Mesmo aprisionado, ele ainda conseguia ouvir o mundo exterior, ouviu as marionetes que estavam tão vivas quanto pessoas perambulando pelo recinto e conversando entre si.
− A tal biblioteca foi destruída! – Disse uma delas, eufórica.
− Em breve o sonho da senhora Mancha se realizará e seremos humanos de verdade! – Dissera à outra. Na hora que ela disse isso, Peke soltou uma risada que foi ouvida por todas. Uma delas se aproximou do vácuo e disse:
− O que disse, estranho?
− Oh me desculpem, podem continuar falando, amo ouvi-las falar sobre coisas impossíveis, uma dica para quando serem humanas é contar lorotas como essa, funciona e muito para ser o palhaço de algum circo! – Disse ele. As marionetes se entreolharam, confusas, não conseguiam discernir o real significado das palavras de Peke. Então começaram a debater entre si.
− Bom se eu me lembro bem, li nos livros sobre palavras da mestra e dizia que lorota é como se fosse uma mentira ou um conto de fadas.
− Tipo histórias para dormir? – Perguntou a outra.
− Sim, exatamente!
− Então... Ah! Estas duvidando da Mestra, seu verme podre?!
As marionetes voltaram-se para a cela cúbica onde estava Peke, estavam furiosas agora que entenderam o que se escondia por trás de seu deboche. Elas respiravam brutalmente, mas o fantasma não se acovardou, pelo contrário ele continuou sua fala.
− Vocês são marionetes amaldiçoadas, o sonho de vocês é falso. Tudo o que vocês sentem é falso, é fruto da imaginação de sua mestra.
Peke tinha conseguido irritar todas as marionetes. Tudo o que elas queriam era ser de verdade, ter carne e osso ao invés de madeira e metal, Mancha as prometeu isso. E elas ficaram furiosas ao vê-lo desdenhando de seus sonhos, começaram a bater na prisão onde estava o fantasma, batidas fortes que se preponderavam para dentro do vácuo. Batiam sem parar e gritavam ofensas a ele. Mas o fantasma não se importava com nenhuma delas.
O estrago seria pior se Mancha não tivesse intervindo. No mesmo instante em que apareceu, as marionetes fugiram, se recolheram para os buracos das paredes rapidamente, entrando neles tão rápido quanto baratas.
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Avenida dos Feitiços: O Conto do Horror. (LIVRO 01)
Mystery / ThrillerA Liga Nacional é uma entidade governamental responsável por zelar a segurança pública da Avenida dos Feitiços, uma nação poderosa do mundo mágico. Ao longo de sua história, passaram-se diversos oficiais famosos, como Charles Mark, que apesar de est...