Avenida dos Feitiços: O Conto do Horror. (LIVRO 01)

Capítulo 40 - Uma noite em D.E.L.O.S

Nas sextas feiras, Kaoru atendia um paciente pela madrugada, era uma velha amiga e antiga membra na Liga Médica, seu nome é Christine Almanca – a mãe de Shiro. Christine é uma portadora de uma doença que ataca seus rins, sendo necessário acompanhamento médico pelo menos uma vez ao ano. Todavia, Kaoru fora a doutora que acompanhara seu caso. As duas se conheceram a muitos anos e participaram da criação da Liga Médica.

− Graças aos deuses, seus rins estão funcionando muito bem!

− Oh, isso é tão bom! Obrigada Kaoru! Tenho buscado ajuda de espíritos naturais então me sinto feliz de ver que está dando resultado.

− Nem eu mesma acreditava que rituais de espíritos fosse funcionar, estou realmente surpresa e feliz por isso. – Kaoru soltou um pequeno riso enquanto colocava sua xícara contendo um chá de ervas do pântano na mesa – Uma boa notícia no meio de todo esse pavor. – Disse ela após beber o chá, imediatamente a expressão no rosto de Christine mudou, seu olhar se tornou triste e sem brilho, cada curva de seu rosto demonstrava sua aflição de mãe com medo de ter perdido o filho. Kaoru se arrependeu de ter falado isso, era um momento inapropriado e trouxe peso na conversa com sua amiga. Então ficou em silencio enquanto tomavam chá. Christine foi quem reiniciou a conversa:

− Então você soube sobre meu filho...

− Christine, eu ... – Kaoru quis encontrar palavras para conforta-la nesse momento, mas julgou que lhe faltava sentimento ou compreensão sobre as dores de uma mãe (mesmo que a própria fosse). No final, optou por palavras que julgava comuns de qualquer um falar: − Shiro é um garoto muito forte, eu sei que ele está vivo. Por isso que não deve perder a fé.

− Eu sei, afinal ele é meu filho, um Almanca. – Respondeu Christine com um sorriso sincero. – Por falar nisso, como está a sua filha?

− Mitou está bem, ela terminou o treinamento com o Rinko e já a coloquei para trabalhar no hospital, se tornou médica residente logo que o ano começou.

− Isso é incrível, minha filha Érica começará em breve também, espero eu. Na verdade, ela decidiu estudar as artes médicas da Terra Simples primeiro, é residente em um hospital de lá.

− Érica como sempre muito esforçada, mal posso esperar para ver os frutos que ela colherá no futuro.

Na hora que Christine foi embora, Kaoru a acompanhou e aproveitou para conta-la sobre as mudanças que planejava fazer na Cidade Hospitalar. Tinhas planos de criar mais prédios, novos equipamentos, entre outros projetos que fascinaram Christine. Kaoru ficava toda orgulhosa ao descrevê-los, a Cidade era seu refúgio, seu templo, uma fuga do seu passado que vivia tentando esquecer.

Enquanto conversavam sobre o futuro, Kaoru ouviu o alarme ecoar, sinal típico de uma emergência e as duas correram para a sala de cirurgia. Não soube o que tinha lhe chocado mais quando entrou lá: se era o rosto aterrorizado de Luigi ou a situação crítica a qual Maya Albuquerque estava, seu corpo carregava queimaduras horrendas, seus olhos arregalados.

− O que aconteceu com essa menina?! – Gritou Kaoru, esperando que alguém pudesse lhe dizer, mas ninguém sabia ao certo. Maya parecia ter sido exposta a uma alta descarga elétrica, mas não sofrera todos os danos que, normalmente, uma vítima sofre, porém, seus machucados eram incrivelmente graves, sua carne estava exposta por vários pontos, ver aquilo era torturante. Os médicos não sabiam como agir.

Foi a primeira vez desde que se tornara Líder Geral da Liga Médica que Kaoru Tsuchigomo se questionava se seu conhecimento bastaria, se saberia como fazer o coração de Maya voltar a bater.

Ele tinha parado e sua maior dor era pensar se Luigi percebera. Estava de mãos atadas, não queria dar a notícia de que o inventor tinha perdido sua filha, pois sabia que ele não suportaria. Seu olhar desesperado e seu choro estavam vívidos em sua mente, aquilo lhe destruiu, porque sempre se lembrava dos seus dois filhos e de seu marido. Essas emoções lhe nocauteavam sempre, devido a isso Kaoru tomou uma decisão arriscada. Mas não tinha outra ideia além desta.