Capítulo 38 - A escolta do Bruxo Vampiro até o Inferno

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A última manhã de Sheilla Metias foi marcada pelo final do inverno turbulento da Avenida dos Feitiços. O início do outono era recebido com muita alegria por todos os civis, pois era época em que os preparativos para o Grande Festival começam. Todos estavam empolgados, menos aqueles que estavam sentenciados e aguardavam a conclusão de suas sentenças dentro das celas frias de Kiihydra.

Sheilla vivia sua última manhã, tivera direito ao seu último banho, tomara seu último café (e até que ficou tranquila, pois ele era horrível), recebera suas últimas roupas limpas. De certa forma, tudo lhe pareceu novo e ela estava, de acordo com os guardas, assustadoramente plena. Mesmo sabendo que morreria ali diante deles, enforcada, numa morte cruel e desesperadora, ela não estava desesperada, nem triste.

A sentença seria realizada ao meio dia. Draco a buscou em sua cela. Ele suspirou fortemente, odiava aquilo com todas as suas forças.

O julgamento não aconteceria em Kiihydra, mas sim no Palácio da União diante da Grande Corte. Draco e Sheilla não conversaram durante o percurso, ele deixou para dizer a ela o que queria no momento em que estivessem sozinhos. Este momento seria quando Sheilla estivesse esperando ser chamada. Numa sala vazia sem um lugar para sentar, diante das fotos dos grandes deuses e do rei.

Ela ficou de pé diante da cortina azul que marcava a entrada por onde os presos deveriam passar para acessar o tribunal. Ele entrou no salão de julgamento para anunciar sua chegada, era seria a prisioneira de número 33 a ser julgada.

− Você vai ser a próxima. – Disse quando voltou. Então se encostou na parede e voltou ao silencio. Foi a vez de Sheilla quebra-lo.

− Por que que você se prestou a me guiar?

− Não deixaria outro qualquer fazer isso, você sabe que os guardas não te tratariam com decência. Cuidei para que, pelo menos, seu último dia fosse pacífico.

− Ah sim, obrigada Draco. Me daria água, por favor?

Ele arrumou água para ela rapidamente e quando voltou, ela disse:

− No final, você não é tão ruim quanto achei que fosse, só está no lado errado.

− E existe lado certo?

− Existe. – Ela respondeu, bebeu a água e voltou para ele com um sorriso. – O lado certo é o lado que tranquiliza nossos corações.

Seu sorriso puro foi como uma facada no peito de Draco. Lhe doía acompanha-la em seus últimos momentos. Sheilla tomou toda a água num único gole e disse:

− Sabe, meu pai me contava muitas histórias sobre você, ele disse como te encontrou nos escombros de uma vila destruída, como você era estranho e como protegeu nossa família quando nossa antiga aldeia foi destruída. Você era o melhor amigo dele. Ele contou a mim e minhas irmãs como que você salvou nossa família quando os Hoozuki atacaram o vilarejo onde ele morou na infância. Hyunna me contou como morreu por nós, selando sua mãe e seu irmão naquele dia, junto do meu avô. Você e meu avô lutaram bravamente, Hyunna sempre disse isso, meu pai também. Então eu não tenho ódio de você, percebi isso enquanto refletia sobre o Draco Roy amigo de Pietro Metias nesses dias.

Uma lágrima escorreu pelo olho de Roy, ele estava se segurando muito enquanto ouvia Sheilla falar.

− Porém você ainda é um idiota por ter feito um pacto de cavalheirismo com um deus, mas no final, sinto que se fui compreendida por alguém, esse alguém foi você que desistiu de tudo por um bem maior. Você me manteve viva também, sempre deu um jeito de fazer isso. Então muito obrigada, Draco. Eu não estou arrependida, apenas triste por não poder viver mais o que o universo me mostrou em tão pouco tempo. Mas está tudo bem. Draco, eu espero que o universo te compense também.

Avenida dos Feitiços: O Conto do Horror. (LIVRO 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora