Capítulo 16- Medo do Escuro

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Alguns dias haviam se passado desde que Sheilla largara Daniel no Congresso sob os cuidados de Hyunna Livrannas. A princípio, movido pelas palavras de Sheilla que lhe transmitiam confiança, ele acreditou que estava fazendo a coisa certa para si.

A ideia de ter um novo lar pelo menos enquanto estava treinando para se adaptar a nova vida lhe pareceu sensata, o que não esperava era que isso fosse se tornar seu cativeiro. Hyunna o deixou lá, e apenas Sagar Elvim aparecia ali para treiná-lo e trazer-lhe comida.

Daniel não contestara isso nos primeiros dias, ele não achava que devia contestar ou se exaltar frente a pessoas tão intimidadoras, afinal não as conhecia e se elas fizessem algo contra ele? Poderia morrer... Apesar de não achar que Sheilla deixaria ele ali para a morte.... Sim, certamente ela não deixaria para morrer... Será?

A paranoia o engoliu e no sexto dia de cativeiro ele perdeu o controle.

− Quando eu vou poder sair desse quarto? – Perguntou no momento em que Sagar se virava para a saída.

O olhar gélido da bruxa congelou toda sua espinha, ela respondeu secamente:

– Quando a anciã permitir.

E ela saiu deixando-o no escuro. A situação ali era tão estranha, não conseguia se sentir seguro, mesmo que Sheilla tivesse lhe assegurado que estava tudo, que não havia motivos para se preocupar, não tinha como calar a chama da calamidade que crescia em seu coração. Sentia a morte a espreita, sentia seu cheiro, seu bafo, sentia ela sempre, e parecia que Sagar estava apenas esperando o momento para deixar a morte entrar para pegar a alma dele num piscar de olhos.

As noites eram piores, não havia uma iluminação se quer dentro do cativeiro e o coitado tem fobia do escuro, aquele não era seu quarto, era um espaço novo e sem um pingo de luz e a única vida é a dele. Se sentiu aturdido, encolheu-se na cama. A escuridão lhe trazia desespero, medo e uma enorme vontade de chorar. Nesses momentos vinha a sua mente a frase de Sheilla "Acalme-se. Tudo vai ficar bem, não tem com o que se preocupar" junto de seu sorriso leve e de certa forma acolhedor, e ele as repetia até pegar no sono.

Daniel concluiu 10 dias sem questionar ou ser rude com Sagar. 10 longos dias em que sua mente lhe levou ao limite mais rápido que um jato. O som da porta, Sagar Elvim entrando e deixando a comida fria sobre a cama, ela estaria rindo dele mentalmente? Rindo idiota que caiu na pegadinha? Essas perguntas e o sons de risadas, o escárnio rondava a mente dele.

− E o que preciso fazer para que Hyunna me deixe sair? – Perguntou no momento em que ela entrou. Seu peito arfando a cada batida do seu coração amedrontado diante da frieza de Sagar. Ela deu de ombros, colocou a comida na cama e disse:

– Me impressionar seria uma boa, feiticeiro.

Ela balançou o dedo médio e o indicador e isso fez com que Daniel levitasse, batendo suas costas no teto com forma.

− Conte sobre o nosso deus. – Ordenou. Ele grunhiu. 14 metros acima do chão, a sala não parecia tão grande no primeiro dia. Tinha que se manter sustentado com auxílio da magia e responder as perguntas.

− Ele é energia, o universo onde vivemos! – Gritou, estava com dificuldade para pronunciar algumas das palavras. Sagar caminhava de um lado para o outro observando atentamente o aprendiz. – Magia é a essência do universo e nós somos parte dela!

Ela soltou um curto sorriso, mas ele não vira, pois estava com os olhos fechados tentando conter a dor de cabeça que surgia em sua cabeça. Sagar movimentou seu dedo médio e o indicador e isso fez com que a magia em torno dele se esvaísse, fazendo-o cair.

− Labor (Planar)! – Gritou Daniel, fora rápido suficiente para impedir uma colisão, então consertou sua postura e parou de pé.

− Muito bem – Sagar elogiou, satisfeita. Então fez a próxima pergunta – A lição do universo é?

Avenida dos Feitiços: O Conto do Horror. (LIVRO 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora