Capítulo 36 - Achei você

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Com as malas prontas, Esmeralda já sentia as boas vibrações que essa viagem transmitiria à sua filha, tinha certeza que ajudaria e muito em sua recuperação. Mas também se preocupava com Daniel, pois o deixaria sozinho e para um coração materno não importa a idade do filho, deixa-lo sozinho é sempre motivo de preocupação.

− Escute Daniel! – Disse ela. – Deixei muita comida congelada na geladeira, quando você estiver com fome é só descongelar e qualquer coisa já avisei Lorena para lhe ajudar, então é só ligar para ela. Entendeu? Ligue para ela ou para mim!

− Sim... Sim... – Repetia ele, várias vezes. Elizabeth se aproximou para apressa-la.

− Vamos mãe. Daniel qualquer coisa ligue.

− Tá bom. – Disse ele.

Eles se despediram e Daniel esperou até que o carro cruzasse a esquina para dar início ao seu plano. Era hora de voltar no tempo.

Agora só com um morador, a casa dos Mark estava vazia e silenciosa. Do jeitinho que ele, um apreciador do silêncio, gosta. Respirou bem fundo, tomou um pouco do café e chamou por Esther, mas a pequena bruxa não respondera, provavelmente ela devia estar acordada em sua realidade. Mas mesmo sem ela ali para dar-lhe apoio e instruções, Daniel sabia o que tinha de fazer.

O primeiro passo era invocar magias de proteção por toda a casa e dessa forma evitar qualquer acontecimento indesejável. Isso era algo que não só a própria Esther tinha o aconselhado, como também estava redigido nas instruções da magia, sob a forma de uma advertência quanto aos perigos que um corpo desacordado poderia sofrer. Enquanto estivesse com a mente e alma materializadas no passado, o corpo de Daniel estaria inconsciente em seu presente. Sua mente e sua alma se uniriam sob a forma de um corpo reserva, um corpo de energia sólida que duraria o tempo que a areia na ampulheta caísse. Por isso era bom escolher um local seguro.

Agora protegido, não havia obstáculo nenhum para lidar. Correu para o quarto e pegou o equipamento para fazer a magia, retirou o livro que estava escondido embaixo do colchão de sua cama, a ampulheta que estava escondida no interior de seu guarda roupa junto do seu uniforme de sacerdote. Ele levantou a cama do quarto para ter mais espaço e fez um círculo mágico com seis pontas.

Daniel admirou-se por conseguir fazer um círculo mágico tão bem feito, pensou que certamente sua mestra Hyunna ficaria orgulhosa disso. E quando pensou isso, sentiu-se ainda mais nervoso, pois iria encontra-las, todos seus companheiros bruxos que haviam sido mortos ou capturados. Isso deixava-o tenso, pois voltaria para aqueles dias consciente do que aconteceria no tardar.

Com o círculo finalizado, ele posicionou a ampulheta no centro, vestiu seu uniforme e se sentou de frente para ela. Foi nesse momento que Esther apareceu.

− Uhuul cheguei a tempo! – Comemorou. Daniel sorriu e disse:

− Achei que você não chegaria.

− Fiz o meu melhor, pois confesso que estou ansiosa! É a primeira vez que verei alguém usando magias de volta ao tempo, minha mãe sempre fala que essas magias são perigosas. Você se lembra das regras?

− Sim, a primeira é que não posso mudar o que já está feito; a segunda é que não posso ficar de frente comigo mesmo; e a terceira é que tudo que está no passado deverá ficar no passado, ou seja, nada de trazê-lo para o presente.

− Muito bem! – Disse ela enquanto aplaudia. − Eu vou fazer o meu melhor para ficar de guarda e proteger seu corpo enquanto sua alma se materializa no passado, mas qualquer coisa te acordo.

− Certo, obrigado Esther.

Esther sentou na cadeira que ficava próxima da mesa onde, usualmente, Daniel colocava seus cadernos e livros da academia. Ela se calou e o observou fazer o ritual. Ele juntou as mãos e começou a pensar no Congresso, tinha que reunir todas as memórias para servirem de guia ao encantamento. Feito isso, girou a ampulheta sentido anti-horário quatro vezes e recitou o encantamento:

Avenida dos Feitiços: O Conto do Horror. (LIVRO 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora