Depois do almoço, enquanto voltava para casa com Sofia, após ela ter aceitado a voltar a trabalhar comigo, não conseguia deixar de pensar no quanto ela era diferente das outras mulheres que conhecia.
O fato de eu ter conseguido me abrir com ela, enquanto falávamos sobre os meus filhos me assustou, eu nunca havia falado sobre aquilo com ninguém antes. Na verdade, eu não era muito de dividir os meus sentimentos.
Parei o carro no semáforo assim que o sinal ficou vermelho. Rapidamente, olhei de relance para Sofia, que estava sentada no banco do passageiro ao meu lado. Não havíamos trocado nenhuma palavra depois que saímos do restaurante e enquanto esperávamos, ela parecia alheia, olhando para os outros carros que paravam junto a nós.
Não conseguia tirar da cabeça o jeito que ela ficou tímida quando chegamos ao restaurante, diferente dela, a maioria das mulheres que conhecia se sentiriam bem à vontade em um lugar como aquele, mas ela pareceu se sentir deslocada.
Admito que apesar de jovem –Segundo sua ficha, ela tinha apenas vinte e dois anos- Sofia era uma moça atraente e pelo que pude notar, muito simples também. Ela usava jeans e uma camiseta preta básica, desta vez seus cabelos estavam soltos e batiam na altura da cintura. Achei bastante curioso o fato de ela gostar de usar botas, qualquer outra mulher da idade dela não abriria mão de sapatos de salto alto:
― Senhor Beaumont? –Sofia me chamou timidamente e eu a olhei de relance, sem tirar os olhos do caminho.
― Me chame de Oliver, está bem? Afinal, não sou muito mais velho do que você. –Disse a fitando e ela pareceu ficar desconcertada quando meus olhos encontraram os seus.
― Eu só queria agradecê-lo por me dar outra oportunidade, o senhor não faz ideia do quanto esse emprego é importante para mim.
― Por favor Sofia, já falamos sobre isso, a verdade, é que você nunca deveria ter saído daquela casa. –Ela se manteve em silêncio- Quero que me perdoe, não deveria ter falado com você daquela forma.
― O senhor já se desculpou, além disso, águas passadas, certo? –Ela me lançou um sorriso descontraído. Seus lábios possuíam um rosa natural, que de certo modo, traziam harmonia ao seu rosto.
― Certo.
Depois de estacionar o carro na garagem, descemos. Enquanto caminhávamos até a entrada, não pude deixar de notar o quantos as curvas de Sofia, eram realçadas pelo jeans que ela usava.
Quando abri a porta, vi que Estevan e Elena estavam na sala, assistindo televisão, mas quando viram Sofia, vieram correndo animados em sua direção:
― Sofia! Você voltou! –Elena pulou em seus braços e Sofia a envolveu em um abraço forte.
― Oi linda! Como vai?
― Bem, senti sua falta! –Elena disse a abraçando mais uma vez.
Uma certa melancolia me invadiu, sabia como meus filhos deveriam sentir falta da uma figura materna em casa.
― Senti sua falta também, caipira. –Estevan a abraçou timidamente. A amizade que parecia ter sido construída entre eles em tão pouco tempo me surpreendeu.
― Também senti sua falta, meu camisa dez! –Sofia piscou para ele, bagunçando seu cabelo.
Estevan era um bom garoto, mas depois que a mãe foi embora, ele se tornou um menino arredio. Nós dois acabamos nos distanciando e vê-lo daquele jeito com outra pessoa, era um grande progresso.
Ver meus filhos daquele jeito, me alegrou e eu comecei a sentir uma certa compaixão por Sofia, afinal, ela era o motivo de tudo aquilo estar acontecendo.
Sem interrompê-los, segui pelo corredor em direção ao meu escritório.
― Pai? –Me virei e vi Estevan logo atrás de mim.
― Oi filho... –Sem me deixar continuar, ele apenas correu até mim e me abraçou. Senti meu coração apertar, fazia muito tempo que meu filho e eu não nos abraçávamos.
― Obrigado por ter trazido a Sofia de volta. –Ele dizia, seus braços enroscados na minha cintura.
Levantei uma de minhas mãos e toquei seus cabelos.
― Me desculpe por ter falado com o senhor daquele jeito, eu... –Ele levantou seus olhos para mim.
― Está tudo bem, Estevan. –Ele se soltou de mim e depois de me lançar um sorriso, seguiu pelo corredor.
Aquele abraço me fez perceber o quanto eu havia perdido nos últimos anos, mas como Sofia mesmo havia dito, só eu seria capaz de mudar aquela situação, afinal, ainda não era tarde demais.
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A Babá dos meus Filhos
RomanceSofia é uma moça de Goiânia-GO, que ao ganhar uma bolsa de estudos de 50% na PUC-RIO se muda sozinha para o Rio de Janeiro para cursar a tão sonhada faculdade de Psicologia. Para conseguir continuar seus estudos e se manter na cidade, Sofia começ...