Capítulo 84 - Sofia

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Quando despertei, pisquei os olhos algumas vezes, até minha vista se acostumar com a escuridão do lugar em que estava.

Estava deitada em um colchão no chão. Com um certo esforço, consegui me levantar, me recostando na parede para não perder o equilíbrio. Minha cabeça doía e eu ainda estava meio zonza.

Levei minha mão a minha testa, respirando com uma certa dificuldade e notei ali a presença de um galo enorme.

O cômodo em que estava era escuro, haviam pequenas brechas na parede, pela qual entravam alguns raios de sol, mas não o suficiente para o clarear totalmente. As paredes estavam sujas, dominadas pelo musgo e, em um canto, havia uma poça de água, provavelmente da chuva, já que algumas telhas pareciam estar quebradas, exatamente ali.

Aos poucos, comecei a me lembrar de tudo o que havia acontecido: A conversa que havia tido com Wilson Nunes, as revelações que ele havia me feito, o carro atravessado no meio da pista, minha cabeça se chocando contra o painel, Ariovaldo, armas, o sequestro. Relembrar tudo aquilo me fez sentir um desespero enorme e eu corri até a porta e comecei a gritar por socorro, na vaga esperança de que alguém me ouvisse e de que me ajudasse.

Ainda gritava, quando a porta se abriu lentamente e eu dei um passo para trás, completamente muda, observando a figura parada diante de mim:

― Brian? –Gaguejei, ainda sem acreditar que era ele que estava ali.

― Você pode gritar o quanto quiser Sofia, estamos no meio do nada, ninguém vai te ouvir aqui. –Ele disse em um sorriso sorrateiro.

― Por favor, me deixe ir. –Implorei, o pânico crescente em minha voz.

― Deixar você ir? –Ele arqueou uma sobrancelha para mim, me rodeando- Você descobre o meu maior segredo e você ainda acha que eu simplesmente vou te deixar ir?

― Como você soube? –Perguntei, a voz falha.

― Tem uma pessoa naquela penitenciaria que me devia um favor, ela me avisou que você havia aparecido lá para ver o Wilson, que a estas horas, já deve estar sendo enterrado como indigente.

Engoli em seco, completamente petrificada no lugar:

― Se eu descobri, mas pessoas vão descobrir. –Sussurrei.

― Fazem treze anos desde que tudo aconteceu e ninguém, nem mesmo a polícia suspeitou de mim, você foi a única Sofia e quer saber, eu admiro essa coragem e determinação que você mostrou ter.

Brian colocou suas mãos nos meus ombros e eu suspirei, o medo dominando o meu corpo:

― Você é tão linda, uma pena as coisas terem que acabar assim. –Ele murmurou, próximo ao meu ouvido e eu senti todos os meus sentidos serem despertados.

― Eu não vou contar nada a ninguém. –Menti, na esperança de que ele acreditasse em mim.

― Não vai mesmo? –Ele se moveu, parando diante de mim- Algo me diz que você vai me entregar para a polícia na primeira oportunidade que tiver.

― Não, não vou. –Disse, minha voz desaparecendo.

― Prefiro não arriscar –Seus olhos verdes me fitaram violentos- Por mais que minha vida esteja uma merda, ainda é muito melhor do que ir para a cadeia.

Fiquei em silêncio, meu coração batendo forte. Brian segurou meu queixo, me fazendo olhar para ele:

― Você é uma garota especial Sofia, é diferente de todas as outras mulheres com as quais já sai. –Ele murmurou, encarando meus lábios- Talvez nós possamos nos divertir um pouco, antes de eu finalmente te matar.

A Babá dos meus FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora