O dia realmente havia sido muito exaustivo, logo pela manhã viajei para São Paulo, onde me encontrei com alguns clientes, que queriam que eu os ajudassem a ganhar causas bastante complicadas na justiça. Apesar de estar ultrapassando o meu limite, eu não poderia negar aqueles pedidos. Todos eles eram clientes muito antigos, desde o tempo do meu pai e confiavam unicamente em mim para ser seu advogado.
Agora, já dentro do meu jatinho, voltando para casa, estava mais tranquilo. Apesar de todo o trabalho e de todo o cansaço, lembrar que iria ter um jantar romântico com Sofia, pela noite, me acalmava.
Eu estava tão apaixonado por ela. Desde que ela havia surgido em minha vida, eu havia me tornado uma pessoa melhor, a convivência com meus filhos havia melhorado e era claro para todos o quanto eu estava feliz.
Sofia era uma mulher encantadora. Ela era doce, meiga e sua inocência a fragilizava de tal forma, que o meu único desejo era protege-la.
Ultimamente, eu vinha passando mais tempo na casa dela, do que na minha própria casa. Quando estávamos juntos, sentia uma paz indescritível, estar com ela me deixava tranquilo, porque sabia que ela estava bem e segura e, enquanto eu estivesse por perto, sabia que não deixaria que nada, nem ninguém, a machucasse.
Depois que cheguei ao Rio, pedi que um táxi me buscasse no aeroporto e no caminho para casa, tentei ligar várias vezes para Sofia, para saber a que horas poderia buscá-la para jantarmos, mas só dava na caixa de mensagem. O mais estranho, é que ela havia visualizado uma mensagem que havia mandado mais cedo, mas por algum motivo, não havia respondido. Talvez seu celular só estivesse desligado ou sem bateria, pensei.
Decidi dar um tempo, sabia que assim que visse minhas ligações ela me retornaria, não queria fazer papel de namorado grudento.
Quase uma hora depois, chegamos a minha casa. Paguei o taxista e desci.
A casa estava silenciosa, já se passavam das sete horas da noite e estranhei o fato de as crianças não estarem na sala, geralmente elas assistiam televisão naquele horário:
― Senhor Oliver! –Dona Ana vinha no sentido contrário ao dos quartos e pareceu surpresa em me ver- Não imaginei que o senhor fosse voltar para casa hoje...
― Não ia, mas me programei para voltar ainda hoje. Marquei um jantar com Sofia hoje à noite e não queria me atrasar. A propósito, ela mencionou alguma coisa com a senhora hoje? Estou tentando conversar com ela desde cedo, mas não estou conseguindo, acredito que o celular dela esteja com defeito.
Dona Ana baixou a cabeça e naquele momento, eu soube que alguma coisa estava muito errada.
― Senhor Oliver, não sei como lhe dizer isso, mas... a Sofia não veio trabalhar hoje.
― Ela está bem? Aconteceu alguma coisa? –Perguntei preocupado.
― Não sei bem senhor, na verdade, ela só me ligou para dizer que estava se demitindo.
Senti meu corpo todo entrar em alerta, que razão a Sofia teria para se demitir da minha casa? Alguma coisa estava muito errada, eu só não sabia o que:
― E meus filhos? –Perguntei, minha voz abalada.
― Estão no quarto senhor, tanto Estevan, quanto Elena, ficaram muito tristes em saber que a Sofia não vai mais ser a babá deles.
― Eu vou falar com eles.
Caminhei pelo corredor, parando em frente ao quarto de Elena, quando entrei, vi uma cena que partiu o meu coração. Estevan abraçava a irmã, que chorava incontrolavelmente:
― Elena, o papai não vai gostar de te ver assim... –Estevan dizia, na vã tentativa de fazer com que a irmã parasse de chorar. Eles não haviam me visto entrar.
― Eu quero a Sofia! –Elena berrou. Um grito tão alto que partiu o meu coração.
― Ei, o que aconteceu? –Perguntei e os dois me encararam com os olhinhos esbugalhados.
Elena saiu rapidamente dos braços do irmão e correu até mim, me abraçando com força:
― Papai, você acha que a Sofia se cansou de nós? –Ela perguntou chorosa.
― Não minha filha, a Sofia ama vocês!
― Então por que ela não quer mais ser a nossa babá? –Seus olhinhos azuis me encaravam, em busca de alguma explicação.
Apenas retribuí seu abraço, tentando acalmá-la, me sentindo impotente por também não saber explicar o que estava acontecendo.
Tentei fazer com que os dois parassem de pensar tanto na Sofia, conversando com eles sobre assuntos aleatórios e finalmente, depois de um tempo, consegui fazer com que eles dormissem.
Agora já eram quase nove horas da noite, mas eu não poderia esperar até a manhã seguinte para saber o que estava acontecendo.
Tirei o carro da garagem e dirigi em direção a casa da Sofia. Enquanto diria, eu não conseguia encontrar uma explicação lógica para a sua demissão, nem por ela ter passado o dia todo tentando me evitar.
Hoje, pela manhã, tudo estava tão bem. Havíamos acordado juntos depois de uma noite incrível de amor e em meio a algumas brincadeiras, lembro que acabamos nos amando novamente no chuveiro. Ela parecia estar tão radiante e apaixonada quanto eu, então, o que poderia ter acontecido para que ela mudasse de temperamento tão rápido a ponto de ser tão radical e pedir demissão da minha casa?
Parei minha BMW na porta da sua casa e quando desci, notei que todas as luzes estavam apagadas e que o portão da frente também estava trancado. Como ele era baixo, consegui pulá-lo.
Caminhei até a varanda e a chamei:
― Sofia, sou eu, Oliver!
Porém não obtive nenhuma resposta. Não havia qualquer barulho que viesse de dentro da casa, estava tudo no mais perfeito silêncio. Girei a maçaneta da porta, mas está também estava trancada, era óbvio que ela não estava em casa.
Me recostei na porta, deslizando até o chão, levando minhas mãos à cabeça, completamente derrotado. Eu não sabia o que havia feito de errado e muito menos, porque Sofia estava tentando me evitar daquele jeito. Ela quase nunca saia de casa naquele horário e não saber onde ela estava me preocupou. Decidi que ficaria ali, sentado, a esperando, talvez ela não demorasse muito a voltar e aí nós dois poderíamos conversar e acertar o que quer que estivesse errado.
Olhei para o alto, a Lua estava cheia e alta no céu, eu estava tão exausto e cansado, que nem me dei conta de quando peguei no sono.
Quando acordei, fazia frio, meu corpo estava congelando. Olhei as horas no relógio em meu pulso, já se passavam das três horas da manhã e nenhum sinal de Sofia, ela definitivamente não iria passar a noite em casa e isso me deixou afoito.
Me levantei derrotado, com o corpo todo dolorido e com certa dificuldade, pulei o portão novamente e entrei no meu carro, deixando que a frustação me dominasse, enquanto lágrimas rolavam pelo meu rosto:
― Há Sofia, o que aconteceu com nós dois. –Murmurei, chorando cansado.
Olhei para o céu e vi que a Lua ainda estava lá, alta e brilhante, partilhando comigo cada pedacinho da minha angustia.
Dei partida no carro e fui para casa, sem conseguir entender o que havia acontecido com a paixão ardente que existia entre mim e Sofia e que aos poucos, por algum motivo, ela parecia querer apagar.
Mas eu não deixaria. Não antes que ela me desse um bom motivo para provar que o que havia existido entre nós dois, não havia passado de uma grande perda de tempo.
E minha alma, por alguma razão, parecia sussurrar para mim que não haviam motivos. Nosso amor era perfeito. Pelo menos, para mim era.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Babá dos meus Filhos
RomanceSofia é uma moça de Goiânia-GO, que ao ganhar uma bolsa de estudos de 50% na PUC-RIO se muda sozinha para o Rio de Janeiro para cursar a tão sonhada faculdade de Psicologia. Para conseguir continuar seus estudos e se manter na cidade, Sofia começ...