Capítulo 23 - Oliver

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― Se não fosse por você, nunca teria ganhado essa causa, Oliver. Obrigado. –Hugo, um dos meus clientes mais antigos me agradecia, depois de eu tê-lo ajudado a ganhar uma causa na justiça.

― Por favor senhor, eu só cumpri com o meu dever de advogado. –Respondi.

― Sabe Oliver, você é tão bom no que faz quanto o seu pai, tenho certeza de que ele ficaria orgulhoso em ver o quanto você fez está empresa progredir. –Imediatamente a imagem de meu pai me veio à cabeça.

Pensar no meu pai sempre fazia com que eu sentisse uma certa melancolia. Ao contrário dos outros pais, meu pai era rígido e nada nunca parecia ser bom o suficiente para ele.

Lembro que quando adolescente, nós brigávamos muito. Eu era um pouco rebelde naquela época, meus valores eram totalmente contrários aos dele. Eram raras as situações em que nossas conversas não acabavam em discussões.

A verdade, é que no fundo eu sempre quis ser como ele. Eu o admirava como homem e profissional, e sabia que algum dia queria ser admirado pelas pessoas como ele era.

Quando ingressei na faculdade, estava ciente de que queria fazer direito, assim como ele. Mas, por algum motivo tolo, não contei a ele, nem a minha mãe que havia decidido seguir esta carreira.

Não sei bem como, mas minha mãe acabou descobrindo toda a verdade e contando a ele, que ficou imensamente feliz quando recebeu a notícia.

Brian havia se formado alguns anos antes em administração, lembro como se fosse hoje da decepção do meu pai em ser contrariado pelo seu primogênito, ele queria que ele tivesse seguido seus passos. Mas eu não havia decidido fazer direito para agradá-lo, havia escolhido essa área porque eu o admirava como advogado e queria ser como ele.

Depois disso, nossa relação mudou. Conversávamos com mais frequência e nossas brigas foram quase extintas.

Estávamos vivendo o nosso melhor momento de pai e filho, quando ele se foi. Ele nem sequer assistiu a minha formatura.

― Sim, acho que ele ficaria. -Respondi melancólico.

Depois que Hugo deixou minha sala. Atendi mais alguns clientes e revisei mais alguns casos.

As horas sempre passavam rápido quando estava trabalhando, mas naquele dia, tudo parecia estar contra mim.

Talvez fosse a ansiedade que sentia em ver Sofia, ou talvez fosse apenas a curiosidade em saber se ela aceitaria ir à festa de Estella comigo.

Depois do almoço, o tempo pareceu parar e eu olhava de cinco em cinco minutos para o relógio, aguardando ansiosamente o momento de encerrar o meu expediente:

― Com licença, senhor Oliver. –Luíza, minha secretária, disse, entrando em minha sala.

― Sim?

― A dona Ana ligou e deixou uma mensagem, ela perguntou se o senhor não poderia buscar seus filhos hoje.

― O que aconteceu com a babá deles? –Perguntei, achando toda aquela situação muito estranha. Sofia nunca havia faltado ao trabalho antes.

― Desculpe senhor, ela não me deu muitos detalhes.

― Por favor, retorne para a dona Ana e a informe de eu mesmo buscarei meus filhos.

― Sim, senhor. –Ele respondeu, se retirando da minha sala.

Encerrei meu trabalho rapidamente e depois de sair da minha sala, caminhei até o estacionamento para pegar o meu carro.

Primeiro passei na escolinha de balé para pegar Elena e depois no centro de treinamento, onde Estevan já me aguardava do lado de fora:

― Vocês sabem o que aconteceu à Sofia? –Perguntei aos dois, enquanto dirigia para casa.

― Não sei. –Estevan respondeu vagamente, enquanto mexia em seu celular.

― Talvez ela não queira mais cuidar de nós, papai. –A forma triste como Elena falou me fez sentir mal.

― Não diga isso querida, a Sofia ama vocês dois, tenho certeza de que algo muito sério deve ter acontecido para ela não ter vindo trabalhar hoje. –Respondi a acalmando, enquanto por dentro, eu estava completamente em pânico.

Ela não desistiria de trabalhar para mim assim, desistiria? Ela teria me avisado antes... A não ser que ela estivesse se sentindo incomodada com minha presença e decidido que seria melhor se afastar. Não, Deus queira que não.

Depois de estacionar o carro na frente da minha casa, Estevan desceu rapidamente, enquanto eu ajudava Elena:

― Troquem de roupa crianças e venham para a cozinha, preparei um lanche delicioso para os dois. –Dona Ana disse quando as crianças atravessaram a sala, indo logo depois para seus quartos- Me desculpe tirá-lo do trabalho assim senhor Oliver, mas hoje é o dia de folga do motorista e eu não poderia deixar os meus afazeres. –Ela olhou para mim.

― O que aconteceu à Sofia? –Saber o que havia acontecido com ela era tudo o que me interessava no momento, e eu rezava para que a teoria de Elena estivesse errada.

― Ela me ligou mais cedo, me avisando de que havia sofrido um desmaio enquanto ia para a faculdade.

― Um desmaio? –Senti meu corpo todo entrar em alerta- Mas ela está bem?

― Sim, parece que um policial a socorreu imediatamente. Ela ficou no hospital por algumas horas tomando soro, mas já voltou para casa e passa bem.

― Ela disse o que teria provocado esse desmaio?

― Ela mencionou que não vinha se alimentado bem ultimamente e que teria sido esse o motivo que a fez se sentir mal. Ontem mesmo havia dito a ela que ela estava abatida, mas não pensei que fosse para tanto.

Imediatamente me senti completamente responsável pelo fato de Sofia ter se sentido mal. E se ela tivesse deixado de se alimentar bem por minha culpa? Por tristeza? Eu não tinha noção do quanto tudo aquilo poderia ter afetado ela de forma negativa. Em momento algum me passou pela cabeça que algo assim poderia acontecer:

― Dona Ana, será que a senhora poderia preparar alguma coisa para a Sofia? Eu vou visita-la.

― Claro senhor, imediatamente. –Ana se retirou para a cozinha, me deixando a sós com meus pensamentos. Em momento algum eu quis machucá-la, mas ainda assim, machuquei.

― Me perdoe Sofia, me perdoe... –Sussurrei baixinho, me sentindo o pior homem do mundo naquele momento.

A Babá dos meus FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora