Capítulo 37 - Oliver

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Minhas mãos tremiam, quando parei o carro em frente a casa 66, localizada em um bairro modesto do Rio.

Respirei fundo e desci do carro, meu coração pulsava rápido enquanto caminhava em direção a porta.

Ainda com uma certa relutância, apertei a campainha. Momentos depois a porta se abriu e lá estava ela. Pela primeira vez, depois de tantos anos, eu estava novamente cara a cara com Denise.

Seus olhos verdes me encararam, quase como se não estivessem me reconhecendo. Seus cabelos louros estavam soltos, balançando de um lado para o outro com o vento e, apesar de os anos terem passado para ela, seu rosto ainda estava do mesmo jeito que eu me lembrava:

― Obrigada por ter vindo. –Ela me lançou um sorriso, abrindo mais a porta- Por favor, entre.

A porta dava para a sala de estar, onde havia um jogo de sofás e uma tv antiga, sobre uma raque. Os móveis eram simples, mas tudo estava muito bem conservado.

― Já faz tanto tempo, Oli... –Ela dizia atrás de mim.

Me virei para ela, todas as perguntas que me atormentaram por anos, surgindo de uma vez:

― Por onde você andou? Por que não telefonou uma única vez em todos esses anos para saber como seus filhos estavam? E por que só agora, que tudo finalmente está bem, você resolveu aparecer? –Minha voz se alterou.

― Eu sei que você tem muitas perguntas Oliver e eu vou responde-las. -Seus olhos verdes me encararam- Depois de tudo o que aconteceu, eu fui para Paris com aquele cara, nosso relacionamento não deu muito certo, então, eu decidi viajar o mundo, queria conhecer novas pessoas e ter novas experiências. Passei o último ano em Miami, com uma amiga e foi ai que eu percebi que estava faltando algo, só a minha liberdade já não era suficiente...

― Você ainda não disse o que te trouxe de volta ao Rio. –A interrompi amargo.

Denise baixou a cabeça por alguns instantes e depois voltou a me olhar:

― Você. –Sua resposta me deixou em choque por alguns instantes- Oliver, eu sei que o que eu fiz foi errado, mas foi somente quando te deixei, que me dei conta do que tinha perdido. Eu quero ter nossa família de volta, eu quero você.

Ela caminhou na minha direção, tocando meu rosto. Quando ela tocou meu rosto, fechei os olhos em busca de algum sentimento, mas a única coisa que eu conseguia sentir por ela era rancor, repulsa, ódio. Tirei sua mão do meu rosto e ela me encarou perplexa:

― É tarde demais para pedir desculpas, Denise. Você me traiu! E mesmo depois de te pedir para ficar, você me virou as costas e me deixou sozinho com um garotinho de sete anos e uma bebê! –Fiz questão de demostrar a ela o quanto aquelas lembranças me eram amargas- Eu sofri por você muito tempo, mas agora, eu não sinto mais nada!

― Não diga isso, Oliver. Eu sinto que ainda te amo, sei que você está com raiva de mim agora, mas... –Lágrimas salpicavam de seus olhos.

― Você não sabe o que é amar alguém Denise, nunca soube.

― Mas e meus filhos? Eu tenho direito de vê-los! –Ela protestou.

― Você não tem direito algum! Se ousar chegar perto dos meus filhos, eu juro que não respondo por mim!

― Eu sou a mãe deles, Oliver! Queira você ou não!

― Mãe? –Ri- Estevan só sente sua falta porque já era um pouquinho maior quando você foi embora, mas, Elena nem sequer sabe quem você é! ela foi criada por mim e pela dona Ana, que é muito mais mãe dela do que você!

― Se você não me deixar vê-los, eu juro que vou entrar na justiça e...

Me aproximei mais, a intimidando:

― Você se esqueceu que eu sou o maior advogado desse país? Você pode tentar, mas eu vou acabar com você antes mesmo que possa começar.

― Está me ameaçando?

― Entenda como quiser.

― Não me lembro de você ser tão duro assim. –Ela comentou, me encarando como se eu fosse outro homem.

― Você fez isso comigo. –Me afastei, caminhando em direção a porta- Você já está avisada e eu agradeceria muito se não voltasse a me procurar nunca mais. –Abri a porta e sai apressadamente dali.

Quando cheguei ao carro, esmurrei o volante. Eu estava com tanta raiva, que se continuasse por mais alguns minutos no mesmo ambiente que aquela mulher, eu teria sido capaz de cometer uma loucura.

Como já imaginava, ela não havia aparecido porque estava com saudades dos filhos ou de mim, mas porque estava sozinha e entediada, e queria uma "família" para poder chamar de sua durante algum tempo, até se cansar e sumir no mundo outra vez.

Mas eu não iria permitir que ela chegasse perto da minha família outra vez, nossa briga poderia se estender até a justiça, mas de maneira alguma eu a deixaria ganhar. Ela já havia causado danos demais. Principalmente em mim.

A Babá dos meus FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora