Capítulo 2 - Sofia

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Na manhã seguinte, acordei por volta das cinco da manhã e mesmo com todo meu corpo doendo, me esforcei para conseguir sair da cama, teria de pegar uns dois ônibus para chegar até a agência. Por algum motivo, chegar mais cedo parecia aumentar minhas chances de conseguir algo.

Depois de uma ducha, peguei uma calça jeans no guarda-roupas e uma camiseta preta as vestindo, calcei minhas botas e fiz um rabo de cavalo no cabelo. Peguei minha bolsa e desci para a cozinha.

Preparei um café forte para conseguir vencer o dia e tranquei o portão da casa:

― Vai dar tudo certo desta vez. -Disse para mim mesma, enquanto guardava as chaves em minha bolsa e caminhava até o ponto de ônibus.

Peguei o primeiro ônibus às cinco e quarenta da manhã e o segundo às sete e meia. Para chegar até a agência tive de caminhar mais um pouco, chegando lá exatamente as oito da manhã.

Por mais que eu tivesse tentado chegar cedo, o local já estava lotado de pessoas. Devia ter imaginado que eu provavelmente não seria a única pessoa desempregada no Rio de Janeiro. Peguei uma senha e me sentei aguardando minha vez.

Depois de quase uma hora, uma atendente chamou o número que eu tinha em mãos:

― Bom dia, no que posso ajudá-la? -Ela perguntou, enquanto eu me sentava a sua frente.

― Bom dia, estou precisando muito de um emprego. -Era óbvio, todos ali estavam, mas do jeito que eu falei, fiquei parecendo mais desesperada que todos.

― Tem alguma preferência? Algo específico que queira fazer? -Ela perguntou, digitando algo no computador.

― Não exatamente, o que aparecer, para mim está ótimo.

― Tem experiência com crianças?

― Acho que posso dizer que sim, era eu quem cuidava da minha irmã mais nova.

― E com idosos?

― Acho que sim.

― Você fuma, bebe ou usa drogas?

Balancei a cabeça em negativa, seriam aquelas perguntas padrões?

― Não.

― Pode me dizer o seu nome?

― Sofia Montenegro.

― Está com seus documentos aí, Sofia?

― Claro, só um instante. -Depois de entregar meus documentos a atendente, ela teclou durante mais alguns instantes no computador, provavelmente estava preenchendo uma ficha.

― Pronto, Sofia -Ela me entregou meus documentos- Telefonaremos para algumas pessoas e caso algumas delas se interessem pelo seu perfil nós as informaremos.

― Está bem, obrigada.

Quando sai da agência, rezei para que eles me telefonassem o mais rápido possível, mas como não podia contar apenas com a sorte, aproveitei que já estava ali para deixar mais currículos. Porém, mas uma vez, não tive nenhuma resposta positiva.

Cheguei mais tarde em casa desta vez. Estava mais cansada do que nunca, a dor de cabeça insistia em permanecer e meus pés estavam mais doloridos do que no dia anterior. Também estava morta de fome, não havia engolido nada o dia todo.

Preparei um sanduíche com alguns ingredientes que encontrei na geladeira e me sentei no sofá, tentando finalizar um trabalho da faculdade ao mesmo tempo em que comia, o que não me impediu de derramar alguns farelos de pão sobre o meu notebook.

Estava completamente empenhada em terminar meu trabalho e ir logo para a cama. Meus olhos mal se mantinham abertos, quando meu celular tocou:

― Alô? -Atendi sem prestar muita atenção no número.

― Boa noite, Sofia Montenegro?

― Sim, sou eu. -Disse colocando o notebook de lado para me concentrar na conversa.

― Aqui é da agência, estou ligando para avisar que conseguimos um emprego para a senhora.

― Que tipo de emprego? -Perguntei animada.

― Uma família está precisando de uma babá, são duas crianças, ligamos para a casa e eles se mostraram bastante interessados no seu perfil. Mas claro, se a senhorita não estiver interessada, podemos continuar procurando algo...

― Não, é claro que estou interessada! Quando começo?

― Amanhã mesmo, vou lhe passar o endereço da casa.

― Está bem, muitoobrigada! -Peguei uma folha e anotei atentamente o endereço que ele estava mepassando. Aquele emprego seria a minha salvação.

A Babá dos meus FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora