Capítulo 91 - Oliver

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As ambulâncias que nos socorreram vieram de Niterói e chegaram cerca de quinze minutos depois de serem alarmadas.

Eles imobilizaram Sofia e a colocaram em uma maca e fizeram o mesmo com Brian, que apesar da dificuldade para respirar, ainda estava vivo. Dois dos bandidos também estavam vivos, os outros três haviam sido mortos pela polícia.

Apesar da dor que sentia, sabia que meus ferimentos eram leves e não precisei ser imobilizado.

Fui na ambulância com Sofia e dois paramédicos, e enquanto segurava a mão da mulher que eu mais amava no mundo, me peguei pensando em Brian, que também havia sido colocado inconsciente na outra ambulância, tentando entender quando ele havia se tornado uma pessoa tão fria e distante.

Quando crianças, lembro que nos dávamos bem, apesar de ele sempre discordar de mim e de meus amigos em todas as brincadeiras.

Na adolescência nos tornamos um pouco mais distantes, enquanto eu ainda me interessava por andar com meus amigos e me divertir, Brian descobriu logo as mulheres e como eu ainda era bastante novo, não vivenciávamos as mesmas experiências e assim não tínhamos muito o que compartilhar.

Ao atingirmos nossa fase adulta, quase nunca nos víamos e nas raras oportunidades em que nos falávamos, os assuntos sempre envolviam de forma indireta ou não a empresa da família e os lucros.

Sempre achei que essa distância toda fosse apenas seu jeito, já que ele nunca se mostrou ser muito afetivo com ninguém, mas em hipótese alguma cheguei a imaginar que algum dia ele fosse capaz de planejar e participar da morte dos nossos próprios pais, inclusive vítimas de um plano que foi arquitetado para tirar a minha vida.

Fomos levados para um hospital de Niterói e por mais que eu dissesse aos médicos que estava bem e que queria acompanhar Sofia na bateria de exames, eles insistiram para que eu também fizesse alguns exames e, como eu já suspeitava, havia tido apenas alguns ferimentos leves e o médico receitou apenas um remédio para tirar a dor, colocado junto ao soro, para que o efeito fosse imediato.

Enquanto observava o soro pingar lentamente, acabei adormecendo, não sei exatamente por quanto tempo, mas quando acordei, o doutor que havia me atendido estava no quarto, escrevendo alguma coisa em seu prontuário:

― Olá Oliver, como se sente? –Ele perguntou, baixando um pouco a prancheta para me olhar.

― Melhor. –Fiz uma careta, ao me mover, me sentando na beirada da cama.

― Já que seu caso não é grave, você poderá ter alta hoje mesmo.

― Isso é ótimo. –Fiz uma pausa- Como está minha noiva?

O médico me olhou atentamente, escolhendo com cuidado suas palavras:

― Ela fez uma série de exames e identificamos duas costelas quebradas do lado esquerdo do abdômen e também um pequeno inchaço no cérebro.

― Isso é grave? –Engoli em seco.

― No momento não, por enquanto o caso dela é estável e podemos diminuir o inchaço com a ajuda de medicamentos, ah! –Ele disse, ao se lembrar de alguma coisa- E pode ficar tranquilo, apesar dos fortes golpes no abdômen, a filha de vocês está bem, a bebê não sofreu qualquer dano.

― Filha? –Perguntei surpreso, ainda tentando processar aquela informação.

― Vocês ainda não sabiam que estavam esperando uma menina? –O médio perguntou e eu fiz que não com a cabeça- Espero não ter estragado nenhuma surpresa. –Ele disse sem jeito.

― Não, na verdade, o senhor acaba de me dar a melhor notícia do dia. –Sorri, extremamente contente por saber que seria pai de mais uma menina- Será que eu posso vê-la agora?

A Babá dos meus FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora