Capítulo 73 - Sofia

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Oliver estava muito abalado e era visível que não estava em condições de dirigir. Eu havia tirado minha carteira de motorista aos dezenove anos e desde então, podia se contar nos dedos as vezes em que dirigi um carro, mas resolvi fazer esse esforço por ele.

Depois de entrar na sua BMW, ajeitei o banco, os retrovisores e coloquei o cinto, pus o câmbio em ponto neutro e dei partida, coloquei a primeira marcha, liguei a seta e sai calmamente, desenvolvendo as marchas conforme necessário.

Oliver estava sentado no banco do carona, estava mais calado que o normal, perdido em seus próprios pensamentos. Não disse nada, esperaria até chegarmos a minha casa para podermos conversar com mais calma.

Cerca de uma hora depois chegamos a minha casa, estacionei o carro com uma facilidade que eu própria não esperava, depois de puxar o freio de mão e desligar o veículo, encarei Oliver:

― Nada mal. –Ele me lançou um sorriso fraco.

Era óbvio que ele não estava bem. Seu rosto estava pálido e ele parecia ter envelhecido desde a última vez que o vi, seus olhos estavam inchados e já não tinham mais aquele brilho de antes, até o azul que dava vida aos seus olhos parecia nebuloso.

Estendi minhas mãos e segurei seu rosto, ele colocou sua mão sobre a minha, me olhando atentamente:

― O que aconteceu, Oli? –Perguntei preocupada.

Ele respirou fundo, afastando seu olhar por alguns instantes e depois o voltando para mim:

― Tive uma conversa com Brian hoje. –Ele respondeu, a voz embargada.

― Pela sua cara, imagino que essa conversa não tenha sido nada boa. –Comentei, acariciando seu rosto- Vocês discutiram?

― Sim, mas acabei descobrindo algo muito pior.

― Pior? –Ele fez que sim com a cabeça- O que ele te disse? –O encarei, sentindo toda a tenção dentro daquele carro.

― Ele disse que o Estevan é filho dele. –Ele me contou com os olhos marejados.

Minha boca se abriu em um O e eu juro que não soube o que dizer, afinal, o que eu poderia dizer que fosse capaz de mudar a dor que ele estava sentindo?

Como não conseguia traduzir meus sentimentos em palavras, resolvi abraça-lo, tentando conforta-lo. Oliver me abraçou forte, voltando a chorar mais uma vez no meu ombro.

Minutos depois, sentados na minha cama, Oliver me contou em detalhes a conversa que haviam tido, do soco que havia proferido no rosto do irmão, da arrogância de Brian ao lhe contar a verdade e de como ele estava se sentindo mal com tudo aquilo:

― Apesar de tudo, eu sempre achei que os primeiros anos do meu casamento com Denise haviam sido verdadeiros, admito que foi difícil saber que ela me traiu com o meu próprio irmão antes mesmo de nos casarmos. –Sua chateação era vidente- E ainda por cima, engravidar dele.

― Essa mulher nunca mereceu o seu amor, Oli. –Coloquei minha mão sobre a sua na cama, enlaçando nossos dedos- Ela não faz ideia do homem perfeito que deixou escapar. –Lhe lancei um sorriso.

― Não sei como contar isso ao Estevan. –Ele disse de cabeça baixa.

― Você não precisa, quer dizer, como você mesmo disse, o Brian podia estar blefando, não é?

― Assim como também poderia estar dizendo a verdade.

― Por que você não faz o exame de DNA? –Sugeri- Assim acaba de uma vez por todas com essa dúvida.

― Eu pensei nisso, mas eu tenho medo de descobrir a verdade.

― Oliver, independente do resultado desse exame, o Estevan sempre será seu filho e você sempre será o pai dele. –O encarei com sinceridade.

― Sofia, sabemos que essa não é bem a verdade. –Ele me olhou tristonho.

― Quem disse que não? Você fez um ótimo trabalho criando aquele garoto, você o ama.

― Há, Sofia. –Ele sorriu, voltando a me abraçar.

Deu um beijo em meu rosto e se deitou no meu colo, enquanto eu acariciava seus cabelos:

― Já faz muito tempo desde a última vez que eu senti tanto medo assim. –Ele murmurou, levantando seu olhar para mim.

― Quando foi a primeira vez? –Perguntei atenciosa.

― Quando descobri que seria pai.

Senti um aperto no coração e me mantive em silêncio, acariciando seus cabelos. Oliver estava tão exausto com tudo que estava acontecendo, que em poucos minutos acabou pegando no sono.

O deixei em meu quarto e fui para a cozinha, onde preparei um bife acebolado para nós dois, piquei alguns tomates e pimentões para servir como acompanhamento junto com arroz.

O acordei para almoçar e depois, enquanto me ajudava a lavar as louças, ele me pareceu um pouco mais animado, ainda que estivesse com um resquício de tristeza em seu olhar:

― Você ainda vai para a empresa hoje? –Perguntei sentada ao seu lado no sofá.

― Não sei se consigo, só de imaginar que vou me encontrar com o Brian se for para lá... –Ele balançou a cabeça de forma negativa.

― Tem razão, mas não deve dar esse gostinho a ele, a votação dos acionistas para a escolha do novo presidente é em dois dias e sua ausência pode acabar influenciando na decisão deles.

― Você tem razão, por mais que as coisas estejam difíceis, eu não posso desistir –Ele levantou sua mão, afastando uma mecha de cabelo que estava caída no meu rosto e a colocando atrás da minha orelha- O que eu faria sem você?

― Absolutamente nada. –Brinquei- Aliás, tenho que te contar mais uma coisa. –Disse com seriedade.

― Não é mais outra bomba, é? –Ele me fitou receoso.

― Depende –Sorri- Eu aceito. –Oliver fixou seu olhar em mim, sem entender- Eu aceito morar com você, é claro, se você ainda quiser que eu me mude.

― Sério? Isso é ótimo, Sofia! É claro que eu quero que você vá morar comigo, agora mais do que nunca. –Ele estendeu sua mão, acariciando meu rosto com seu polegar.

Lentamente, Oliver inclinou seu corpo em minha direção, seus olhos azuis me encaravam apaixonados e o brilho que eu tanto amava ver neles havia voltado. Senti minha respiração ficar entrecortada, enquanto ele olhava para meus lábios de forma sexy, aproximando nossos rostos. Quando nossos lábios finalmente se encontraram, Oliver me beijou com urgência, esquecendo por apenas alguns segundos sua tristeza:

― Você podia se mudar hoje, adoraria ver suas coisas juntas com as minhas. –Ele surrava entre selinhos.

― Tenho muita coisa para arrumar aqui, Oli, não dá para sair assim. –Ri.

― Promete que vai ser o mais rápido possível? –Ele me encarou de forma desejosa.

― Prometo. –Sorri, voltando a beijá-lo.

Oliver foi embora cerca de uma hora depois.

A Babá dos meus FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora