A Babá dos meus Filhos

Capítulo 35 - Sofia

― Você não deveria ter saído no meio da chuva daquele jeito, fiquei tão preocupado quando cheguei aqui e não te encontrei. –Oliver se afastou, tocando meu rosto delicadamente. Seu terno ensopado de mais cedo, havia dado lugar ao jeans e a uma camisa preta e um casaco.

― Pensei que estivesse com raiva de mim. –Disse sem jeito.

― Eu nunca ficaria com raiva de você, Sofia. Eu estava apenas bravo com uma coisa que aconteceu e que eu quero poder te explicar melhor, mas, por favor, me perdoe, não quis ser grosso com você. –Dava para ver em seus olhos o quanto ele estava arrependido.

― Eu te perdoo.

O convidei para entrar e Oliver esperou na sala, enquanto eu fui para o banheiro tomar um banho e trocar minhas roupas molhadas.

Enquanto a água corria pelo meu corpo, não pude deixar de pensar, no que tanto poderia tê-lo aborrecido. Eu já o conhecia a algum tempo, e juro que nunca o havia visto tão bravo antes.

Fui até o quarto e depois de colocar uma camisola de cetim azul e pentear meus cabelos, os deixando soltos, voltei para a sala.

Oliver estava sentado no sofá de um jeito que demonstrava o quanto ele estava preocupado, ao mesmo tempo que parecia cansado.

Me sentei ao seu lado, e enquanto me sentava, percebi que ele voltou seu olhar para mim, avaliando meu corpo:

― Você é tão linda, Sofia. –Ele deslizou sua mão para a minha, a segurando.

― O que aconteceu que te deixou tão bravo hoje? –Perguntei, indo direto ao ponto.

Oliver pareceu pensar por alguns segundos, antes de finalmente responder. Sua demora me deixava aflita:

― Foi uma coisa que o Estevan me disse... –Ele baixou a cabeça.

― Sobre nós?

― Não.

― Então o que foi? –Já sentia a ansiedade me dominar.

― Sofia, o Estevan encontrou a Denise na internet e eles já vem se falando a algum tempo.

― Talvez ela tenha sentido saudades do filho Oliver e tenha tentado encontra-lo, se não me engano, ela mora na França, não é mesmo?

Oliver me encarou derrotado e eu sabia que o que estava por vim era muito, muito sério:

― Esse é o problema, Sofia. Ela voltou para o Rio, ela está aqui.

Meu coração disparou e eu juro que até hoje não entendendo como ele suportou pulsar tão rápido:

― Ela está aqui? Mas, por quê?

― Para infernizar a minha vida! –Oliver esbravejou- Estevan me disse que ela está louca para ver a ele e a irmã, disse até que quer que todos nós sejamos uma família de novo, mas me diz, como uma pessoa que nunca ligou uma única vez nos últimos anos para perguntar como os filhos estavam, pode exigir essas coisas? Será que ela já não conseguiu o suficiente quando me abandonou? –Sua raiva parecia crescer a cada instante que se passava.

Ser uma família de novo? Por alguma razão, senti um medo enorme de perder o Oliver para aquela mulher. Quer dizer, eles haviam sido casados, tinham dois filhos e apesar de ter sido traído, Oliver já havia me dito que ela foi a primeira mulher pela qual ele se apaixonou de verdade. E se ela conseguisse iludi-lo? E se batesse um sentimento? E se ela realmente estivesse arrependida de tudo que fez e quisesse voltar com ele? Ele voltaria? Aquelas perguntas fizeram meu estômago revirar, eu não queria perde-lo:

― Eu não vou deixar que aquela ordinária se aproxime dos meus filhos Sofia, não vou! –Oliver dizia raivoso, enquanto lágrimas teimavam em salpicar de seus olhos. Minha única reação foi me mover para o seu colo e o abraçar.

― Estou com medo, Oliver. –Confessei, chorando em seu ombro.

― Do que querida? –Ele segurou meu queixo, me fazendo olhar para ele.

― De te perder.

― Sofia, essa mulher destruiu minha vida, sofri com isso durante muito tempo e foi somente quando você apareceu, que toda aquela escuridão se foi –Ele olhava no fundo dos meus olhos- Você é a minha luz meu amor.

Oliver secou minhas lágrimas com seus polegares, enquanto o observava, eu sabia que lá no fundo, ele também estava com medo de tudo aquilo, mas era orgulhoso demais para admitir:

― Ei, eu estou aqui, para o que você precisar. –Deslizei minha mão por seu rosto, sentindo sua barba roçar em minha palma. Ele parecia tão abatido, que minha única vontade era conseguir afastar seus pensamentos daquela mulher, nem que fosse por alguns segundos. Aproximei meus lábios dos seus e o beijei, depositando nele todo o carinho e amor que sentia por ele.

Depois do beijo, nos deitamos no sofá, um de frente para o outro. Apesar do aperto, eu gostava de estar envolvida nos braços fortes de Oliver. Ele estava quieto e mais calado do que o normal, o que me deixava completamente preocupada:

― Você está bem? –Murmurei tocando seu peito.

― Estou pensando em me encontrar com a Denise para conversarmos. –Ele disse sério.

― Você quer mesmo fazer isso?

― Eu preciso. Se ela está pensando que vai bagunçar minha vida outra vez, ela está muito enganada. Não vou permitir.

Fiquei em silêncio, tentando imaginar o quanto aquela mulher deveria tê-lo ferido. Oliver voltou seu olhar para mim e depois beijou minha testa, me abraçando com mais força. Nos minutos que se seguiram, nós dois caímos no sono, sem que sequer percebêssemos.