Depois de falar com Oliver, encerrei a ligação e encarei Ryan, que estava sentado diante de mim.
Nos encontramos na saída da faculdade e para podermos conversar com mais tranquilidade, fomos até uma lanchonete que tinha ali perto:
― Desculpe, mas eu precisava atender, Oliver está com alguns problemas na empresa. –Me desculpei por fazê-lo esperar.
― Tudo bem, fico feliz em saber que vocês dois voltaram. –Ryan mencionou.
― Você descobriu alguma coisa sobre o acidente de carro que tirou a vida dos pais dele? –Perguntei, em um misto de curiosidade e medo.
Ryan se remexeu em sua cadeira, me olhando atentamente:
― Oliver sabe que você está fazendo isso?
― Não e nem pode.
― Sofia, você sabe ou está suspeitando de algo? Porque se estiver, você precisa me contar! Isso é trabalho para a polícia, não quero que se meta em encrenca.
― Se soubesse, você seria o primeiro a saber. –Respondi.
― Então por que tanto interesse nesse caso?
Respirei fundo, Ryan conseguia ser bastante insistente quando queria:
― Pesquisei várias notícias sobre o acidente e nenhuma disse qual foi a sua verdadeira causa, eu só queria saber como tudo aconteceu. –Sabia que minha resposta não era convincente o suficiente, mas Ryan cedeu.
― Infelizmente, eu não tenho acesso aos casos arquivados, mas por sorte, um amigo na promotoria me devia um favor –Ryan me entregou alguns papeis, eram xerox do laudo do acidente- Não existiam marcas de freio na estrada, o que a princípio nos fez pensar que o carro poderia estar sem freio ou algo assim, mas por estar viajando de madrugada, acabamos concluindo que o senhor Estevan Beaumont deve ter dormido ao volante, perdido o controle e capotado o carro.
― Não existe mais nada sobre o acidente? –O encarei.
― Sinto muito, Sofia, mas isso foi tudo o que eu consegui.
Passei as folhas, olhando uma por uma, tentando entender o que havia acontecido, por algum motivo, eu não conseguia aceitar que o acidente havia acontecido porque o pai de Oliver teria dormido ao volante.
Na última folha, porém, vi que começaram uma nova perícia sobre o acidente um mês depois:
― E isso? –Mostrei a folha para Ryan.
― Um mês após o acidente, os peritos notaram que o freio do carro estava cortado, começaram uma investigação sobre isso, mas logo a arquivaram, já que concluíram que isso poderia ter sido causada durante a capotagem, eles não tinham como saber.
Senti meu coração bater mais forte:
― Então você acha que alguém pode ter atentado contra a vida dos pais dele? –Minha voz estava falha quando perguntei.
― Toda a perícia indica que não. –Ele estendeu sua mão sobre a mesa, segurando a minha- Sei que está escondendo alguma coisa de mim, mas seja lá o que for, esqueça, está bem? –Ele se levantou de sua cadeira- Eu tenho que voltar para a minha ronda agora.
― Obrigada, Ryan. –Nos abraçamos.
― Não vá se meter em encrenca. –Ele beijou o topo da minha cabeça.
― Não vou. –Me despedi dele com um sorriso, enquanto ele voltava para a sua viatura.
No caminho de volta para casa, não consegui parar de pensar no quanto tudo aquilo era estranho, por alguma razão, eu simplesmente não conseguia aceitar os fatos.
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A Babá dos meus Filhos
RomanceSofia é uma moça de Goiânia-GO, que ao ganhar uma bolsa de estudos de 50% na PUC-RIO se muda sozinha para o Rio de Janeiro para cursar a tão sonhada faculdade de Psicologia. Para conseguir continuar seus estudos e se manter na cidade, Sofia começ...