Capítulo 66 - Sofia

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Acordar ao lado de Oliver era uma das coisas mais maravilhosas do mundo. Ele tinha um jeitinho todo especial de me encarar, antes de se apoiar em seus cotovelos e me presentear com um beijo envolvente logo pela manhã e só então sussurrar um: "Bom dia", com sua voz ainda roca, tornando todo o momento muito sexy e especial.

Depois de trocarmos mais alguns beijos e tomarmos um café da manhã rápido, ele se ofereceu para me levar a faculdade.

Durante a maior parte do caminho eu permaneci calada, o pesadelo que havia tido na noite anterior ainda me assombrava:

― Está tudo bem? –Oliver tirou uma mão do volante e tocou minha perna, me olhando por um breve instante.

― Está sim. –Toquei sua mão, tentando acalma-lo- Só estava pensando em uma coisa...

― Posso saber em quê? –Ele me encarou curioso.

Engoli em seco:

― Estava pensando em como foi inusitada a forma em que nos conhecemos –Menti. Achei que fosse melhor não contar nada a ele sobre as suspeitas que eu tinha em relação ao acidente de carro que havia tirado a vida de seus pais.

― Você ir trabalhar na minha casa foi a melhor coisa que já me aconteceu. –Ele me encarou sincero, com um sorriso nos lábios.

― Lembro que quando comecei achava você muito rabugento. –Sorri, tentando afastar aqueles pensamentos ruins da minha mente.

― Eu não era rabugento, só estava um pouco perdido e você me ajudou a me reencontrar. –Seus olhos azuis me encararam agradecidos.

― É, já me disseram que eu tenho o dom de mudar a vida das pessoas –Disse, enquanto Oliver ria alto.

Minutos depois chegamos a faculdade. Oliver estacionou o carro e se inclinou, me dando um beijo casto nos lábios:

― Não sei se vamos nos ver mais hoje, tenho muito trabalho para fazer na Advocacia. –Ele murmurou, sem parar o beijo.

― Tudo bem. –Sussurrei, acariciando seu rosto.

Oliver mordiscou meu lábio inferior e depois os afastou lentamente dos meus:

― Você pensou na minha proposta? –Ele me encarou.

― Ainda não, mas será que você pode me dar um tempo para pensar?

― Claro, desde que você aceite logo vim morar comigo –Ele sorriu, acariciando meu rosto com as costas de sua mão- Ia adorar ter você ao meu lado todas as noites.

Seus olhos azuis me encararam de forma sedutora e Oliver se despediu de mim com um beijo no rosto.

Sai do carro e entrei na faculdade. Durante as aulas, não conseguia deixar de pensar no meu pesadelo, nos recortes que Brian guardava e nos freios do carro que supostamente teriam sido cortados.

Eu tinha certeza de que o acidente que matara os pais do Oliver havia sido proposital e algo no meu interior me avisava de que Brian estava envolvido, mesmo que não fosse diretamente. O problema é que eu não tinha como provar isso. Mas, e se eu descobrisse com que Brian havia estado, com quem havia conversado ou o que teria feito naquele dia? Será que eu conseguiria descobrir algo?

― Ei, Sofia! –Vanessa se aproximou animada na hora do intervalo.

Eu estava sentada em um banco no pátio, perdida em meus pensamentos, enquanto ela se sentava ao meu lado:

― Parece preocupada... –Ela mencionou, avaliando minha expressão.

― Acho que estou mais para pensativa.

― O que foi? –Ela me encarou preocupada.

Sabia que se contasse a Vanessa as suspeitas que tinha em relação ao seu namorado, poderia ser que ela nunca mais voltasse a falar comigo, então, resolvi omitir isso dela:

― Oliver me chamou para morar com ele.

― Isso é maravilhoso, amiga! –Ela disse eufórica, juntando as mãos e batendo palminhas- Quando você vai se mudar?

― Na verdade, eu ainda não sei se vou.

― Sofia, aquele homem lindo, de olhos azuis e que te ama, está te chamando para morar com ele e você não quer? –Ela me encarou injuriada- Qual o seu problema?

― Eu sei que a proposta é irrecusável, mas nós estamos noivos e acho que vamos nos casar antes do bebê nascer –Coloquei minha mão sobre minha barriga, eu estava com uma blusa larguinha, então quase não era possível vê-la- Mas, se me mudar agora, tenho medo de que ele se canse de mim. –Confessei.

― Hello, Sofia, aquele homem te ama! Você está grávida e se ele está te convidando para viver com ele, antes mesmo do casamento de vocês, é porque ele tem certeza de que não consegue mais viver sem você.

As palavras de Vanessa me emocionaram:

― Você acha?

― Eu tenho certeza! Além disso, se você for morar com ele agora, não vai dar a ele a chance de fazer uma despedida de solteiro. –Ela piscou para mim, sorrindo.

― Tem razão, as vantagens são muitas! –Brinquei.

― Vou tomar um pouco de água, já volto. –Ela se levantou.

― Vanessa, será que você poderia me emprestar seu celular? O meu está sem bônus e eu queria muito poder ligar para o Oliver.

― Claro! –Ela sacou o telefone de seu bolso, o entregando a mim- Só não gaste todo o meu crédito falando baboseiras. –Ela revirou os olhos e a ouvi gargalhar enquanto se afastava.

Desbloqueei a tela e cliquei na sua agenda, por sorte o primeiro número da lista estava salvo como "Amor" e eu imaginei que fosse o número do celular de Brian.

Peguei meu celular e anotei rapidamente o número, olhando ao redor para ver se Vanessa não estava voltando.

Feito isso, guardei meu celular de volta no bolso, no instante em que ela retornou:

― Ué, já? –Ela perguntou se sentando de volta ao meu lado, enquanto eu lhe devolvia seu celular.

― Ele não atendeu, deve estar ocupado.

― Ou adiantou a despedida de solteiro. –Ela brincou e eu não pude evitar o sorriso.

Me senti mal por ter usado minha amiga daquele jeito, mas eu precisava tentar descobrir mais alguma coisa sobre aquele acidente e eu só conseguiria isso conversando com Brian.

Ao final das aulas, depois de me despedir de Vanessa, me encostei no muro da faculdade e disquei o número de Brian, que me atendeu ao terceiro toque:

― Brian Beaumont, com quem estou falando? –Ele perguntou.

― Olá Brian, aqui é a Sofia Montenegro, se lembra de mim? –Houve um silêncio do outro lado da linha e eu me perguntei o motivo da sua demora.

― Claro que me lembro de você, Sofia –Ele parecia surpreso- A que devo a sua ligação?

― Eu gostaria de me encontrar com você, para conversarmos, algum problema para você?

― Problema algum. Quando gostaria de me encontrar?

― Pode ser agora? Acabei de sair da faculdade e te esperarei em um restaurante que fica a duas quadras da PUC, você sabe onde é?

― Claro, sei onde fica, estarei aí dentro de meia hora.

― Estarei esperando. –Desliguei.

Brian havia mordido a isca. Eu sabia que o que estava fazendo era arriscado, mas, sabia também que dependendo das respostas que ele me desse e o modo como reagisse, eu poderia concluir se ele era culpado ou inocente, e eu não iria parar, antes de chegar a uma conclusão.

A Babá dos meus FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora