Capítulo 44 - Oliver

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Depois que cheguei em casa, tomei um banho rápido e me joguei na cama. Já eram cinco da manhã e eu ainda não havia conseguido pregar os olhos, minha frustação não me permitia.

Saí da cama, vestindo apenas uma calça de moletom e uma camiseta e fui até a cozinha, onde encontrei dona Ana preparando o café da manhã:

― Bom dia, senhor Oliver. –Ela disse, se virando para me olhar.

― Bom dia, Ana.

Me sentei a mesa e me mantive em silêncio, percebi que ela me observou durante algum tempo, antes de se aproximar me entregando uma xícara de café:

― O senhor não parece muito bem –Ela comentou, e mesmo sem entrar em detalhes, soube que ela estava interessada em saber se tudo estava bem entre mim e Sofia.

― Ontem à noite, procurei Sofia para que pudéssemos conversar, mas ela não passou a noite em casa. –Disse, sabendo que precisava desabafar e sabia que podia confiar meus segredos a dona Ana, ela me conhecia desde garoto- A senhora acha que... –Não consegui terminar a frase, pensar que Sofia poderia estar com outra pessoa parecia absurdo demais, até mesmo naquelas circunstâncias.

― Não, imagina! Uma garota doce como a Sofia, jamais faria algo do tipo com você. Ela te ama, Oliver.

― Eu já não tenho mais tanta certeza disso...

― A Sofia é uma boa garota, a melhor que já conheci, ela é gentil, carinhosa, sensível e muito, muito apaixonada por você! Eu não costumo me enganar com as pessoas.

― Então, porque ela está tentando me evitar a todo custo?

― Talvez não esteja –Ela me encarou- Já pensou que você pode estar tornando as coisas piores do que elas realmente são? –Dona Ana tinha razão, talvez eu estivesse exagerando.

― A senhora pode estar certa.

― Por que não tenta procurar a Sofia novamente? Tenho certeza de que ela te dirá que tudo isso não passou de um mal-entendido.

― Obrigado pelo conselho.

― Imagina, eu torço muito pela felicidade de vocês dois. –Ela disse, se afastando da mesa e indo até a pia.

Sai da cozinha e fui até meu quarto. Vesti uma camisa branca, uma calça social e um blazer, nas cores preto. Arrumei o cabelo e depois de pegar as chaves do carro, dirigi em direção a empresa.

A conversa que havia tido com dona Ana havia me deixado um pouco mais calmo. Estava decidido, sairia da empresa a tempo de encontrar Sofia na saída da faculdade, a abordaria e a convidaria para um almoço, nós dois conversaríamos e ela me explicaria o que havia acontecido, que havia tornado o dia anterior tão louco. Nós dois nos acertaríamos e depois iriamos rir daquilo tudo, principalmente de como eu havia sido tolo.

Cheguei a empresa e depois de cumprimentar alguns funcionários fui diretamente para a minha sala:

― Ocupado? –Brian bateu na porta a abrindo lentamente.

― Brian! Por favor, entre. –Disse, enquanto analisava alguns processos- Algum problema? –Levantei meu olhar para ele.

― Nenhum, tudo está indo muito bem. –Ele disse casual, se sentando em uma poltrona- Você parece estar muito bem irmão. –Sua observação me pegou de surpresa.

― Por que não estaria? –O encarei curioso.

― Não sei irmão, só perguntei por perguntar. –Ele riu, dando de ombros- Na verdade, estou aqui porque tive uma ideia que pode agradar os nossos acionistas.

― Que tipo de ideia?

― Irmão, você sabe que as ideias defendidas pela Advocacia Beaumont ainda são as mesmas, desde os tempos do nosso pai. Nós poderíamos mudar o conceito da empresa do nosso pai e passar a defender pessoas que tem problemas com a justiça...

― Você está dizendo que nós deveríamos passar a defender bandidos? Ajudar a inocentar pessoas dos seus crimes e livra-las da prisão? –O encarei indignado.

― Por que não? Assim mostraríamos para todos, que todas as pessoas têm direito a uma segunda chance.

― Sim, todas as pessoas têm direito a uma segunda chance, é por isso que criamos um projeto que ajuda a reintegrar ex detentos de novo a sociedade. Brian, essa Advocacia cresceu defendendo causas nobres e isso não vai mudar, nós sempre defendemos o lado correto e sempre vai ser assim. –Disse, colocando um ponto final naquela conversa.

― Tudo bem irmão, você tem razão. –Ele se levantou da poltrona, me encarando- Acho melhor voltar ao trabalho. –Ele disse, cruzando a sala e saindo.

Continuei meu trabalho normalmente, Brian era meu irmão, mas ele definitivamente não fazia ideia de como deveria administrar a empresa do nosso pai. Eu esperava que no tempo em que estivesse ali, ele pudesse amadurecer e evoluir cada vez mais como profissional.

Antes do meio-dia, deixei a empresa, em direção a faculdade de Sofia. Parei o carro e aguardei olhando ansiosamente para o portão. Quando o sinal tocou, vi dezenas de jovens saírem pelo portão, mas ainda não havia visto Sofia.

Momentos depois, consegui avistá-la no meio da multidão. Desci eufórico do carro e comecei a caminhar em sua direção. Haviam muitas pessoas em meio a nós e eu acabei a perdendo de vista, quando a vi novamente, ela estava aos beijos com aquele policial, Ryan.

Senti meu coração se estilhaçar no meu peito. Meus olhos não podiam acreditar no que estavam vendo. Eu nunca imaginei que Sofia poderia ser capaz de me trair com outro homem, mas ali estava ela, beijando outro cara bem na minha frente.

Uma raiva enorme me consumiu, para não fazer besteira, dei meia volta e entrei no meu carro, completamente confuso, sai apressado dali e parei no primeiro bar que encontrei.

A Babá dos meus FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora