Denise e eu havíamos combinado de nos encontrar em uma lanchonete no centro, achei que seria mais seguro encontra-la em um local público, afinal, sabia que estava revirando um passado que estava enterrado a muito tempo e isso era sempre muito arriscado.
Entrei, escolhi uma mesa em um canto mais discreto e pedi um suco de laranja e um pão com presunto e mussarela. Eu não havia comido nada desde cedo e por mais que não estivesse com fome, sabia que eu tinha que fazer um esforço pelo bem-estar do bebê, além disso, Oliver ficaria extremamente chateado comigo se descobrisse que eu não estava me alimentando como deveria.
Estava terminando meu lanche, quando vi Denise entrar na lanchonete. Ela estava vestindo um macacão bege e sapatos de salto alto, seus cabelos loiros estavam soltos:
― Eu não tenho muito tempo. –Ela se sentou à minha frente, tirando seus óculos escuros e os colocando em sua bolsa.
― Serei breve. –Me inclinei sobre a mesa a encarando- Qual sua ligação com Brian Beaumont? Vocês parecem bem próximos...
― Fomos cunhados, temos um nível de amizade. –Ela respondeu tranquilamente.
― Vocês devem ser bem amigos mesmo, porque, enquanto você passou os últimos anos tentando se esconder de todo mundo, ele era o único que ainda conseguia manter contato com você, um tanto quanto suspeito, não acha? –A pressionei.
― Sei que você contou a Oliver sobre a ameaça que fiz, mas se está achando que por isso está por cima de mim, você está muito enganada, Sofia. –Ela disse seriamente.
― Não vim até aqui para falar do Oliver, agora, você vai me contar sobre sua relação com Brian ou terei que descobrir sozinha? –Insisti.
― Boa sorte na sua pesquisa. –Ela se levantou da mesa abruptamente.
― Tudo bem, talvez eu descubra porque você foi a única pessoa para a qual ele ligou no dia do acidente dos pais.
Denise se virou, me encarando completamente perplexa, era como se eu tivesse dito algo que não deveria, algo proibido:
― Como sabe disso? –Ela me encarou completamente apavorada.
― Como você mesma disse, eu pesquisei.
Ela se sentou novamente e juntou suas mãos sobre a mesa, baixando a cabeça por alguns instantes e depois voltou a me olhar:
― Nós tivemos um caso. –Ela disse.
― O quê? –A encarei surpresa.
― Oliver sempre foi muito certinho, com ele a rotina era sempre a mesma, já Brian, era descolado, sedutor, uma caixinha de surpresas e, quando me dei conta, o que era para ser apenas um lance, acabou se tornando um romance. –Ela deu de ombros.
― Vocês estavam casados! Como pôde fazer isso com o Oliver? –Estava injuriada.
― Brian me proporcionava aventuras que Oliver nunca foi capaz de me proporcionar, se fosse casada com ele, você me entenderia.
― Oliver é um homem maravilhoso! Não tente encontrar justificativas para o que você fez! –Esbravejei. Como ela conseguia ser tão cara de pau?
― Pense o que quiser, agora, respondendo sua pergunta, Brian me ligou naquele dia, porque estava desesperado e precisava de alguém para desabafar.
― Claro, quem melhor do que a amante para fazer um consolo, não é mesmo? –A confrontei.
― Quer saber Sofia, se quiser contar isso ao Oliver, conte, não acho que vá aumentar mais ainda a raiva que ele já está sentindo por mim. –Ela ameaçou levantar novamente.
― Espere, ainda não terminei.
― O que mais você quer saber? –Ela me encarou impaciente.
― Quem é Wilson Nunes?
Perguntei e ela me lançou um sorriso de lado:
― Você sabe que está metendo o nariz onde não foi chamada, não sabe?
― Você não me intimida, Denise. –A encarei seriamente, sem desviar meu olhar.
― Não é comigo que você tem que se preocupar.
― É com quem então? Com o Brian?
Ela tornou a rir:
― Não quero te chatear, mas eu não conheço nenhum Wilson Nunes. –Ela parecia dizer a verdade.
― Sabe onde posso encontra-lo?
― Não –Ela se levantou- Eu já falei coisas demais Sofia, agradeceria se você nunca mais voltasse a me procurar. –Ela me deu as costas, saindo da lanchonete.
Demorei mais alguns minutos ali, tentando processar a conversa que havia tido com Denise, não conseguia acreditar que ela havia sido capaz de ser infiel com Oliver durante todo o casamento deles.
No caminho de volta para casa, percebi que eu só conseguiria desvendar o mistério que existia por trás daquele acidente –se é que existia algo a ser revelado- encontrando esse Wilson Nunes.
Em casa, analisei novamente os históricos de chamadas, a procura de algum endereço que pudesse pertencer a esse homem, mas infelizmente, não encontrei nada. Tentei ligar para o número do seu celular, mas como já era de se esperar, o número havia sido cancelado a alguns anos.
Cansada, fui para o banheiro e tomei uma chuveirada, havia informações demais na minha cabeça e eu sentia que estava um pouco tensa. Lavei meus cabelos e depois, ensaboando meu corpo, fiquei impressionada por perceber o quanto minha barriga havia crescido:
― Desculpe, a mamãe teve um dia corrido hoje, mas prometo preparar alguma coisa bem gostosa para você comer no jantar. –A acariciei sorrindo, achando tudo aquilo surreal.
Depois do banho, coloquei um short jeans e uma blusa azul marinho, bem soltinha e confortável. Penteei meus cabelos e os deixei soltos, para que secassem naturalmente.
Na cozinha, preparei uma sopinha de macarrão, utilizando a maioria das verduras que haviam sido mandadas por Oliver. Enquanto comia, percebia que não estava fazendo aquilo por mim, em outros tempos, eu teria optado por uma bolacha ou preparado qualquer outra besteira para comer, mas grávida, sabia o quanto aquilo era importante para a formação do bebê.
Estava lavando a louça, quando ouvi alguém bater à porta. Fiquei um pouco assustada, já eram quase sete horas da noite e eu não havia combinado de receber visitas em casa.
Ainda receosa, caminhei até a porta e quando a abri, fiquei aliviada por ver que era Oliver:
― Oli! –Disse surpresa- Pensei que tivesse dito que estaria muito ocupado com o trabalho hoje para vim até aqui.
― E estava.
― Fico feliz que tenha arrumado um tempo para mim –Sorri, enlaçando meus braços ao redor do seu pescoço e depois me inclinando para beija-lo, apesar de retribuir meu beijo, Oliver se manteve rígido no lugar e eu estranhei sua atitude- Está tudo bem? –O soltei, o olhando preocupada, seus olhos azuis eram um poço de mistério.
― Quando ia me contar sobre o encontro que teve com o Brian? –Oliver me encarou sério e percebi que ele estava zangado comigo. Merda.
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A Babá dos meus Filhos
Любовные романыSofia é uma moça de Goiânia-GO, que ao ganhar uma bolsa de estudos de 50% na PUC-RIO se muda sozinha para o Rio de Janeiro para cursar a tão sonhada faculdade de Psicologia. Para conseguir continuar seus estudos e se manter na cidade, Sofia começ...