― Por que não me contou que iria se encontrar com ele? -Oliver me encarava impaciente, era quase como se sentisse traído.
― Eu não disse nada, porque nem eu mesma sabia que iria me encontrar com ele, decidi isso na faculdade. –Fui sincera.
Oliver passou por mim, adentrando a sala:
― Sério? Porque ele foi bem sugestivo quando me contou sobre o encontro de vocês. –Ele disse, colocando as mãos nos bolsos da sua calça, seus olhos azuis me fitando nervosos.
― Imagino que ele deva ter usado um monte de palavras com duplo sentido para te deixar preocupado. –Fechei a porta, parando diante dele- Oli, você nunca foi ciumento, por que isso agora? –Toquei seu peito.
― Sofia, eu acredito em você, as coisas que Brian me disse, de fato foram para me afetar, mas você ainda não me disse por que queria conversar com ele. –Oliver me encarou sério e eu baixei a cabeça, dando um passo para trás.
Não sabia se deveria ou não contar a ele sobre as suspeitas que tinha em relação ao seu irmão, não fazia ideia de como ele iria reagir.
Oliver pegou minha mão e a levou de volta ao seu peito, me puxando para mais perto:
― Você sempre disse que deveríamos ser sinceros um com o outro. –Ele murmurou e eu senti meu coração apertar. Ele tinha razão, por mais que fosse difícil, não poderia esconder isso dele.
― Sim, e devemos. –O encarei de volta- Vou te contar tudo que precisa saber. –Peguei em sua mão e o levei para o sofá.
Contei a ele sobre minhas suspeitas em relação ao seu irmão, minha análise do laudo do acidente e os históricos telefônicos que havia conseguido.
Oliver ficou em silêncio por alguns instantes, enquanto analisava os históricos:
― Isso não prova nada, Sofia.
― Mas, Oli, não acha estranho que ele tenha feito apenas algumas ligações desse número e depois cancelado?
Oliver colocou meu notebook sobre a mesinha de centro e segurou meu rosto em suas mãos:
― Eu sei que você deve estar chateada com ele por estar tentando me tirar da presidência da advocacia, mas por mais mal caráter que meu irmão seja, ele não seria capaz de fazer uma coisa dessas. –Ele parecia estar certo daquilo que estava dizendo.
― E sobre o inquérito que foi aberto um tempo depois do acidente, que afirmava que o freio poderia ter sido cortado? –Insisti.
― Ficou provado que o freio poderia ter sido cortado durante a capotagem, tinham muitas pedras e rochas no local.
Desviei meu olhar, me sentindo uma idiota. Então quer dizer que eu havia perdido tanto tempo investigando para nada? Apenas para provar que tudo aquilo não havia passado de uma paranoia minha?
― Foi difícil para mim aceitar que meu pai simplesmente havia dormido ao volante. –Ele murmurou e eu voltei meu olhar para ele, seus olhos azuis estavam marejados- O único culpado nessa história toda, foi o sono.
O abracei com força, tendo noção do quanto relembrar o acidente que havia matado seus pais o deixava fragilizado:
― Me desculpe, eu fui tão boba. –Sussurrei.
― Tudo bem. –Ele acariciou meus cabelos e quando se afastou para me olhar, vi uma lágrima rolar pelo seu rosto.
Estendi minha mão e a sequei com meu polegar. Seus olhos eram pura saudade, não conseguia imaginar o quanto ele deveria sentir falta dos pais. Acariciei seu rosto, o contornando com meus dedos e Oliver fechou os olhos, saboreando meu toque:
― Tem mais uma coisa que você precisa saber. –Disse, buscando coragem para contar aquilo a ele.
Seus olhos se abriram lentamente e ele se endireitou no sofá para poder me ouvir:
― O quê?
― Depois de ver o nome de Denise nos históricos, eu também fui me encontrar com ela.
― Sofia, você sabe que eu não quero que você chegue perto daquela mulher! –Seu olhar para mim era desaprovador.
― Eu sei, mas eu acabei descobrindo uma coisa.
Depois de alguns segundos em silêncio, Oliver me incentivou a continuar:
― O que você descobriu é tão ruim assim? –Ele colocou sua mão sobre minha coxa, me encarando atentamente.
Depois de balançar a cabeça, afirmando sua pergunta, respirei fundo e continuei:
― Oliver, a Denise e o Brian tiveram um caso.
Seus olhos se arregalaram e ele me encarou completamente perplexo:
― Não sabia se deveria te contar. –Murmurei, mas ele não disse nada.
Apenas se levantou do sofá e começou a andar de um lado para o outro na sala:
― Desde quando? –Ele perguntou sério, olhando para mim.
― Durante o casamento de vocês.
Ele deslizou suas mãos por seus cabelos, completamente desnorteado:
― Não acredito que eles tiveram coragem de fazer isso comigo. –Seu tom de voz era pura magoa.
― Oli, isso foi a muito tempo... –Caminhei até ele, tentando consola-lo.
― Meu irmão dormiu com a Denise quando ela ainda era minha esposa, Sofia! Não existe tempo que faça isso parecer correto! –Ele esbravejou, se afastando de mim, abrindo a porta e saindo de casa.
― Onde você vai? –Corri até ele.
― Tirar toda essa história a limpo.
― Oliver... –Murmurei, o segurando pelo braço, implorando para que ele ficasse.
― Por favor, não tente me impedir. –Seus olhos azuis me encararam rancorosos e eu o soltei quando percebi que não conseguiria fazer com que ele mudasse de ideia.
Ele me encarou uma última vez, antes de entrar em seu carro, dar partida e sair rapidamente dali:
― Por favor, não deixe que ele faça nenhuma besteira. –Sussurrei, enquanto via o carro desaparecer na rua escura.
Alguém tão bom quanto o Oliver, não merecia ter descoberto a farsa que havia sido o seu casamento. Eu definitivamente não deveria ter contado aquilo a ele.
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A Babá dos meus Filhos
RomanceSofia é uma moça de Goiânia-GO, que ao ganhar uma bolsa de estudos de 50% na PUC-RIO se muda sozinha para o Rio de Janeiro para cursar a tão sonhada faculdade de Psicologia. Para conseguir continuar seus estudos e se manter na cidade, Sofia começ...