Depois que sai do carro, o homem que antes estava na moto arrancou um revolver da sua cintura e mandou que eu andasse. Enquanto ia a frente, ele vinha logo atrás de mim, comigo na sua mira.
Com muito cuidado, olhei ao redor, o prédio tinha dois andares e eu suspeitava que lá dentro deveriam haver muitas salas e que simplesmente seria impossível encontrar a Sofia e sair rapidamente dali. O prédio também estava cercado pela mata fechada e mesmo que escapássemos, não conseguiríamos ir muito longe, antes de sermos apanhados.
Ao me aproximar da entrada, encontrei dois homens encapuzados, também armados. Eles abriram mais o portão e me empurraram para dentro, o fechando logo em seguida.
Como suspeitava, o local era imenso:
― Onde está o Brian? –Encarei os homens.
― Chamou irmão? –Olhei para cima e o vi.
Ele desceu a escada, parando diante de mim:
― Cadê a Sofia? –Perguntei, me segurando ao máximo para não lhe proferir um soco no meio da cara.
― Oliver! –Uma voz desesperada me chamou e quando olhei, vi Sofia descendo a escada com dificuldade, com um homem a segurando pelo braço.
― Sofia! –Exclamei, dando um passo em sua direção, mas parei, quando o homem que a segurava apontou seu revolver para mim.
Sofia estava pálida, parecia fraca e pelas suas caretas, suspeitava que ela estivesse sentindo muita dor:
― O que vocês fizeram com ela? –Encarei Brian, repleto de ódio.
― Deveria estar preocupado com o que vamos fazer com você.
― Você tem que fugir, Oli... –Sofia murmurou com dificuldade.
― Eu não vou sair daqui sem você. –A olhei- Nós dois vamos ficar bem, eu te prometo.
― Ah, isso foi tão bonito.
― Por que está fazendo tudo isso? Por que não conseguiu a presidência da empresa? Olha, se o problema for esse, eu te dou tudo o que eu tenho! Tudo! Só nos deixe sair daqui... –Brian riu e fez um gesto para que seus homens me segurassem.
Dois se aproximaram, cada um me segurando por um braço, me imobilizando no lugar, tentei me soltar, mas foi inútil:
― Isso não é só pela advocacia, digamos que a sua namoradinha foi curiosa demais. –Ele se aproximou e pelo canto do olho, vi Sofia chorar.
― Então é verdade? Você sabotou o carro dos nossos pais? –Perguntei, minha voz esganiçada.
― Sim, sabotei! E fico feliz por ter me livrado daqueles velhos! –Enquanto ele falava, meus olhos começaram a marejar- O único problema, é que era para você estar dentro daquele carro também! Era para você ter morrido junto com eles, Oliver! –Brian gritou furioso, proferindo um soco no meu estômago. Fiquei alguns segundos sem ar, a dor me consumindo, mas me mantive firme.
― Por quê? –Perguntei, a voz falha.
Ele se aproximou mais, seus olhos transtornados pela raiva:
― Por que eu sempre te odiei! –Ele esbravejou- Eles sempre te amaram mais, te mimaram mais e enquanto você tinha tudo, eu não tinha nada! Mas hoje, vou ter tudo o que era para ser meu de volta e ninguém vai me impedir!
― Eles te amavam também. –O encarei, com lágrimas nos olhos- O único que nunca amou ninguém aqui foi você!
― Cala a boca! –Ele me deu outro soco e dessa vez minhas pernas bambearam e eu cai de joelhos no chão.
― Oliver! –Sofia gritou em desespero.
Brian pegou o revolver da sua cintura e o apontou para mim, os homens que me seguravam me soltaram e se afastaram:
― Talvez por ser um bastardo, as pessoas sempre me trataram com indiferença e eu sempre me sentia um lixo quando você estava por perto! Da mesma forma que você está se sentindo agora...
― As coisas não precisam acabar assim. –Murmurei.
― Não mesmo, precisam acabar com você morto e eu vivo! –Ele colocou o dedo no gatilho.
― Você pode morrer em paz, cuidarei de Estevan e de Elena como se fossem meus filhos, afinal, quando eu já estiver velho e não conseguir mais cuidar dos negócios, vou precisar de sucessores, não acha?
― Se você chegar perto dos meus filhos, eu...
― Você o quê? –Brian me encarou e eu me calei- Sabe, eu poderia acabar com você agora mesmo, mas isso seria fácil demais, eu quero que seus últimos minutos de vida sejam tão agoniantes que você me implore para te matar! Então, o que acha de eu matar a Sofia na sua frente? –Ele girou o corpo, apontando o revolver para ela.
Quis me levantar, mas minhas pernas me contrariaram:
― Não Brian, não faça isso, você não precisa matar ninguém hoje. –Implorei- A Sofia está grávida.
― Eu já sei e quer saber –Ele me encarou com ironia- Eu não me importo. –Ele foi em direção a Sofia.
― Brian, não, a deixe em paz, por favor! Me mate! –Gritei, o medo me consumindo, mas ele pareceu não me ouvir.
Ele pegou Sofia pelo braço e a arrastou na minha direção:
― Sabe o que vai ser melhor do que matá-la? Matá-la em seus braços! –Ele a empurrou para mim e eu a segurei.
Coloquei a cabeça de Sofia conta meu peito e a abracei forte:
― Me perdoe, Oliver... –Ela murmurou em meio a lágrimas.
― Tudo bem, está tudo bem. –Tentei acalma-la, enquanto Brian nos encara.
― Tudo isso é culpa minha... Ai! –Ela disse e logo depois se contorceu de dor.
― Tudo bem meu amor, eu estou aqui, vai ficar tudo bem.
― É tão bonito, não é rapazes? –Brian encarou os outros homens- Até que a morte nos separe, não é? –Ele sorriu- Pena as coisas terem que acabar assim.
Ele apontou a arma para nós e Sofia chorou, ela estava apavorada. Sabia que quando chegasse o momento certo, Brian não hesitaria em nos matar:
― Feche os olhos meu amor. –Murmurei para Sofia. A adrenalina percorria todo o meu corpo e eu tive de me esforçar muito para controlar a minha voz, não queria assustá-la ainda mais.
― Oliver... –Ela levantou seu olhar para mim, estava em pânico.
― Por favor, faça o que eu te pedi.
Sofia fechou os olhos e eu a abracei ao meu corpo, a segurando com força, olhei para Brian, que já estava com o dedo no gatilho, pronto para atirar:
― Eu te amo, sempre vou amar. –Sussurrei em seu ouvido e ela balançou a cabeça em concordância, como se já soubesse. Fechei meus olhos e apoiei meu queixo em seu ombro, sentindo o cheiro suave de seus cabelos.
No instante seguinte, um tiro ressoou por todo o prédio.
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A Babá dos meus Filhos
RomanceSofia é uma moça de Goiânia-GO, que ao ganhar uma bolsa de estudos de 50% na PUC-RIO se muda sozinha para o Rio de Janeiro para cursar a tão sonhada faculdade de Psicologia. Para conseguir continuar seus estudos e se manter na cidade, Sofia começ...