Capítulo 11 - Sofia

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Acordei por volta das seis horas da manhã, o motorista viria me buscar as sete e de maneira alguma eu queria deixar Oliver e seus filhos esperando por mim.

Pela primeira vez na vida, não cogitei em usar jeans, ou até mesmo minhas botas favoritas. Acabei optando por um vestido preto básico, que ia até a altura do joelho, que Vanessa havia me dado de presente assim que nos tornamos amigas. O havia usado poucas vezes, mas reconhecia que ele ficava muito bem em mim.

Coloquei também um cintinho branco, por cima do vestido, para realçar mais a minha cintura. Deixei meus cabelos soltos e fiz uma maquiagem leve, também não queria que Oliver tivesse uma má impressão de mim, afinal, de certa forma eu estava indo a convite de seus filhos e não dele, por mais que estivesse sendo gentil. Depois de calçar uma sandália com detalhes em lantejoulas, desci para a cozinha, tomando um café da manhã bem rápido.

O motorista logo chegou e depois de me ajudar a pegar minha mala, seguimos direto para o aeroporto.

Assim que chegamos, avistei Oliver ao longe, conversando com um homem que parecia ser o comandante do jatinho que estava bem ao lado deles.

O motorista estacionou o carro bem próximo a eles e prontamente Oliver se aproximou abrindo a porta para mim:

― Bom dia, senhorita Montenegro. –Ele me lançou um sorriso acolhedor.

― Bom dia, senhor Beaumont. –Respondi, segurando sua mão e saindo do carro.

Notei que ele me olhou de uma forma diferente, como se me avaliasse. Talvez ele só estivesse impressionado por me ver usando um vestido, e não vestida como uma vaqueira. De qualquer forma, acho que nunca vou saber o que se passou na cabeça de Oliver Beaumont naquele momento, aquele homem era um completo mistério.

― Sofia! –Elena desceu do jatinho e veio correndo em minha direção, me abraçando- Pensei que você não fosse vir. –Ela disse me olhando com seus belos olhinhos.

― Está brincando? Não perderia isto aqui por nada! –Pisquei para ela.

― E então, vamos? –Oliver nos chamou- Quero levar vocês a alguns lugares antes de eu ir me encontrar com o meu cliente.

― Vamos Sofia! –Elena me puxou pela mão, me levando em direção ao jatinho.

― Espere Elena, eu tenho que pegar a minha mala.

― Não se preocupe, eu a pego para você. –Oliver disse indo em direção ao carro.

Quando entrei dentro do jatinho fiquei encantada com o que vi. As poltronas pareciam ser superconfortáveis, era espaçoso e eu jurava que morar ali, seria melhor do que morar em qualquer casa.

― Oi, Sofia! –Estevan estava sentado em uma das primeiras poltronas, jogando em seu tablet e acenou para mim.

― Olá, Estevan.

― Estevan, agora é minha vez de jogar! –Elena foi para junto do irmão, me deixando perdida no meu próprio mundo.

― Pronto, já coloquei sua mala junto com as outras –Oliver disse adentrando no jatinho, me tirando mais uma vez de meus pensamentos- E então, o que você achou?

― É maravilhoso! –Voltei meu olhar para ele- Deve ter custado uma fortuna.

― Sim –Ele deu de ombros- Mas com o serviço que tenho, precisei comprar um para me deslocar de um lugar para o outro com mais facilidade. Não que eu me importe com o luxo, mas acho que devemos aproveitar o que a vida tem de melhor a nos oferecer, não acha?

― Sim, acho que o senhor tem toda a razão.

― Senhor, já podemos ir? –O piloto perguntou da cabine.

― Sim –Oliver respondeu e depois voltou seu olhar para mim- É a primeira vez que você vai voar?

― Na verdade não, quando me mudei de Goiânia para o Rio, eu viajei de avião.

― Menos mal, pensei que iria precisar segurar a sua mão como seguro a das crianças. –Ele me lançou um sorriso divertido e caminhou para junto de seus filhos.

Quando aquele Oliver bem-humorado e descontraído havia surgido? Me virei e fiquei o observando enquanto ele prendia o cinto de segurança em seus filhos.

Me sentei em uma poltrona próxima a deles e enquanto Oliver ajeitava seus filhos, eu procurava pelo meu cinto:

― Me deixe te ajudar com isso. –Oliver se aproximou, se inclinando bem próximo a mim e me ajudando a colocar o cinto. Enquanto o prendia, sua mão tocou rapidamente a minha perna, e apesar de aquilo não ter sido nada, fiquei um pouco sem jeito.

― Obrigada. –O agradeci. Ele apenas fez um maneio de cabeça e se sentou em uma poltrona ao centro da de seus filhos, com Estevan a sua esquerda e Elena a sua direita.

Minutos depois de levantarmos voo, olhei para o lado e vi que Oliver jogava um jogo com seus filhos no tablet, quer dizer, tentava, enquanto os dois não paravam de rir da falta de habilidade do pai com os jogos.

Apesar de conhecer Oliver Beaumont a pouco tempo, sabia que aquela pose de executivo sério e impenetrável, não passava apenas de uma fachada. Talvez, ele tivesse aprendido a ser assim por causa do seu trabalho ou simplesmente para se proteger do mundo.

Enquanto o observava se divertindo com seus filhos, consegui enxergar nele um homem amável, divertido e principalmente, apaixonado pelos filhos. Era possível perceber a forma carinhosa como ele olhava para os dois e eu me perguntei porque ele teve tanta dificuldade em se reaproximar do Estevan e da Elena.

Também me perguntava o que teria acontecido com sua esposa. Eu sabia que eles haviam se divorciado, mas dona Ana nunca havia mencionado nada, nem mesmo as crianças, afinal, elas ainda eram muito pequenas quando tudo isso aconteceu e eu duvido que saibam ou que entendam o real motivo que levou os seus pais a se separarem.

Oliver era um homem jovem e muito, muito atraente. O que me fazia questionar se ele não havia sido infiel com sua esposa, já que estava sempre viajando e rodeado por pessoas diferentes todos os dias, inclusive por várias mulheres.

Dona Ana havia mencionado que trabalhava para Oliver desde o dia em que ele havia se casado e que ele e a esposa eram bem jovens, mas ela não disse mais nada além disso.

O fato de terem se casado jovens também pode ser um dos fatores que os levaram a se divorciar, talvez, com o tempo, perceberam que não se amavam tanto assim ou que não seriam capazes de conviver com as diferenças um do outro.

Ainda olhava para os três, quando conclui que seja lá o que tivesse acontecido com ele e sua esposa, não era da minha conta e que talvez fosse melhor deixar o passado no passado.

A Babá dos meus FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora