Estava no ônibus, voltando para casa, refletindo sobre o encontro que havia tido com Brian. Como já havia previsto, nossa conversa foi tensa e em muitos momentos, me senti desconfortável com a forma com a qual ele me olhava.
Tentei ignorar isso e fiz a ele o máximo de perguntas que podia sobre o acidente, sempre tentando ser o mais discreta possível, mas, ou eu estava enganada ou ele sabia fingir muito bem, porque não deixou transparecer nada.
Para conseguir alguma informação a mais, tive que tomar uma medida drástica e acabei derramando vinho nele de propósito. Para minha sorte, ele acabou deixando seu celular e sua carteira sobre a mesa e quando ele finalmente foi ao banheiro, peguei seu celular rapidamente e tentei acessar suas mensagens e sua agenda de contatos, felizmente o celular não tinha senha. Li as mensagens rapidamente, mas não havia nada suspeito, apenas algumas conversas com acionistas e algumas mulheres, na sua agenda, porém, encontrei algo que me chamou bastante a atenção, havia um contato salvo como "Denise" e eu me perguntei se era a mesma Denise que conhecia, mas se sim, por que ele teria o número dela?
Depois de salvar aquele contato no meu celular, peguei sua carteira e tirei uma foto de todos os seus documentos, inclusive do seu cartão de crédito.
O ônibus parou no ponto e depois de caminhar alguns metros, finalmente cheguei em casa. Ainda não havia almoçado, mas também não estava com fome, tudo aquilo estava mexendo muito com a minha cabeça.
Peguei uma maçã na geladeira e me sentei no sofá da sala, analisando as fotos que havia tirado dos documentos de Brian no meu celular. Talvez conseguisse acessar seu histórico de ligações utilizando seu CPF e foi isso que eu decidi fazer. Disquei o número da sua operadora e esperei até que me atendessem:
― Boa tarde, em que posso ajudar? -Disse uma atendente.
― Olá, boa tarde, eu gostaria de ter acesso ao histórico de ligações de Brian Beaumont, eu sou a secretária dele. –Menti.
― Vou precisar do CPF do cliente e do RG.
― Claro, só um momento.
Coloquei a ligação no viva-voz e acessei as fotos, passando os números para a atendente. Ouve um silêncio do outro lado da linha e a única coisa que eu conseguia ouvir era algo sendo teclado no computador:
― A senhorita prefere que eu lhe mande o histórico por fax ou por e-mail? –Ela perguntou após uns dois minutos.
― Por e-mail seria ótimo! –Passei meu e-mail para ela e depois encerramos a ligação.
Corri até meu quarto e abri meu notebook, acessando minha conta no Outlook, o e-mail enviado pela atendente já havia chegado.
Abri o documento e vi que havia mais de um número de celular registrado no nome de Brian, quatro no total. O primeiro era seu número mais recente e seu histórico se iniciava em 2010 até os dias atuais, o segundo iniciava seu histórico em 2006 e se encerrava em 2010, os outros dois números, porém, tinham seu histórico iniciado em 2003 –O ano do acidente- mas só um deles havia sido usado até 2006, o outro havia sido usado por apenas alguns meses e depois teria sido cancelado.
Analisei bem o histórico e percebi que apesar de utilizar o celular por alguns meses, Brian só havia feito três ligações deste mesmo número, todas para números também da capital e o mais estranho, é que as ligações haviam sido feitas dois dias antes do acidente e depois disso, o número foi inutilizado.
Mais ao verso do documento, consegui ver o nome das pessoas para as quais ele havia ligado: Wilson Nunes e Denise Beaumont.
Analisei o histórico mais recente e percebi que Brian raramente fazia algumas ligações para Denise Clark, mas, seriam elas a mesma pessoa? Mas se sim, porque Brian havia conseguido manter contato com ela nos últimos anos, enquanto nem sequer o próprio Oliver havia conseguido?
Peguei meu celular e disquei o número que havia pego do celular de Brian, precisava descobrir se estávamos falando da mesma pessoa:
― Alô? –A pessoa atendeu ao terceiro toque e eu reconheci sua voz de imediato.
― Denise Clark?
― Sim, sou eu, quem está falando? –Ela perguntou receosa.
― É Sofia Montenegro.
Disse e ouve um longo silêncio do outro lado da linha:
― O que você quer? –Ela disse ríspida.
― Conversar, será que podemos?
― Não tenho nada para conversar com você, Sofia.
― Tem certeza que não quer falar sobre sua ligação com Brian Beaumont? Para ex-cunhados, vocês se falam bastante, não acha? –Fui direta e pelo silêncio que se estendeu do outro lado da linha, soube que havia conseguido encurrala-la.
Ela suspirou, antes de finalmente concordar em me ver:
― Onde podemos nos encontrar? –Perguntou.
― Vou te mandar o local por mensagem, te encontro em uma hora.
Encerrei a ligação e peguei minha bolsa, caminhando novamente para o ponto de ônibus, havia muita mais coisa por trás de toda aquela história do que parecia.
Eu estava chegando perto de descobrir alguma coisa e sabia disso.
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A Babá dos meus Filhos
RomanceSofia é uma moça de Goiânia-GO, que ao ganhar uma bolsa de estudos de 50% na PUC-RIO se muda sozinha para o Rio de Janeiro para cursar a tão sonhada faculdade de Psicologia. Para conseguir continuar seus estudos e se manter na cidade, Sofia começ...