Capítulo 33 - Oliver

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Sofia se afastou rapidamente de mim, enquanto Estevan continuava a nos encarar com fúria:

― Estevan, não é o que está pensando, seu pai e eu... –Sofia tentou se explicar, mas ele a interrompeu.

― Eu não sou mais criança, Sofia! Não minta para mim! –Ele gritou.

― Filho, eu... –Tentei falar com ele, mas por alguma razão, ele estava muito decepcionado com o que havia acabado de ver.

― Vocês dois são mentirosos! Mentirosos! –Ele gritou, saindo às pressas da cozinha.

― Estevan! –Gritei, ordenando que ele parasse, mas não adiantou.

― Deixe Oliver. –Sofia tocou meu ombro, tentando me acalmar.

― Eu nunca o vi assim antes.

― Ele só está chateado, também, não posso imaginar o quanto deve ser confuso ver seu pai e sua babá juntos... –Sofia disse tristonha, e eu toquei seu rosto, a fazendo olhar para mim.

― Você sabe que já deixou de ser apenas a babá dos meus filhos a muito tempo... você é a minha namorada, Sofia.

― Mas seus filhos ainda não sabem disso Oliver, e eu tenho medo de que eles não aceitem muito bem essa ideia.

― Eu sei, acho que demorei muito para contar isso a eles...

― Papai? –Elena apareceu na cozinha, seus olhinhos verdes espantados- Por que o Estevan estava gritando?

Me abaixei, ficando na mesma altura que ela, e a olhando bem nos olhos:

― Querida, o que você acharia se eu dissesse que estou namorando com a Sofia? –Elena levantou seu olhar para Sofia, que se mantinha em silêncio no canto, atenta ao que ela iria responder.

― Assim como os pais das minhas amiguinhas? –Ela perguntou, tentando entender melhor o que eu queria dizer.

― Sim.

Ela se calou por alguns segundos e depois seus lábios se abriram em um sorriso:

― Eu iria gostar muito.

Ela abriu seus bracinhos para mim e depois de me abraçar, correu até Sofia, que retribuiu seu abraço emocionada:

― Eu vou falar com o Estevan. –Avisei, enquanto Sofia ainda estava envolvida em um abraço com minha pequena.

Caminhei pelo corredor, parando em frente a porta do quarto de Estevan. Bati e entrei logo depois:

― Vai embora! –Ele estava deitado de bruços em sua cama, me ignorando por completo.

― Filho, você vive dizendo que já é um rapaz, mas as suas atitudes ainda são de uma criança. –Disse, conseguindo ganhar sua atenção. Ele se levantou, se sentando em sua cama, me encarando com os olhos vermelhos.

― Há quanto tempo vocês estão mentindo para nós? –Ele perguntou emburrado, cruzando os braços.

Puxei uma cadeira e me sentei próximo a sua cama:

― Eu quero que entenda que depois que sua mãe foi embora, eu fiquei muito sozinho...

― O senhor sempre teve a mim e a Elena.

― Sim, isso é verdade, mas todo homem precisa de uma companheira, uma pessoa em que possa confiar e conversar. E, depois que eu conheci a Sofia, vi que ela era a pessoa que eu estive buscando durante todo esse tempo.

― Você a ama?

― Sim, amo muito.

― Mas o senhor não pode gostar dela pai!

― Por que não? Sempre pensei que você gostasse dela, vocês se dão tão bem.

― E eu gosto, só não quero que vocês dois fiquem juntos...

― Tem alguma razão para você não querer isso?

Ele baixou a cabeça, entrelaçado seus dedos:

― Porque eu quero que o senhor fique com a mamãe. –Ele disse melancólico.

Senti meu coração se partir em mil pedaços. Como dizer para uma criança de treze anos que a mãe dele sequer se importava com o que acontecia com ele e com a irmã? Que ela nunca havia ligado uma única vez nos últimos anos para saber como eles estavam?

― Filho, sua mãe e eu nos divorciamos, nós já não nos amávamos mais, entende? Ela conheceu outra pessoa, assim como eu conheci a Sofia, e foi tentar ser feliz.

― Isso não é verdade, ela me disse que foi embora porque o senhor trabalhava muito e a deixava sozinha em casa, então ela decidiu viajar para voltar a ser feliz, mas agora, ela quer que nós voltemos a ser uma família de novo.

― Como assim ela te disse? –O encarei confuso.

Estevan estendeu a mão e apanhou seu celular que estava sobre o criado mudo, o entregando a mim logo em seguida.

Nele, haviam várias mensagens que ele e a mãe vinham trocando nas últimas semanas. Não podia ser ela. Abri a foto do perfil e vi uma mulher loira, de olhos claros, e senti meu coração pulsar mais rápido quando confirmei que era realmente Denise:

― Como ela conseguiu seu número?

― Ela me encontrou no facebook, aí eu passei meu número para ela.

― Estevan, você não deveria ter feito isso, ela podia ser qualquer pessoa!

― Ela não é qualquer pessoa pai, é a minha mãe!

Deslizei minhas mãos por meus cabelos, aquilo não podia ser verdade. Por que depois de tanto tempo, ela havia resolvido aparecer justamente agora?

― Pai, ela está morando aqui no Rio.

― O quê? –Aquela informação me deixou completamente desestabilizado.

― Ela quer nos ver, nós três.

― Eu não posso deixar. –Aquilo era absurdo. Ela simplesmente foi embora e sumiu por anos e agora, depois de voltar de repente, ela achava que simplesmente poderia ver as crianças?

― O senhor tem que deixar, ela é nossa mãe!

― Não, ela não é! –Alterei minha voz, confiscando seu celular- Se depender de mim, essa mulher nunca mais vai ver vocês, nunca!

Sai de seu quarto batendo a porta:

― O que aconteceu, Oliver? –Sofia veio ao meu encontro, mas eu não estava preparado para explicar a ela tudo o que estava acontecendo.

― Agora não. –Disse, talvez até um pouco grosso, a deixando ali no meio do corredor e indo para meu quarto. Tranquei a porta e parei diante da janela, observando a chuva cair.

Nada daquilo fazia sentindo. Por que agora? Alguma coisa estava errada e eu sabia, só não fazia ideia do que fosse. De qualquer forma, não deixaria que Denise chegasse perto dos meus filhos, muito menos, criar qualquer laço afetivo com eles.

Ainda pela janela, vi quando Sofia saiu decasa, no meio da chuva. Eu não deveria ter sido tão grosso com ela. Eu a amava,mas por algum motivo, só de saber que Denise estava tão próxima, já sentia meumundo todo desabar e eu juro que estava mais perdido do que nunca.

A Babá dos meus FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora