|Capítulo 6|

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Ian

- Tem uma coisa saber e gostaria muito de contar pessoalmente, então se você não estiver em casa vá pra ela porque logo chego aí. - O recado acabou e nesse momento eu me encontrava imóvel, retornei a ligação diversas vezes mais sempre caía na caixa postal.

Me sentei no sofá e enchi um copo com uma pequena quantidade de Bourbon.
Estou alucinando ou acabei morrendo e vim parar no céu? Nina Dobrev se declarando em um correio de voz.

- Merda. - Praguejei quando o toque do meu celular soou me fazendo sair do transe no qual tinha entrado. - Nina. - Balbuciei lendo seu nome na tela, aceitei a ligação e levei o aparelho até o ouvido.

- Olá. - Estranhei a voz desconhecida por mim. - Aqui é do Grey Sloan Memorial Hospital, você é conhecido de Nikolina Dobrev?

- É... sou... sim.

- Seu número estava marcado como contato de emergência. - Gelei sentindo calafrios. - Aconteceu um acidente e precisamos da sua presença.

- Já estou a caminho. - Encerrei a chamada e sem pensar duas vezes entrei no carro e segui para o hospital que ficava apenas a duas quadras.

Senti minhas mãos soarem frio e algumas sessões de taquicardia tomaram conta do meu peito.
Faz messes que não a vejo e quando finalmente acontece algo bom algo de ruim tem que vir logo após.

- Fique calmo Ian. - Falei para mim mesmo enquanto descia do carro e corria para a recepção.

- Pois não. - A recepcionista disse simpática.

- Nina, perdão Nikolina Dobrev, me ligaram avisando que ela tinha sofrido um acidente. - Expliquei atrapalhado.

- Só um momento. - Pediu mexendo no computador a sua frente. - Nesse momento ela está sendo preparada para uma outra cirurgia. - Ao ouvir suas palavras foi como se meus pés perdessem o chão. - Por favor espere um pouco que logo os cirurgiões encarregados virão falar com o senhor.

- Tá ok. - Respondi abismado seguindo em direção a fileira de cadeiras.

Pressionei minhas mãos uma contra a outra com força, meus olhos instantaneamente começaram a marejar e depois disso não demorou muito para que as lágrimas começassem a serem derramadas.

A vida humana é feita de escolhas. Sim ou não. Dentro ou fora. Em cima ou embaixo. E também há as escolhas mais importantes. Amor ou odiar. Ser um herói ou ser um covarde. Lutar ou se entregar. Viver ou morrer, essa é a escolha mais difícil e nem sempre está em nossas mãos.

Quando eu tinha cinco anos minha mãe me perdeu em um parque.
Eu não me lembro muito, exceto que em um minuto, eu estava no carrossel... e no outro ela não estava lá.
Eu não me lembro como voltei para casa, tudo que me lembro é o que aconteceu depois.
Ela me disse para não me preocupar.
Ela me disse que tudo ficaria bem.

Ela me disse que era hora de jogar o jogo do silêncio, então eu sabia que não deveria perguntar nada... ou talvez eu devia ter dito a ela que... acabei esquecendo meu carrinho de brinquedo, eu amava tanto aquele brinquedo.
Deixá-lo para trás me matou.

Engraçado não é? O jeito que a memória funciona.
As coisas que mal conseguimos lembrar e as coisas que nunca conseguimos esquecer.

As vezes temos que nos perder para nos encontrarmos. E as vezes nos encontramos apenas para nos perdemos novamente.
Você nem sempre pode controlar as coisas que vão te levar a deriva. E quando você fica parado olhando para a vida que você está a deixar para trás, você tem que aceitar que acabou, está perdido, assim como você.

Love Never Ends  - Nian Onde histórias criam vida. Descubra agora