ᴅᴇꜱᴄᴜʟᴘᴀ ᴘᴇʟᴏ ᴀᴛʀᴀꜱᴏ ᴀᴍᴏʀ

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Eu queria que meu pai se desse conta de como isso representa para mim um passo enorme.

—O que aconteceu com aquele trabalho de narração?— pergunta ele.

— não deixei de trabalhar com isso. Os audiobooks são gravados em estúdios, existem estúdios em Nova York.

Ele revira os olhos.

—Infelizmente.

—Qual é o problema com os audiobooks?— ele me olha sem acreditar.

—Além do fato de que narrar audiobooks é considerado o fundo do poço do trabalho de ator? Você pode fazer melhor do que isso, Carolina. Ora essa, curse uma faculdade ou coisa assim.

Fico triste. Justo quando eu achava que ele não podia ser mais egoista. Ele para de mastigar e olha fixo para mim quando percebe o que disse. Rapida mente limpa a boca com o guardanapo e aponta para mim.

—Você sabe que não foi isso que eu quis dizer. Não estou dizendo que você se reduziu a audiobooks. O que estou falando é que você pode encontrar uma profissão melhor, agora que não pode mais atuar. Não dá muito dinheiro esse negócio de narração. Nem a Broadway, aliás.

Ele diz Broadway come se tivesse veneno na boca.

— para sua informação, há muitos atores respeitáveis que também narram audiobooks. E é mesmo necessário que eu cite uma lista dos atores de elite na Broadway agora? Tenho o dia todo.

Ele assente, mas sei que não condorda realmente comigo. Só se sente mal por insultar um dos poucos trabalhos relacionados a atuação que eu posso fazer.

Ele leva o copo vazio a boca e vira a cabeça para trás o suficiente para recuperar um gole do gelo derretido.

— Água — diz ele, sacudindo o copo até que o garçom faz um gesto de cabeça e se aproxima para encher o copo.

Ataco de novo o salmão, que não está mais quente. Torço para ele terminar de comer logo, porque não sei se ainda tenho estômago para esta visita. A essa altura. o único alívio que sinto é o de saber que amanhã, a essa hora, estarei no litoral oposto ao dele. Mesmo que eu esteja trocando o sol pela neve.

— Não faça planos para meados de janeiro -—diz ele, mudando de assunto.—Vou precisar que você volte a Los Angeles por uma semana.

—Por quê? O que vai acontecer em janeiro?

—Seu velho vai juntar as escovas de dente.

Aperto minha nuca e baixo os olhos para o meu colo.

-Pode me matar agora.

Sou tomada pela culpa. Porque não pretendia dizer isso em voz alta, por mais que quisesse que alguém realmente me matasse agora.

—Carolina, não pode julgar se vai gostar dela ou não antes de conhecê-la.

—Não preciso conhecê-la para saber que não vou gostar dela— respondo— afinal, ela vai casar com você.— tento disfarçar a verdade em minhas palavras com um sorriso sarcástico, mas tenho certeza de que ele sabe que eu fui sincera em cada palavra que disse.

— caso tenha esquecido, sua mãe também escolheu se casar comigo e você parece gostar muito dela — retruca ele

Droga! Agora ele me pegou.

— touché, mas em minha defesa este é o seu quinto pedido de casamento desde que eu tinha dez anos.

— mas é só a terceira esposa— retruca ele.

Por fim, enfio meu garfo no salmão e dou uma mordida.

— Você me dá vontade de dispensar os homens para sempre — digo de boca cheia.

Ele ri.

— Isso não deveria ser um problema. Sei que você só saiu com um garoto e isso já faz mais de dois anos.

Engulo a seco o pedaço de salmão.

Sério? Onde eu estava quando distribuiram os pais decentes? Por que tive que ficar com esse imbecil estúpido?

Quantas vezes será que ele mordeu a lingua durante o almoço de hoje? É melhor ele se cuidar, ou vai acabar sem lingua nenhuma. Ele realmente não faz ideia de que dia é hoje. Se fizesse, jamais teria dito algo tão negligente. Noto que sua testa se franze de repente porque ele está tentando pensar em um pedido de desculpas pelo que acabou de dizer. Tenho certeza de que ele não tinha a intenção de falar o que eu entendi, mas isto não tira minha vontade de retrucar com minhas próprias palavras.

Coloco a cabelo atrás da orelha esquerda, deixando as cicatrizes totalmente a mostra e olho bem nos olhos dele.

—Bom pai. Não recebo mesmo a atenção dos homens como antes. Você sabe , antes que isso acontecesse.— indico meu rosto, mas já arrependo das palavras que escapuliram da minha boca.

Por que sempre desço ao nível dele? Sou melhor que isso!

Os olhos dele se fixam no meu rosto e logo baixam a mesa.

Ele parece sinceramente arrependido e penso em parar com a amargura e ser um pouco mais legal com meu pai. Mas antes que qualquer coisa gentil possa sair da minha boca, o cara da mesa atrás do meu pai se levanta e minha atenção vai para o espaço. Tento puxar o cabelo para cobrir meu rosto antes que ele se vire, mas é tarde demais. Já está me olhando de novo.

Mesmo sorriso que deu para mim antes continua fixo em seu rosto, mas desta vez não viro o rosto. Na verdade, meus olhos não desviam dos dele enquanto ele segue na direção da nossa mesa. Antes que eu consiga reagir, ele está sentando ao meu lado.

Puta merda. Mas o que ele está fazendo?

— Desculpe pelo atraso, amor — diz ele, passando o braço pelos meus ombros...

Eita quem será esse misterioso?
KKKKKK crtz q vocês já sabem

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora