ᴀᴏɴᴅᴇ ᴠᴏᴄᴇ̂ sᴇ ᴍᴇᴛᴇᴜ ᴄᴀʀᴏʟ

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Tia vv ta muito gringa se tá doido!

Sorrio e aceno, mas por dentro estou confusa e decepcionada com a falta de emoção na sua despedida.

Mas talvez seja melhor assim. De certo modo, eu estava com medo de vê-lo ir embora, mas essa despedida, que não é digna de um livro, facilitou um pouco. Talvez porque eu tenha ficado meio irritada com isso. Respiro fundo e afasto o pensamento enquanto observo seu carro se afastar.

Pego minhas malas e entro, sem muito tempo a perder antes do voo. O aeroporto ainda está movimentado apesar de ser tão tarde, por isso manobro pela multidão até um guichê. Entrego meu bilhete de embarque, verifico a bagagem e sigo para a segurança.

Tento não pensar no que estou fazendo. Que estou prestes a me mudar de onde morei a vida toda para uma cidade onde não conheço absolutamente ninguém. Pensar nisso me dá vontade de chamar um táxi e voltar direto para casa, mas não posso.

Preciso fazer isso!

Preciso me obrigar a ter uma vida antes de ser engolida de vez pela vida que não vivo.

Tiro a carteira de habilitação da bolsa e me preparo para entregar ao agente de segurança, enquanto espero na fila. Há cinco pessoas na minha frente. Cinco pessoas é tempo suficiente para me convencer a não me mudar para Nova York, então fecho os olhos e penso em tudo o que me empolga lá. Barracas de cachorro-quente. Broadway. Times Square. Hell's Kitchen. Estátua da Liber dade. Museu de Arte Moderna. Central Park.

— Carooooooollllllll!

Meus olhos se abrem.

Eu me viro e Arthur está passando pelas portas giratórias. Ele sai correndo na minha direção.

Em câmera lenta

Tapo a boca com a mão e tento não rir enquanto ele lentamente estende um braço como se tentasse me alcançar. Ele está gritando:

— Nããããão vááááá aindaaaaa!

E se desloca devagar pela multidão. Gente de todos os lados se vira para ver o tumulto. Quero cavar um buraco e me esconder, mas estou rindo demais para me importar com o constrangimento da situação. Mas o que ele está fazendo?

Quando Arthur me alcança, por fim, depois do que parece uma eternidade, um sorriso enorme surge em seu rosto.

— Você não achou realmente que só eu ia te largar aqui e ir embora daquele jeito, achou?

Dou de ombros, porque foi exatamente o que pensei.

— Deveria conhecer melhor seu namorado. — Ele segura meu rosto nas mãos. — Tive que criar uma angústia para fazer este beijo valer um 10.

Ele pressiona a boca na minha e me beija com tanta emoção que me esqueço das coisas. De tudo. Esqueço de onde estou. Quem sou. Que tem um cara e sou uma garota, que estamos nos beijando e as sensações, o nó em meu estômago, os arrepios na pele, a mão em meu cabelo e meus braços que parecem pesados demais. Então ele sorri ainda encostado nos meus lábios.

Minhas pálpebras trêmulas até abrir e eu nem sabia que beijos podiam fazes as pálpebras tremerem. Mas fazem, e as minhas tremem.

— Numa escala de 1 a 10? — pergunta ele.

O ambiente parece rodar, então inspiro muito fundo e tento não desmaiar.

— Um 9. Sem dúvida um belo 9.

Ele dá de ombros.

— Vou aceitar. Mas, no ano que vem, será 11. Prometo.

Ele me beija na testa e me solta. Começa a andar de costas e tenho noção de que todos ali em volta estão nos olhando, mas tudo o que posso é não ligar para isso. Pouco antes de chegar à porta giratória, ele coloca as mãos em concha na boca e grita:

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora