sɪᴍ ᴏᴜ ɴᴀ̃ᴏ

75 9 4
                                    

Tô só a Carolina aqui viu

Isso é grandioso e não sei por que ele não me contou. Por mais que eu queira acreditar que ele vai ficar bem mesmo sem terminar o livro, tenho medo de que esteja tomando esta decisão com base nas emoções exaltadas dos últimos dias. A última coisa que quero para ele é que tome uma decisão importante como uma mudança para outro lado do país, e depois se arrependa. É claro que eu daria tudo para tê-lo comigo todo dia, porém, ainda mais do que isso, quero que ele seja feliz com qualquer decisão que tomar. Sei que três anos é muito tempo de espera. mas esses três anos poderiam fazer uma diferença enorme no sucesso dele como escritor. O fato de nossa história ser veridica tem apelo com os leitores e, embora eu ainda não tenha lido nada, tenho certeza de que ele precisa terminá-la.

Não quero ser o motivo para ele não terminar o que começou. Daqui a alguns anos, ele vai relembrar esta noite e vai questionar se tomou a decisão errada. Se talvez nossa vida ainda tivesse seguido o mesmo caminho e nós ainda ficássemos juntos, mas esperando três anos ele também teria atingido seu objetivo de escrever o livro que prometeu.

Arthur fez uma diferença enorme na minha vida. Mais do que ele jamais saberá. Se não fosse por ele, acho que eu sequer teria recuperado minha confiança. Sei que eu não teria tido coragem de fazer teste de elenco em lugar nenhum. Bastou a presença dele na minha vida um dia por ano para ter um efeito muito positivo em mim, então eu me odiaria se fizesse o contrário por ele.

E nada disso incluía o que fiquei sabendo dez minutos atrás. De jeito nenhum ele pode se mudar para Nova York, quando sua familia precisa dele mais do que nunca. Bruna vai precisar dele aqui muito mais do que preciso dele em Nova York. Arthur e Lucas precisarão estar aqui por ela e me recuso a ser a pessoa que vai convencê-lo a abandoná-la num momento como esse. Pego meu celular e peço um táxi antes de mudar de ideia.

~
Arthur Ramos
~

Fecho a porta do quarto de Bruna quando ouço os passos de Carolina descendo a escada. Viro no corredor para encontrá-la e ela arqueja, levando a mão ao coração.

 - Você me assustou - diz ela, chegando ao último degrau. - Como Bruna está?

Olho pelo corredor na direção do quarto de Bruna.

- Melhor - digo. - Acho que a pizza ajudou.

Carol sorri, feliz.

- Não foi a pizza que a fez se sentir melhor, Arthur.

Ela dá mais dois passos, desta vez na direção da porta da frente. Finalmente noto a bolsa em seu ombro e os sapatos nos pés. Ela está preparada para ir embora.

Carol se remexe, jogando o peso do corpo em um pé só. Dá de ombros, como se eu tivesse feito uma pergunta, e volta a olhar para mim.

- Mais cedo...

- Carol - interrompo. - Por favor, não mude de ideia.

Ela estremece, olhando para cima e para a direita, como se estivesse tentando conter as lágrimas. Ela não está mudando de ideia. Não consegue. Corro até ela e seguro suas mãos.

- Por favor. Podemos fazer isso. Talvez eu não consiga me mudar agora, mas eu vou. Primeiro as coisas precisam se ajeitar por aqui.

Ela aperta minhas mãos e suspira.

- Bruna me disse que você arranjou um agente. - Sua voz parece um tanto ofendida e ela tem esse direito.

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora