400 ᴅᴏʟᴀʀᴇs

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Oi né

Rio e digo que não, de jeito nenhum, então desta vez ele para no estacionamento. Antes de entrarmos no aeroporto, Arthur me puxa para ele. Noto a tristeza em seus olhos e sei, sem nenhuma dúvida, que ele consegue ver em minha expressão o quanto não quero me despedir. Ele passa a parte de trás dos dedos pela minha bochecha e eu estremeço.

— Vou a Nova York ano que vem. Onde quer me encontrar?

— No Brooklyn — respondo. — É onde moro. Quero mostrar meu bairro e tem um restaurante ótimo de comida mexicana que você precisa conhecer.

Digito o endereço de um dos meus restaurantes preferidos no celular dele. Também digito a data e a hora, mas isso não dá para esquecer. Devolvo o aparelho a Arthur.

Ele coloca o telefone no bolso de trás e me puxa para outro abraço. Ficamos abraçados por pelo menos dois minutos inteiros, nenhum de nós querendo soltar. A mão dele está aninhada em minha nuca e tento memorizar esta sensação. Tento decorar o cheiro dele na praia, onde passamos mais de três horas juntos esta noite. Tento memorizar como minha boca toca o topo do seu pescoço, como se os ombros dele fossem feitos para que minha cabeça descanse.

Eu me inclino na direção dele e beijo seu pescoço. Um beijo suave e nada mais. Ele ergue minha cabeça do seu ombro, virando meu rosto na sua direção. observando meu semblante.

— Achei que eu fosse mais durão — diz ele. — Mas acabei de descobrir que ter que me despedir de você é uma das coisas mais difíceis que já tive de fazer.

Quero dizer: "Então me peça para ficar", mas a boca de Arthur está na minha e ele me beija com força. Está se despedindo mexendo os lábios nos meus, as mãos acariciando meu rosto, depois leva a boca à minha testa e dá um único beijo suave bem no meio antes de me soltar. Ele praticamente me empurra, como se ficasse mais fácil impor uma distância entre nós. Ele recua um passo até ficar na beira do meio-fio e todas as palavras que quero dizer ficam presas na minha garganta. então comprimo bem os lábios e me esforço para que não saia nada. Passamos vários segundos nos olhando, a dor desta despedida fica evidente no ar entre nós. Depois ele se vira e corre para o estacionamento.

E tento não chorar, porque seria idiotice.

Certo?

[...]

Nunca gostei de me sentar perto da janela, então, quando ouço a mulher no corredor dar a entender que detesta assentos no corredor, ofereço meu lugar a ela. Se eu não estiver olhando pela janela, não tenho medo de voar. E se eu estiver em um lugar perto da janela, sinto que fico segura se não olhar pela janela. Depois passo a viagem inteira observando o mundo abaixo de nós e isso me dá mais pânico do que se eu simplesmente não me colocasse nessa posição.

Coloco minha bolsa embaixo do banco à frente e tento ficar à vontade. Fico aliviada por Arthur ir a Nova York ano que vem, porque o voo de Los Angeles a Nova York é uma das coisas de que menos gosto.

Fecho os olhos na esperança de conseguir dormir por algumas horas. Não terei tempo para dormir antes dos ensaios amanhã, e eu teria dormido em Los Angeles, mas amanhã é a estreia e preciso estar lá para o último ensaio.

— Ei.

Ouço a voz de Arthur e sorrio, porque isto significa que, sem dúvida, vou dormir bem, se já estou confundindo a realidade com os sonhos.

— Carol.

Meus olhos se abrem depressa. Ergo a cabeça e vejo Arthur de pé ao meu lado.

Mas o que é isso, meu Deus? Olho para sua mão e ele está segurando uma passagem de avião.

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora