ᴏs ᴘᴇɪᴛᴏs ᴅᴇʟᴀ

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( Skin desbloqueada Voltan fazendeira )

Assim sinto a primeira lágrima escorrer, empurro o braço de Arthur

— Preciso sair — sussuro — por favor

Ele sai da mesa mantendo a cabeça baixa ao me levantar ao passar por ele. Não me atrevo a olhar para ele enquanto vou mais uma vez no banheiro. O fato de que ele sentiu necessidade de fingir ser meu namorado já é vergonhoso o bastante. Mas eu precisava ter a pior briga de todas com meu pai bem na frente dele?

Se eu fosse o Arthur Ramos daria um fora em mim de mentirinha nesse exato momento...

~
Arthur Ramos
~

Apoio a cabeça nas mãos e espero ela voltar do banheiro.

Eu deveria ir embora, na verdade. Sinto que atrapalhei o dia dela com a artimanha que usei com o pai. Por mais tranquilo que eu tenha tentado ser, não entrei na vida dessa garota com a elegância discreta de uma raposa. Invadi com a sutileza de um elefante de 70 mil quilos.

Por que eu senti a necessidade de me intrometer? Por que eu achei que ela não era capaz de lidar sozinha com o próprio pai? Agora ela deve estar chateada comigo, e só fomos namorados falsos por meia hora.

Por isso decidi não ter namoradas na vida real. Sequer consigo fingir um namoro sem começar uma briga. Mas acabei de pedir para ela um prato quente de salmão, então talvez isso compense alguma coisa certo?                                                                                                                                                              Ela finalmente sai do banheiro, mas assim que me vê ainda sentado ao lado de seu lugar na mesa, ela para. A expressão confusa deixa claro que a garota tinha certeza de que eu teria ido embora da mesa quando ela voltasse para a mesa.                                  
Eu devia ter ido embora. Eu devia ter saido meia hora atrás                                                                             podia,devia,faria

Me levanto e faço sinal para ela sentar. Ela me olha com desconfiança enquanto ocupa o seu lugar. Estendo o braço para a outra mesa, pego meu laptop meu prato de comida e a bebida. Coloco tudo na mesa dela. Depois oculpo o lugar em que o pai dela babaca ocupava minutos atrás

Ela abaixa os olhos olhando para a mesa, provavelmente se perguntando aonde foi parar sua comida.

— tinha esfriado — digo a ela — Falei para o garçom trazer outro prato para você.

Os olhos dela se fixam rapidamente nos meus, mas a cabeça não se mexe. Não sorri, nem agradece, só olha...

Dou uma mordida no meu hambúrguer e começo a mastigar.
Sei que ela não é tímida. Deu para perceber que ela é insolente pelo jeito que falou com o pai, então fico um pouco confuso com seu silêncio. Engulo a comida e tomo um gole do meu refrigerante, o tempo todo sustentando o contado visual silencioso com ela. Queria poder dizer que estou preparado mentalmente um pedido de desculpas brilhante, mas não estou. Parece que tenho uma mente focada que leva diretamente às duas coisas em que eu não devia estar pensando neste momento.

Os peitos dela.
Os dois.

Eu sei. Sou ridículo. Mas se vamos ficar sentados aqui nos escarrando, seria legal se ela estivesse com um decote, no lugar dessa blusa de manga comprida que deixa tudo para a imaginação. Lá fora está fazendo 27 graus. Ela devia estar vestindo algo bem menos... Inspirado num convento.

Um casal sentado a algumas mesas de distância se levanta e passa por nós, seguindo para a saída. Noto que Carolina baixa a cabeça e deixa o cabelo cair no rosto como um escudo protetor. Nem mesmo acho que ela tem noção de que faz isso, parece uma reação natural tentar disfarçar o que ela considera um defeito.

Deve ser por isso que ela está usando uma blusa de manga comprida. Impede que vejam o que está por baixo.

E é claro que este pensamento me leva de novo aos peitos dela. Será que também têm cicatrizes? Quanto do corpo dela foi realmente afetado
Começo a despi-la na minha mente, mas não de um jeito sexual. Só estou curioso. Curioso de verdade, porque não consigo parar de encarar a garota e isto não é típico de mim. Minha mãe me criou com mais educação que isso, mas o que ela não conseguiu me ensinar é que existiriam garotas assim, cuja mera existência testaria nossas boas maneiras.

Um minuto inteiro se passa, talvez dois,como a maioria das minhas batatas fritas, observando a garota olha para mim. Ela não parece zangada, não parece assustada. A essa altura sequer tenta cobrir as cicatrizes que se esforça de forma tão desesperada para esconder de todos os outros.

Seus olhos começam a baixar lentamente até se fixarem na minha camisa. Ela fica olhando por um instante, depois desvia o olhar para os meus braços, ombros, o rosto. Ela para quando chega em meu cabelo.

— Aonde você foi hoje de manhã?

A pergunta dela é totalmente despropôsitada e me faz parar no meio da mastigação. Achei que a primeira pergunta que ela me faria seria por que me dei o trabalho de interferir em sua vida pessoal. Demoro alguns segundos para engolir, tomo um gole, limpo a boca depois me recosta na cadeira.

— Como assim?

Ela aponta para o meu cabelo

— Seu cabelo está uma zona. — Ela gesticula para minha camisa — Você está usando a mesma camisa de ontem  — Seus olhos se fixam em meus dedos. — Suas unhas estão limpas.

Como ela sabe que estou com a mesma camisa de ontem?

— então, por que saiu de onde estava quando acordou com tanta pressa hoje? — Pergunta ela.

Baixo os olhos para a minha camisa, depois para minhas unhas. Como é que essa garota sabe que sai com pressa está manhã?

— Gente desleixada não tem unhas limpas como as suas — afirma ela — O que contradiz a mancha de mostarda na sua camisa.

Olho para a minha camisa. A mancha de mostarda que até então eu não tinha notado.

— Seu hambúrguer tem maionese. E como nunca se come mostarda no café da manhã, e você está devorando a comida como se não comesse desde ontem, então é mais provável que a mancha seja do que você comeu no jantar da noite passada.
E é óbvio que você não se olhou no espelho hoje, ou não teria saído de casa com o cabelo desse jeito. Você tomou banho e dormiu sem secar o cabelo? — Ela toca seu cabelo mediano e brinca com as mechas entre os dedos — Por que um cabelo grosso como o seu fica retorcido quando a pessoa dorme com ele molhado. É impossível ajeitar sem lavar de novo. — Ela se inclina para a frente e me olha com curiosidade — Mas como é que a parte da frente do seu cabelo ficou tão virada para cima? Você dormiu de bruços ou coisa assim?

Mas ela é o que? Detetive?...

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora