ᴀ ɢᴇɴᴛᴇ ɴᴜɴᴄᴀ ᴍᴀɪs ᴠᴀɪ sᴇ ᴠᴇʀ

101 8 7
                                    

Me assumo totalmente cadelinha de Carolina Voltan 🙏

Terminamos as despedidas, depois sigo Arthur até o carro dele. Ele dá a volta para abrir a porta para mim, mas, antes de entrar, dou uma última olhada na porta do meu apartamento. É uma sensação estranha. Só visitei Nova York algumas vezes e não tenho certeza se vou gostar de lá. Mas este apartamento é confortável demais, e às vezes o conforto pode ser um suporte quando se trata de resolver sua vida. Os objetivos são alcançados com desconforto e trabalho árduo. Não são alcançados quando você se esconde em um lugar onde se sente à vontade e confortável. Sinto os braços de Arthur me envolverem por trás. Ele apoia o queixo em meu ombro.

— Está em dúvida?

Balanço a cabeça. Estou nervosa, mas de jeito nenhum estou em dúvida. Ainda não.

— Ótimo — diz ele.— Porque não quero ter que jogar você no porta-malas e levá-la até Nova York.

Rio, aliviada por ele não ser como meu pai, um egoista que tenta me convencer a seguir seus passos. Ele mantém os braços em volta de mim enquanto me viro, me encostando no carro, e ele me olha fixamente. Não tenho muito tempo de sobra antes de fazer o check-in no aeroporto, mas não quero me apressar para chegar lá sendo que posso aproveitar isso por mais alguns minutos. Vou correndo até o portão, se chegar atrasada.

— Tem uma citação que me lembra de você, de Dylan Thomas. É meu poeta preferido.

— Qual é?

Um sorriso lento abre caminho pela boca de Arthur. Ele baixa a cabeça e sussurra a citação em meus lábios:

— "Desejava me afastar, mas tenho medo; alguma vida, ainda não gasta, pode explodir."

Nossa. Ele é bom. E fica ainda melhor quando pressiona a boca quente na minha, segurando meu rosto nas palmas das mãos. Entrelaço as mãos no cabelo dele, permitindo que ele tenha total controle da velocidade e da intensidade do beijo. Ele o mantém suave e conciso e imagino que beije do mesmo jeito que escreve. Golpes gentis nas teclas, cada palavra muito bem pensada e concluída com propósito.

Ele me beija como se quisesse que este beijo fosse lembrado. Por qual de nós dois, não sei, mas deixo que ele receba o máximo que pode deste beijo e dou o máximo que tenho. E é perfeito. Ótimo. Ótimo de verdade.

É como se ele realmente fosse meu namorado e isto fosse algo que fizéssemos o tempo todo. O que me faz relembrar que ficar confortável demais pode ser um suporte. Com beijos como este, posso tranquilamente me imaginar fazendo parte da vida de Arthur e me esquecendo de viver a minha. E é exatamente por isso que preciso seguir em frente com essa despedida.

Quando o beijo, enfim, termina, ele roça a ponta do nariz no meu.

— Me diga uma coisa — pede ele.-
— Numa escala de 1 a 10, quanto nosso primeiro beijo é digno de um livro?

Ele tem um timing cômico perfeito. Sorrio e mordisco seu lábio inferior.

— Pelo menos 7.

Ele se afasta, chocado.

— Sério? Isso é tudo que eu consigo? Um 7? Dou de ombros.

— Já li sobre alguns primeiros beijos ótimos.

Ele baixa a cabeça, fingindo arrependimento.

— Eu sabia que devia ter esperado. Podia conseguir um 10, se tivesse um plano. — Ele se afasta, me soltando. —Eu deveria levar você ao aeroporto e depois, assim que você chegasse à segurança, gritaria seu nome dramaticamente e correria até você em câmera lenta. — Ele faz a mímica da cena em câmera lenta, andando sem sair do lugar e estendendo o braço para mim.— Carooooooool — diz ele numa voz arrastada e demorada. — Nããããão meeee abandooooooneeeee!

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora