ᴄᴏᴍᴏ ᴇʟᴀ ғᴇᴢ ɪssᴏ ᴄᴏᴍ ʀᴀғᴀ?

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Aí essa foto toca na ferida dms

E eu tento. Meu Deus, eu tento. Todo dia acordo e digo a mim mesmo que hoje vai ser melhor. Hoje vai ser o dia em que vou solucionar minha culpa. Mas então acontece alguma coisa que desperta aquele sentimento do qual quero me livrar com ainda mais rapidez do que ele surge. E é exatamente o que faço. Afogo tudo com álcool, amigos e garotas. E, ao menos pelo resto da noite, não preciso pensar nos erros que cometi. Na vida que arruinei.

Este pensamento obriga meus olhos a se abrirem e encararem a luz do sol que entra no quarto. Estreito os olhos e os cubro com a mão. Espero um minuto para tentar me levantar e procurar minhas roupas. Quando finalmente fico de pé, encontro a calça. Acho a camiseta que me lembro de ter vestido antes de ir para as aulas de ontem.

Mas depois disso? Nada. Não me lembro de absolutamente nada. Encontro meus sapatos e os calço. Quando estou todo vestido, paro um segundo para olhar o quarto. Não me parece nada familiar. Vou à janela e olho para fora, notando que estou em um prédio. Mas nada me parece conhecido, talvez seja porque não consigo abrir os olhos o bastante para ver mais longe. Tudo dói. Estou prestes a descobrir onde estou, porque a porta do banheiro se abre as minhas costas. Fecho os olhos com força, porque não faço ideia de quem ela é ou do que espera.

- Bom dia, flor do dia!

Sua voz familiar percorre o quarto na velocidade de um torpedo e vai direto para o meu coração. Meus joelhos ficam fracos. Na realidade, acho que estão cedendo. Procuro uma cadeira por perto e me sento rapidamente, baixando a cabeça nas mãos. Nem consigo olhar para ela.

Como ela pode fazer isso com Rafa?

Como pode me deixar fazer isso com Rafa?

Bruna se aproxima de mim, mas ainda me recuso a olhar para ela.

- Se está com vontade de vomitar, é melhor fazer isso no banheiro.

Balanço a cabeça, querendo que a voz dela desapareça, querendo que o apartamento dela desapareça, querendo que a segunda pior coisa que fiz na vida desapareça.

- Bruna. - Quando ouço como minha voz está fraca, sei por que ela acha que estou prestes a vomitar. - Como foi que isso aconteceu?

 Ouço o colchão afundar quando ela se joga na cama a uma pequena distância à minha frente.

- Bom...- começa ela. - Sei que começou com um ou dois shots. Algumas cervejas. Algumas meninas bonitas. Depois terminou com você ligando para mim aos prantos à meia-noite, tagarelando sobre a data, que você precisava ir para casa, mas estava bêbado demais e não queria ligar para Rafa porque ele ia ficar bravo com você. - Ela se levanta e anda até o closet. - E. pode acreditar em mim, ele teria ficado puto. E se você contar a Rafael que eu deixei que dormisse aqui, para que ele não soubesse, ele vai ficar puto comigo. Então, é melhor você não me dedurar. Arthur.

Minha mente tenta acompanhar, mas ela fala rápido demais. Então eu liguei para ela? Pedindo ajuda?

Nós não...

Meu Deus, não. Ela não faria isso. Eu, por outro lado, não pareço ter controle nenhum sobre o que faço quando fico nesse estado. Mas pelo menos liguei para ela antes de fazer alguma idiotice. Ela e Rafa estão juntos há tempo suficiente para que ela seja uma irmã para mim e eu confio que Bruna não vai contar a Rafa. Mas ainda resta uma pergunta... Por que eu estava nu? Na cama dela? Ela sai do closet e é a primeira vez que a olho hoje. Ela parece normal. Sem culpa nenhuma. Um pouco cansada, talvez, mas sorridente, como sempre. - Vi sua bunda hoje de manhã - diz ela, rindo. - Eu disse para usar meu chuveiro, mas você podia ter se vestido depois disso. - Ela faz uma careta.- Agora vou ter que lavar meus lençóis. 

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora