ᴍᴇᴜ ɴᴏᴍᴇ ᴇ ᴀʀᴛʜᴜʀ

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Ele acabou de me chamar de amor. Esse cara aleatório colocou o braço em volta de mim e me chamou de amor.

Que diabo está acontecendo?

Olho para o meu pai, pensando que de algum modo ele está envolvido nisso mas ele olha para a cara do desconhecido ao meu lado com uma confusão ainda maior que a que eu devo estar sentindo.
Enrijeço sob o braço do garoto quando sinto seus lábios pressionarem a lateral da minha cabeça.

— Essa porcaria de trânsito de Los Angeles — murmura ele.

Um cara aleatório acabou de encostar os lábios no meu cabelo
O quê
Está
Acontecendo!

— Meu nome é Arthur — diz ele — Arthur Ramos. Namorado da sua filha.

O que da filha dele?
Meu pai retribuiu o aperto de mão. Tenho certeza absoluta de que minha boca está escancarada, então fecho no mesmo Instante. Não quero que meu pai saiba que não faço a menor ideia de quem é esse sujeito. Também não quero que esse Arthur pense que fiquei boquiaberta porque gosto da atenção dele. Só estou olhando para ele assim porque...bom... Porque obviamente ele é louco.

Ele solta a mão do meu pai e se acomoda a mesa. Dá uma breve piscadinha para mim e de curva em minha direção, aproximando o suficiente a boca da minha orelha, um soco nele seja algo justificável.

— Siga as minhas deixas — sussura ele.

Ele se afasta ainda sorrindo.
Seguir das deixas dele?
O que é isso? Uma atividade do curso de improvisação dele?

Então me dou conta. Ele ouviu toda nossa conversa. Deve estar fingindo ser meu namorado numa forma estranha de enfrentar meu pai.
Humm acho que estou gostando do meu novo namorado falso.
Agora sei que está jogando com meu pai, abro um sorriso afetuoso para ele.

— Não achei que fosse conseguir chegar. — Eu me inclino para Arthur e olho para meu pai.

— Amor, você sabe que eu queria conhecer seu pai. Você quase nunca consegue vê-lo, nenhum trânsito ia me impedir de aparecer hoje.

Abro um sorriso satisfeito para o meu novo namorado falso por esse sarcasmo. Arthur também deve ter um pai babaca, porque sabe exatamente o que dizer.

— ah, me desculpe — diz Arthur, voltando-se para o meu pai— Não sei o seu nome.

Meu pai já está olhando com reprovação para Arthur, meu deus estou adorando isso.

— Luis Voltan. — diz meu pai — você já deve ter ouvido esse nome. Fui o astro de...

— Não — interrompe Arthur — Não me lembro de nada — ele se vira para mim e dá uma piscadela — mas Carol falou muito sobre você — ele belisca meu queixo e volta olhar para meu pai — e por falar da nossa garota, o que acha de ela se mudar para Nova York? — ele volta a olhar para mim e franze o cenho.

— Não quero que minha jóia fuja para outra cidade, mas se isso significa que ela está indo atrás do próprio sonho, serei o primeiro a garantir que ela pegue esse avião.

Jóia? É melhor ele se contentar em ser meu namorado falso, porque esse apelido brega me deixou com vontade de dar um chute no saco mentiroso dele.
Meu pai pigarreia, evidentemente pouco a vontade com nosso convidado para o almoço.

— Consigo pensar em alguns sonhos de uma menina de 18 anos deveria ter. Mas a Broadway não é um deles, ainda mais considerando a carreira que ela já teve. A Broadway é um retrocesso, na minha opinião.

Arthur se ajeita na cadeira. Ele tem um cheiro muito bom. Eu acho, já faz tanto tempo que não me sento tão perto de um cara, que talvez ele tenha cheiro completamente normal.

— Ainda bem que ela tem 18 anos — responde Arthur — A essa altura, não importa muito a opinião dos pais sobre o que ela faz com a própria vida.

Sei que ele só está representando, mas ninguém nunca me defendeu desse jeito, isso está dando impressão que meus pulmões estão se contraindo. Pulmões idiotas.

— Não é uma opinião quando vem de um profissional da área — diz meu pai— é um fato, estou neste negócio há tempo suficiente para saber quando alguém precisa cair fora.

Viro repentinamente a cabeça pro meu pai no instante em que o braço de Arthur fica tenso em meus ombros.

— Cair fora? — repete Arthur — Você realmente disse...em voz alta, que sua filha precisa desistir?

Meu pai revira os olhos e cruza os braços enquanto olha com raiva para Arthur. Que retira o braço dos meus ombros e imita os movimentos do meu pai, fuzilando-o com os olhos também.
Meu deus, isso é tão desconfortável. E tão maravilhoso. Nunca vi meu pai agindo assim, nunca o vi antipatizar com alguém de cara.

— Escute aqui, Arthur — ele diz o nome com a boca cheia de desprazer. — Carol não precisa que você encha a cabeça dela com coisas absurdas simplesmente por que você está animado com a perspectiva de ter um cadinho na Costa leste do país.

Ah meu Deus! Meu pai acaba de se referir a mim como o casinho desse cara? Fico boquiaberta enquanto ele continua:

— Minha filha é esperta. É durona, ela aceita que a carreira que teve durante a toda vida está fora de cogitação, agora que... — ele gesticula para mim — agora que ela...

Ele é incapaz de terminar a própria frase e o arrependimento toma conta do seu rosto, sei exatamente o que ele estava preste a dizer. Há dois anos ele diz tudo, menos isso.
Há apenas dois anos, eu era uma das atrizes adolescentes de melhores perspectivas e no instante do incêndio que destruiu minha aparência o estúdio rescindiu o contrato. Acho que ele lamenta não ser mais o pai de uma atriz mais do que lamenta ter quase perdido a filha em um incêndio provocado por seu próprio descuido.

Depois que meu contrato foi cancelado, nunca mais falamos sobre a possibilidade de eu voltar a atuar. Na verdade, nunca falamos sobre mais nada. Ele deixou de ser o pai que passava dias inteiros no set comigo por um ano e meio, e passou a ser o pai que vejo talvez uma vez por mês.

Então eu juro que ele vai concluir o que estava preste a falar. Faz dois anos que espero para ouvi-lo confessar que é por causa da minha aparência que não tenho mais carreira. Até hoje, sempre foi uma suposição silenciosa.

Nunca falamos do porquê de eu não trabalhar mais como atriz. Só falamos do fato de que não atuo. E já que ele começou, também seria legal ouvi-lo confessar que o incêndio ainda destruíu nosso relacionamento. Ele não sabe mas como ser um pai para mim, agora que não está agindo como treinador e empresário...

Como amo muito vocês, e também estou com tempo livre e já adiantei muitos eps.

Tô soltando um epzin...

Quando estiver livre provavelmente vou soltar um EP assim do nadaKKKKK bjs amo vocês

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora