ᴏ ʀᴏᴍᴀɴᴄᴇ ᴅᴇ ᴀʀᴛʜᴜʀ

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Nossa fiquei com um ódio dos arrombado falando q o Crusher tava inventando para pegar hype, vtnc hein


Faço isso, porque ela é minha mãe, eu a amo e, por algum motivo, embora eu tenha 23 anos, ainda faço o que ela manda.

Ela aproxima a mão do meu rosto e coloca meu cabelo atrás da orelha esquerda. Seu polegar roça as cicatrizes da minha bochecha e me retraio, porque é a primeira vez que ela as toca de propósito. Além de Arthur, nunca permiti que ninguém tocasse nelas.

 - Você amava ele? - pergunta ela.

Não faço nada por alguns segundos. Minha garganta parece queimar, então, em vez de dizer sim, simplesmente assinto.

A boca da minha mãe se retorce e ela pisca depressa, duas vezes, como estivesse tentando não chorar. Ainda está passando o polegar na minha bochecha. Seus olhos desviam dos meus e ela percorre as cicatrizes em meu rosto e no pescoço.

- Não vou fingir que sei o que você passou. Mas depois de ler essas páginas, posso lhe garantir que você não foi a única que ficou marcada naquele incêndio. Só porque ele decidiu não mostrar a você as cicatrizes que tem, não quer dizer que não existam. - Ela pega a caixa e a coloca em meu colo. - Aqui estão elas. Arthur colocou as cicatrizes dele expostas para você, e você precisa mostrar o respeito que ele lhe mostrou, sem desviar delas.

A primeira lágrima do dia escorre dos meus olhos. Eu devia saber que não me livraria do choro hoje.

Ela se levanta e pega suas coisas. Então sai do meu apartamento sem dizer mais nada.

Abro a caixa, porque ela é minha mãe, eu a amo e, por algum motivo, embora eu tenha 23 anos, ainda faço o que ela manda.

Dou uma olhada no prólogo que li ano passado. Nada mudou. Abro no primeiro capítulo e começo pelo início.

....

Romance do Arthur- Capítulo 1
9 de novembro
Aos 16 anos

Rompa no sol até que o sol se ponha, e a morte perderá seu domínio
— Cecília Meireles

A maioria das pessoas não sabe o som que a morte tem.

Eu sei.

O som da morte é o da ausência de passos no corredor. Tem o som de um banho matinal que não é tomado. O som da morte é como a falta da voz que deveria gritar meu nome da cozinha, me mandando sair da cama. O som da morte é a ausência da batida em minha porta que, em geral, ocorre minutos antes do meu despertador tocar.

Algumas pessoas dizem ter uma sensação na boca do estômago quando têm a premonição de que algo ruim está prestes a acontecer. Não estou com essa sensação na boca do estômago agora.

Tenho essa sensação em todo o meu maldito corpo, dos pelos nos meus braços à minha pele, entrando nos ossos. E a cada segundo que passa sem um único som vindo do lado de fora da porta do meu quarto, a sensação fica ainda mais forte e aos poucos começa a penetrar minha alma.

Fico deitado na minha cama por mais alguns minutos, esperando ouvir algum armário na cozinha batendo ou a música que ela sempre ligava, vindo da televisão na sala de estar. Nada acontece, nem depois que o meu despertador toca.

Estendo o braço para desligá-lo, meus dedos tremem enquanto tento me lembrar de como silenciar a droga do despertador, sendo que fazia isso com facilidade desde que o ganhei de Natal dois anos atrás. Quando o barulho para, me obrigo a me vestir. Pego meu celular na cômoda, mas só tenho uma mensagem de texto de Lana.

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora